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Palmério Dória fala à Folha de S.Paulo sobre o livro Honoráveis Bandidos
Polêmico e contundente, livro mostra um retrato do Brasil na Era Sarney
Clicando no link acima, você pode ouvir e baixar a entrevista de Palmério Dória ao site da Livraria da Folha, pertencente ao jornal Folha de S.Paulo.
Na entrevista, Palmério fala sobre o processo de produção do livro, os desmandos da política na Era Sarney, nepotismo, controle dos meios de comunicação e ainda sobre o poder do velho coronel nos dias de hoje. Não perca!
“Há quem diga que o Lula governa, mas quem manda é o Sarney”
Leia entrevista com Palmério Dória, autor do livro-bomba “Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na Era Sarney”, lançado este mês pela Geração Editorial.
Quando começou a pesquisar sobre a vida de Sarney e seus colegas da política?
O Sarney é um cara antigo na minha vida. Tudo começou quando eu era diretor do jornal. “O Nacional”, no Rio de Janeiro, um semanário criado em 1986, de oposição a Sarney. O prato principal deste veículo era denunciar a política da Nova República. Eu era diretor de redação desta derradeira aventura de Tarso de Castro, o inventor do “Pasquim”, conhecido por formar sempre uma equipe de peso. Na lista dos colaboradores vale relembrar de alguns nomes como Cláudio Abramo, Rubem de Azevedo Lima, Paulo Caruso, Fortuna, Moacir Werneck de Castro, Eric Nepomuceno, Luis Carlos Cabral, Alex Solnik e o próprio Myltainho, que chefiava a sucursal paulista. Outro momento em que fiquei de frente novamente com o Sarney foi em 2000, quando começaram a especular a possível candidatura de Roseana Sarney para a presidência da República. No final de 2001 eu fui para São Luís do Maranhão cercar a vida dele e de toda a família. Depois publiquei no começo de 2002 uma matéria na revista “Caros Amigos”, “O nome dela é Roseana, mas pode chamar de Sarney”. Neste texto ela foi apresentada como a “número 1 do miserê”. Neste texto eu dizia onde o Maranhão era governado: na sede da Lunus do Jorge Murad. Uma semana depois de a revista ir para as bancas, por coincidência ou não, a Polícia Federal veio a estourar o local e encontraram neste endereço mais de um milhão de reais num cofre. Foi aí que a candidatura dela desabou. Na seqüência, eu publiquei o livro: “A candidata que virou picolé”, pela editora Casa Amarela. E um ano antes de o Sarney virar pela terceira vez presidente do Senado eu já estava na cola dele em razão da investigação da polícia federal sobre o filho dele, o Fernando, com a já famosa operação Boi Barrica.
Por que o coronel do Maranhão é um personagem quente?
Quando eu conversei com um historiador, Joel Rufino dos Santos, ele me perguntou, assim de brincadeira, “quem é o Sarney”? Parecia não ser um personagem quente. Mas ele nunca deixou de ter o poder da caneta, o poder de nomear, ele nunca deixou de indicar e de participar de todos os governos. Eles tinham a impressão que ele era um personagem menor, isso há alguns anos antes de ele assumir o Senado. Na ditadura ou fora dela ele sempre manteve o poder. O setor elétrico, por exemplo, é todo dele!
Você escreveu o livro ao mesmo tempo em que os escândalos iam estourando?
No livro o leitor vai se deparar simultaneamente com o que imprensa divulgava naquele momento e o que já havíamos investigado por nossa conta. É uma leitura que vai proporcionar também uma visão sobre a cobertura que a mídia fez sobre os fatos. Todas as apostas na queda dele eram irreais. Mas depois eu percebi que realmente o livro estava correto na sua narrativa. O coronel parece que nunca vai cair, ele está mais firme do que nunca. Sarney é sem dúvida o honorável dos honoráveis.
O coronelismo está em extinção?
Sarney é um sobrevivente de uma geração, mas ele não é para sempre. Certamente seus seguidores continuaram a adotar a cartilha do mestre. Ele é um novelo de mentiras, vai envolvendo todo mundo. Neste livro o leitor vai saber como o poderoso consegue manipular tanta gente. Ele é o cara que as pessoas dão como morto, mas depois aparece como aquelas almas mal-assombradas num cemitério. Ele é o mais arguto, o mais habilidoso dos animais políticos em cena no país. Quem não enxerga isso será sempre enrolado pelo Sarney. Agora ele tem que estar vivo e atuante para eleger o Fernando Sarney – o cérebro financeiro da família – e dar-lhe imunidade parlamentar A verdade é que os filhos dependem dele.
Como será a política brasileira depois da era Sarney?
Os seguidores estão espalhados. Vai continuar de uma forma mais baixa, sem coronel mas com os métodos que o consagraram. O Sarney é um caro temido, ninguém o ama. O ACM era um cara estimado por parte da população baiana. O Sarney é temido. O sarneismo sem Sarney será pior ainda. De hora em hora, Deus piora. Lula é refém dele. Há quem diga que Lula governa, mas quem manda é o Sarney.
Você acredita na reforma política?
Não há interesse dos políticos para que isso ocorra, ou seja, sempre ficará a mesma coisa. As velhas lideranças estão desgastadas e o eleitorado não acredita em mais ninguém. O cinismo tomou conta da classe política e da própria população. A tarefa que resta para o jornalista é continuar contando. Os quadros políticos são pavorosos. Basta olhar as lideranças políticas para perder qualquer esperança. Cito: Collor é fiscal do PAC; Almeida Lima é fiscal do Orçamento da União; Wellington Salgado faz parte da Comissão de Constituição e Justiça.
Você conhece o Sarney?
Só vi o Sarney de perto uma vez na vida, na sabatina da “Folha de S. Paulo” em agosto de 2008, perto de estourarem os escândalos contra o Fernando Sarney. Tinha pouquíssima gente, uma mesa formada pelos principais jornalistas da “Folha”, mediada pelo Clóvis Rossi que abriu o papo dizendo que os brasileiros tinham uma relação de amor e ódio com o Sarney. Mas quem ama José Sarney? Só a dona Marly.
Informações sobre Hosmany Ramos
Como toda a imprensa já divulgou, o cirurgião plástico e escritor Hosmany Ramos, que já publicou quatro livros pela Geração Editorial, está preso na Islândia.
Hosmany Ramos foi preso quando tentava deixar um país nórdico e ir para o Canadá, onde tem um parente. O escritor foi detido na Islândia, pois o voo fazia conexão na cidade de Reikjavic.
Segundo o diretor da Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato, com quem Hosmany Ramos falou por telefone, o escritor diz que foi muito bem tratado pela polícia local desde o momento em que foi preso. A prisão, de acordo com Hosmany, mais parece um hotel quatro estrelas, com TV, computador, ipod e direito a receber ligações telefônicas.
O Estado islandês deu a ele um advogado público, que se interessou pelo caso, depois de descobrir que ele é médico e escritor famoso. Esse advogado público já chamou outro, privado, que aceitou cuidar do caso.
Segundo esses advogados, é grande a chance de Hosmany receber autorização para ficar no país, onde poderia trabalhar como médico, tendo em vista a grande carência desses profissionais na Islândia, um país que sofreu muito com a última crise econômica.
O desejo de Hosmany é, se for possível, ficar na Islândia trabalhando como médico e concluindo seu livro de memórias, que deve ser publicado pela Geração Editorial no início de 2010.
Pela Geração Editorial, Hosmany Ramos já lançou quatro livros: Pavilhão 9, Sequestro Sangrento, Delitos Obsessivos e O Goleador.
Lançado em maio deste ano, O Goleador foi a última publicação do médico e escritor. Como todas suas outras obras, o livro é marcado pela polêmica e coragem em tratar certos assuntos. Em um vertiginoso thriller policial, o autor aborda o universo corrupto da máfia dos campos.
“O Goleador – Morte e Corrupção no futebol” começa com o assassinato de um cartola do futebol brasileiro, Heleno Miranda, sócio de um jornal e presidente de um clube de futebol. Os principais suspeitos do crime são uma bela mulher e um jogador famoso, Rony Lee, que acaba surpreendido num automóvel fazendo sexo com um garoto. Termina – depois de passar por cenas de sexo e drogas da alta sociedade carioca – com a elucidação do crime e das manipulações de jogos – até a Copa do Mundo – por uma poderosa organização internacional.
Veja mais informações sobre o último livro de Hosmany Ramos.
Confira notícias da imprensa sobre a prisão do autor na Islândia:
Hosmany Ramos está preso na Islândia, desde semana passada, confirma editora – do iG
Governo brasileiro solicita à Islândia extradição de Hosmany Ramos – do iG
Hosmany Ramos preso na Islândia – do Zero Hora
Mônica Bergamo: Hosmany Ramos é preso na Islândia – da Folha de S.Paulo
Hosmany Ramos é preso tentando entrar na Islândia – do Estadão
Hosmany Ramos está preso na Islândia, diz dono de editora – do G1
Ex-cirurgião Hosmany Ramos é preso na Islândia – do Terra