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 Entrevista com Flávia Flores, autora do livro "Quimioterapia e Beleza" - Geração Editorial Geração Editorial

abr 8, 2014
admin

Entrevista com Flávia Flores, autora do livro “Quimioterapia e Beleza”

Flavia Flores

Quando e como você descobriu que estava com câncer de mama?
Descobri um nódulo no seio durante o banho, em outubro do ano passado. Era bem maleável, não enraizado e parecia benigno. Mostrei para alguns médicos e também para algumas amigas que já tinham passado por essa situação, mas ninguém se preocupou devido a minha idade, não ter histórico familiar e por ter aparecido tão de repente. Eu tinha feito um ultrassom seis meses antes, como costume preventivo que os médicos sempre indicam para todas as mulheres e, até então, nunca havia aparecido nada. Então fiz uma mamografia que apontou um nódulo aparentemente “inofensivo”. Mas, minha prótese no seio esquerdo, que havia feito nos meus 20 anos, havia rompido. Mostrei tudo isso ao cirurgião plástico que, mesmo assim, me operou, trocando minhas próteses antigas por um par de belos seios! Ficou tão lindo que nem lembrava mais do nódulo que tinha sido retirado. Dez dias depois minha mãe foi me buscar na massagem e disse que o médico precisava me ver, com urgência, para tratar da biópsia que ele mandou fazer daquele caroço.

Depois do choque com a notícia, como foi o processo para você aceitar à doença e dar a volta por cima?
Tive medo quando descobri. Na real, tive tanto medo que mal conseguia respirar de tão chocada que fiquei! Surtei. Eu me senti frágil e desprotegida. Chorei durante 10 dias. Meus olhos pareciam dois pães franceses mal assados, não saia da cama. Fui agressiva com as pessoas. Se alguém me disser que recebeu a notícia do câncer e levou tudo numa boa eu não consigo acreditar. Os surtos e o desespero são super naturais. Eu não quis saber nada sobre a doença e até hoje eu sei o mínimo. Mas é fato: eu tenho câncer. É certo que ter criado a fanpage e me dedicar diariamente a uma causa tão nobre que é ajudar as outras mulheres a superar o tratamento me alimenta a alma e sai uma força de dentro de mim que me traz uma paz e alegria indescritível.

O que os médicos te recomendaram inicialmente?  E como foi a busca de profissionais para a reconstrução das mamas?
A minha mastologista e cirurgião plástico têm mais ou menos a minha idade, são antenados e sensíveis; O meu oncologista é o melhor! Um conselho: procure a terceira quarta opiniões, fale com quem já passou por isso. Se eu fosse atrás da primeira equipe médica, hoje estaria sem uma mama e faria a reconstrução só quando estivesse curada, isto é: sei lá quando! Minha recuperação seria muito mais difícil, pois ficaria muito difícil ir à praia, namorar, e até mesmo de sair de casa mutilada e sem cabelos… Por isso até titubeei e não queria nem fazer a quimio… me deixa morrer linda por favor? Essa equipe que cuida de mim até hoje fez a reconstrução imediata, no mesmo dia da mastectomia. Tirei as duas mamas e já tenho minhas próteses, que são próprias para pacientes de câncer se mama. Quando for liberada pelos médicos eu já faço a segunda parte da reconstrução, onde tiro as válvulas e preencho as laterais com um pouco de gordura pra ficar mais natural.

Aonde você faz o tratamento e qual a previsão para terminar?
Faço o tratamento em Florianópolis. Até março de 2014 eu faço quimioterapia e radioterapia – a rádio acaba agora em outubro e sigo fazendo quimio. Depois ainda tem os remédios durante dez anos e tenho de monitorar a doença para sempre.

Você sempre foi muito vaidosa e sempre levou a vida com alto-astral. E o tratamento não te impediu de cuidar da vaidade feminina. Quando e como você resolveu usar isso para criar a fanpage “Quimioterapia e beleza”? Como surgiu essa ideia?
Fui fazer uma pesquisa no Google buscando “Quimioterapia + beleza” e não achei nada consistente sobre o assunto. Parecia um assunto meio ocluso e não falado por aí. Então resolvi falar! Graças a minha família tenho o privilégio de poder me dedicar à causa. Todos ajudam como podem e assim tenho paz suficiente para contar minha história através da minha página e servir de incentivo para tantas mulheres por este mundo afora. Hoje passo de 10 a 15 horas na frente do computador respondendo perguntas, elaborando posts e escrevendo (hobbie que tenho desde criança), ou então estou na rua, fotografando.

Minha fanpage foi criada com o intuito de mostrar para minha família e meus amigos o quanto eu era forte ao enfrentar a doença.

Em uma das fotos postadas, você mostra o seu cabelo ainda no início da quimioterapia. Tendo em vista que ele é um dos maiores ‘símbolos’ da vaidade feminina, você acha que essa é perda durante o tratamento que representa uma das maiores dores às mulheres?
Com certeza, perder os cabelos é uma dor muito forte, nosso cabelo é nossa moldura, assim como os seios. Sem eles perdemos a autoestima. Ao postar fotos em que estou careca e feliz eu quero desmistificar a tristeza da doença. Por que não se divertir e se fantasiar todos os dias?

Na página você posta, além de dicas de beleza, um pouco da sua rotina – a vida social com os amigos e a família, assim como relatos de como foi a sua ida à quimioterapia. O que você não abre mão de fazer e quais são as suas limitações?
Eu sempre fui festeira… Adoro festas em casa e na casa dos amigos. Não sou muito de baladas, mas adoro ir a shows! Quando me sinto disposta adoro sair. Só não posso ir à praia, pois posso ficar manchada do sol. Adoro viajar e sempre que posso vou para São Paulo.

A ajuda dos seus amigos e dos seus familiares se mostram essenciais para manter a força que você tem. Teve alguma atitude deles que você se surpreendeu para te ajudar a sair desta fase?
No começo foi difícil pra todos. Eu percebia a dificuldade das pessoas em vir me visitar, queriam chorar, me olhavam com aquela cara de velório… Mas eu consegui quebrar o gelo com a minha página, mostrando que eu não deixei de ser vaidosa e que eu os queria perto de mim. Funcionou, sempre tenho meus amigos por perto e isso é muito importante!

Como você vê a importância da autoestima no seu tratamento e recuperação?
Autoestima elevada para mim é o segredo de um tratamento quimioterápico bem sucedido, sem sofrimento, sem pena de si mesmo, com feminilidade, sensualidade, bom humor e muita vaidade.
Com minhas fotos, vídeos e mensagens quero inspirar outras pacientes para juntas não deixarmos a bola cair. Uma ajuda a outra. A gente se encontra e fala no Skype, troca lenços e perucas umas com as outras, além da experiência que vamos adquirindo.

Como pretende usar a moda como ferramenta de cura? De que forma você acha que ela pode ajudar na recuperação de mulheres que estão com câncer?
Antes eu trabalhava para a moda, hoje a moda trabalha pra mim. Uma mulher produzida, maquiada anda de cabeça erguida e é bem resolvida, não sofre ao ser “observada” na rua. Agora, escrever e postar dicas que coleciono, vem refletindo positivamente no resultado dos meus exames.

A partir de que momento você percebeu que poderia ajudar muita gente? Essa descoberta te trouxe uma nova perspectiva da doença ou da vida?
Eu vi que estava ajudando as pessoas (eu juro que não esperava que isso fosse acontecer) quando eu comecei a dedicar 100% do meu tempo a minha página! Respondo muitas perguntas, leio muitos depoimentos e isso é tão gratificante!

Como está sendo sua recuperação?
Não é fácil, mas não é impossível também! As primeiras quimios, as terríveis “vermelhas”, que fizeram meus cabelos caírem, me deixaram muito enjoada e indisposta também. A radio judia um pouco da pele e fico com uma sensação de insolação, um cansaço. Mas essa fase do tratamento é bem mais tranquila. Os exames estão muito bons também, não estou curada, mas dentro do esperado, está tudo normal.

Como você se sente podendo ser um apoio e exemplo de força e coragem para outras mulheres que estão em tratamento?
É gratificante! Diariamente recebo milhares de mensagens de elogios e de carinho e isso mostra como as seguidoras precisam de alguém para se espalhar, para partilharem e depositarem suas emoções, medos e por que não suas angústias. Essa troca de carinho me ajuda muito e encaro o tratamento com mais leveza e muito mais feliz. Hoje tenho mais de 33 mil seguidores, mais de um milhão de visualizações por mês, interajo com as minhas Cats (forma como chamo minhas seguidoras), me divirto, sou muito feliz e privilegiada por servir de inspiração e ser um exemplo de força para outras mulheres. Recebo mensagens de crianças, esposos, namorados agradecendo a minha ajuda por ensinar as mamães, as esposas e as namoradas a ficarem mais lindas durante o tratamento e encará-lo com mais leveza. Isso não tem preço!

Com a ideia do projeto, você pode conhecer mulheres que estavam passando pelo mesmo que você. De alguma forma, essas novas amizades também a fortalecem nesta luta, não é? Acaba sendo uma relação de troca.
Exatamente! Uma troca. Elas me incentivam a continuar forte pra poder servir de exemplo e isso é cíclico! Vou ajudando e vou me fortalecendo e vejo as outras meninas vencendo e se produzindo e eu não tenho como parar!

Quais foram as principais lições que essa experiência dolorosa trouxe para você?
Eu sempre adorei ajudar as pessoas, sem olhar a quem, e hoje eu consigo salvar vidas! Tem coisa mais linda? E outra coisa é a família. Eu sempre soube quão importante eles eram, mas no momento que teu mundo desmorona você  olha para o lado e apenas eles estarão lá!

Mais sobre o livro aqui.

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