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Participação das Mulheres nas eleições cresce em 2014
A coordenadora do estudo, Vera Soares, destaca que, apesar do crescimento do número de candidaturas femininas, as mulheres permanecem sub-representadas, principalmente no caso de negras e indígenas
Por Blog do Planalto
A participação das mulheres na política ainda está longe de representar a composição da sociedade brasileira. No entanto, nas eleições de 2014, houve um aumento de 46,5% no número de candidatas aos cargos públicos elegíveis em comparação às eleições de 2010. É o que aponta o artigo “As mulheres nas eleições de 2014” divulgado, na sexta-feira (16), pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República.
O artigo é assinado por Daniela Ramos, Eliana Graça, Gabriela Andrade e coordenado pela secretária de articulação institucional e ações temática da SPM, Vera Soares, e tem como objetivo traçar um perfil da participação feminina na política, além de analisar o desempenho das mulheres nas eleições do ano passado.
De acordo com o estudo, para quase todos os cargos houve aumento na participação das mulheres que representaram 31,07% do total de candidatos. A disputa para os cargos proporcionais foi a que registrou o maior crescimento na participação feminina. Um exemplo disso é que o número de candidatas ao cargo de deputada federal cresceu 88% nas eleições do ano passado, saindo de 935 candidatas em 2010 para 1755 em 2014. Para o Senado Federal, o número de candidatas também cresceu de 29 em 2010 para 33 em 2014.
O resultado das eleições resultou também em um aumento na participação das mulheres no Congresso Nacional. Nas últimas eleições, foram eleitas 51 deputadas federais e cinco mulheres para o Senado, enquanto, em 2010, haviam sido eleitas 45 deputadas e sete senadoras.
No entanto, a coordenadora do estudo, Vera Soares, destaca que, apesar do crescimento do número de candidaturas femininas, as mulheres permanecem sub-representadas, já que o aumento do número de candidatas não foi acompanhada de um aumento efetivo do total de mulheres eleitas.
Além disso, a autora demonstra preocupação com a representação política da população negra e indígena, ainda muito aquém da realidade da sociedade brasileira. Segundo Vera Soares, o parlamento brasileiro ainda continua predominantemente masculino, branco e empresarial.
Representação no Executivo
A ocupação de mulheres também encontrou um aumento significativo, nos últimos anos, para o cargo de ministras de Estado. Esse acréscimo se deu, sobretudo, a partir do governo Lula e teve um salto no primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff. No mandato de 2011 a 2014, das 39 pastas do governo federal, 10 foram chefiadas por mulheres, índice que representa mais de 25% do total de ministérios.
Além disso, nas eleições presidenciais do ano passado, apesar do total de 11 candidatos apenas 3 serem mulheres, as três candidatas à presidência ficaram entre os quatro primeiros colocados no primeiro turno. Juntas Dilma Rousseff, Marina Silva e Luciana Genro alcançaram 67 milhões de votos, o que correspondeu a 64,5% do total de votos válidos.
Fonte: Portal Fórum
O papel tem sua beleza
Se o livro vai acabar, por que as bibliotecas proliferam?
Uma cópia de cada manuscrito existente na face da Terra – nada menos do que isso, a síntese de todo o conhecimento humano, pretendia a Biblioteca de Alexandria, fundada no início do século III antes de Cristo pela dinastia ptolomaica do Egito, de origem helênica. Os 700 mil rolos de papiro e pergaminhos, com obras capitais da Antiguidade (do matemático Euclides, dos astrônomos Ptolomeu e Aristarco de Samos, do médico Galeno), fizeram dela a maior biblioteca de seu tempo até o dia em que um incêndio enigmático – do qual não se sabe sequer a data exata – a consumiu.
Em 2002, uma nova Biblioteca de Alexandria brotou nessa cidade-encruzilhada do Mediterrâneo, com design dos noruegueses do Studio Snohetta e robusto financiamento da Unesco. Seus 4 milhões de livros (entre eles, 10 mil raridades) acentuam o valor sentimental de um resgate histórico, embora seu acervo não se compare ao gigantismo da Biblioteca do Congresso de Washington (18 milhões de volumes) ou da Biblioteca Nacional da França, em Paris (12 milhões).
No Rio, a imponência em estilo neomanuelino do Real Gabinete Português de Leitura confere à biblioteca, projetada pelo arquiteto lisboeta Rafael da Silva Castro, financiada pelos comerciantes luso-cariocas e inaugurada, após peripécias financeiras e minúcias de acabamento, em 1888, com direito a palestra do escritor Ramalho Ortigão, um lugar cativo entre as bibliotecas mais deslumbrantes do mundo. Fica, não por acaso, na Rua Luís de Camões, no centro histórico do Rio.
A despeito da morte anunciada do livro, em seu formato tradicional, bibliotecas de traçado ousado e dimensões ambiciosas continuam brotando, agregando-se ao tradicional patrimônio de sabedoria repousante propiciada por relíquias arquitetônicas, tais como aquelas que fabulava Jorge Luis Borges, bibliófilo fanático, em sequências de hexágonos perfeitos.
Fonte: Carta Capital
“Rouba, mas faz”
Ou eu ou o caos!
Por Daiana Petrof
Assim aquele homem corpulento, com indefectível bigode a emoldurar o seu rosto com nariz grande, um prato cheio para os caricaturistas, discursava nas eleições presidenciais de 1955. Como adorava usar frases de efeito, o carismático virou alvo dos comediantes da época. Apaixonado pelas multidões, detestava ficar sozinho. Médico, ele falava inglês, francês, italiano e alemão. Ele inventou a “caixinha”, que extraía dos superfaturamentos e propinas cobradas das empresas e empreiteiras que prestavam serviços ao poder público. O homem entrou para História: é Adhemar de Barros, inspirador do bordão “rouba, mas faz”.
Jornalista, advogado e escritor, Amilton Lovato conta em Adhemar – Fé em deus e pé na tábua, lançado em dezembro de 2014 pela Geração Editorial, narra as aventuras e diatribes do ex-deputado estadual, interventor de Getúlio Vargas pós-Estado Novo em São Paulo, governador do Estado por duas vezes, assim como prefeito da capital, além de cacique do PRP e do PSP. Com um voraz apetite pelo poder, ele disputou duas eleições presidenciais e amargou derrotas. Arquiteto da Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, realizada dia 19 de abril de 1964, acelerou a queda do nacional-estatista de linhagem trabalhista João Goulart.
Mesmo sendo devoto de Nossa Senhora Aparecida, ele frequentava terreiros de umbanda e sessões espíritas. Dono de imensa fortuna, tinha o seu próprio jornal A Época. Um dia, ele solicitou ao editor do veículo de sua propriedade, Francisco Rodrigues Alves Filho, que estampasse como manchete da primeira página da edição do dia seguinte um solene pedido ao prefeito de São Paulo Asdrúbal da Cunha, que havia sido nomeado por Adhemar de Barros. O título foi “Demita-se, prefeito”. Estimulado pelo suposto apoio da opinião pública, o interventor federal publicou o decreto com a sua exoneração. Um ponto final na questão.
Em uma festa de aniversário, na tradicional sessão de beija-mão, cansado dos puxa-sacos, ele disparou:
– Não aguento mais. Chega de tanto apertar mão. Vá cumprimentar o diabo!
O seu estilo de administrar era insólito. O homem não registrava os gastos, o que justificaria as despesas para o erário. Mais: montou um fundo, uma espécie de dinheiro duto, com taxas cobradas de fornecedores e empreiteiras. A caixinha deu solidez ao PSP, relata Amilton Lovato na obra. Nascido em 22 de abril de 1901, em Piracicaba, interior de São Paulo, ingressou aos cinco anos de idade no internato Colégio Anglo-Brasileiro. Anos depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Medicina. Ele concluiu o curso em 1923, especializou-se em Parasitologia e em Ginecologia e Obstetrícia.
Em uma viagem pela Europa, conheceu Leonor Mendes, ficou noivo e subiu ao altar em apenas seis meses de relacionamento. O casal teve quatro filhos. Ele mesmo fez os partos dos três primeiros rebentos. Com a Revolução Constitucionalista de 9 de julho de 1932, alista-se como médico. “As metralhadoras pesadas roncavam permanentemente em todos os cantos e dos dois lados”, recordava-se Adhemar de Barros. Ele defendia a derrubada de Ge-túlio Vargas, inquilino do Palácio do Catete, desde a Revolução de 1930. Em 2 de outubro, após 85 dias de lutas e 800 mortos dos dois lados, o conflito acaba-se com a derrota dos revoltosos Com a anistia, Adhemar de Barros ficou livre. O médico elegeu-se, primeiro, deputado estadual por São Paulo. Legenda: Partido Republicano Paulista (PRP). Ele metralhava, da tribuna, tanto Getúlio Vargas quanto o interventor federal em São Paulo, Armando de Sales Oliveira. Depois da insurreição fracassada do PCB de 1935, Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, instala o Estado Novo e em 2 de dezembro do mesmo ano extingue os partidos políticos existentes, inclusive a Ação Integralista. “Não havia alternativa: ou lutava-se contra a ditadura de plantão ou se aderia ao novo regime”, registra Amilton Lovato.
O ditador Getúlio Vargas solicita ao PRP dez nomes para que ele pudesse escolher um, que seria o novo interventor federal em São Paulo. Da lista, Adhemar de Barros era o último. A sorte lhe sorriu. “Getúlio Vargas queria um homem das oligarquias, mas dócil ao chefe do Estado Novo”, sublinha o autor. Em 24 de abril de 1938, Adhemar de Barros estava com o decreto de nomeação nas mãos. Um de seus primeiros atos foi demitir todos os prefeitos no Estado e colocar “gente nova”. Alinhado ao novo cacique. A marca de sua gestão era governar como se não tivesse de prestar contas de suas ações a ninguém, frisa Amilton Lovato.
– Ele criou, em uma época sem TV, um programa de rádio: “Palestra ao pé do fogo”.
Com as obras e os nítidos sinais de desenvolvimento econômico e social, além de um eficiente serviço de propaganda, Adhemar de Barros começa a falar a língua das classes populares. Como se fosse um deles, pontua o autor. Nomeado para ser, em São Paulo, o porta-voz do Varguismo, ele acabou criando vida independente, com estilo e métodos próprios. O interventor virou alvo do tradicional jornal O Estado de S. Paulo, que atacava, sem dó, Getúlio Vargas. O sinistro DIP invade a sede do veículo de comunicação, rotulado de “um centro de atividades subversivas”. Júlio de Mesquita exilou-se em Portugal.
– O Estado de S. Paulo nunca poupou Adhemar de Barros pela intervenção na empresa.
Em aliança com os comunistas, que possuíam um senador, Luís Carlos Prestes, O cavaleiro da esperança, e 16 deputados federais, Adhemar de Barros já na fase de restauração da democracia no Brasil é eleito governador do Estado de São Paulo, com 35% dos votos válidos. Legenda: PSP. Em 7 de maio de 1947, o Tribunal Superior Eleitoral cassa o registro do PCB. O homem vira as costas aos antigos aliados. Apesar disso, ele liberta os presos políticos e orienta o PSP a votar contra a cassação dos mandatos dos parlamentares do PCB. “Clientelista, o PSP sempre foi o partido de um homem só. Era a cara dele que os trabalhadores queriam ver”.
– Incor, Hospital das Clínicas, Aeroporto de Congonhas: obras de Adhemar de Barros.
Com projeções em um voo presidencial, ele pagou 300 mil contos de réis para o empresário Assis Chateaubriand, o Chatô, para veicular uma entrevista positiva à sua imagem na revista O Cruzeiro. Ela saiu em 9 de abril de 1949. O repórter Samuel Wainer ganhou 20% e comprou para a sua primeira mulher um apartamento no bairro nobre de Copacabana, no Rio de Janeiro. Nas eleições de 1950, ele joga água-benta em Getúlio Vargas e apresenta-se ao gaúcho, em São Paulo, como o “general da vitória”. Logo em seguida, ele elegeu o seu sucessor, Lucas Ferraz, que iria lhe trair com “um golpe pelas costas”.
Até a Time (EUA) apontou a ascensão de Adhemar de Barros:
– É um dos homens mais ricos e poderosos do Brasil, proprietário de indústrias, aerovias, fábricas de bombons, com uma fortuna superior a 50 milhões de dólares.
VASSOURA EM PUNHO
Em 1953, ele conhece Ana Capriglione, viúva. Ela vira a sua amante preferida. Adhemar de Barros chega a pedir o desquite a Leonor de Barros, que recusa a proposta. Em janeiro de 1954, rompe com Getúlio Vargas. No mesmo ano, é incorporado à sua figura o bordão “Rouba, mas faz”. Em 3 de outubro, o líder carismático perde a eleição ao governo de São Paulo para um homem, no mínimo excêntrico: olhos inquietos, cabelos revoltos, caspa no paletó, bigode como marca registrada e uma vassoura em punho. É Jânio Quadros que, em 25 de agosto de 1961, renunciaria à presidência da República e abriria a marcha para o golpe de 64. Nas eleições de 3 de outubro de 1955, nova derrota. Desta vez, à presidência da República. Para o pé de valsa Juscelino Kubistcheck. Apesar do dissabor, ele obtém o maior número de votos em São Paulo. Condenado a dois anos de reclusão, ele ouve as notícias às 4h da madrugada, foge em uma ambulância, embarca ao Paraguai, depois transfere-se para a Bolívia e circula por Uruguai e Argentina até dos dois processos serem arquivados pela Suprema Corte. Pedroso Horta é quem foi o seu advogado. O homem, que tinha o cheiro do eleitor mais carente, volta ao Brasil e vê uma São Paulo em uma verdadeira festa.
Em 8 de abril de 1957, ele toma posse como prefeito eleito de São Paulo. Com um secretariado de alto nível: Amador Aguiar, Gofredo da Silva Telles. Nas eleições de 1958, ele licencia-se a Prefeitura de São Paulo, concorre ao governo do Estado e perde o pleito por 51% a 43% para Carvalho Pinto. No ano seguinte, o então prefeito recebe, na cidade, um homem barbudo que entraria para a história das revoluções do século XX, tempos interessantes: Fidel Castro Ruz, líder da revolução cubana de 1º de janeiro de 1958 que depôs o sargento Fulgencio Batista. Na sucessão presidencial de 1960, a etílica vassoura varre o sonho de Adhemar de Barros, mais uma vez.
Com a renúncia, em 1961, ele negocia com João Goulart, rompe com o presidente da República, vira governador de São Paulo, ao derrotar Jânio Quadros, organiza a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade e conspira com as Forças Armadas e os EUA. Jango cai. Ele esperava ser a cara civil do poder. Marechal Humberto Castello Branco assume o poder com José Maria Alckmin na vice. Em 1966, é cassado pela ditadura civil e militar.
Como JK e Carlos Lacerda. Ele parte para o exílio. Em 12 de março de 1969 morre em Paris, França, sua amante Ana Capriglione, o dr. Rui, com uma casa no Rio de Janeiro, é alvo da ação mais espetacular da luta armada: “o roubo do cofre do Adhemar”, uma bagatela de 2,5 milhões de dólares. Quem organizou foi a VAR-Palmares. Dilma Rousseff não participou da operação, mas deu suporte à ação política e financeira. O dinheiro serviria para financiar a guerrilha contra a ditadura civil e militar.
Fonte: Diário da Manhã