Entrevista com Hwang Sun-mi, autora de “Flora Hen”.
O que achou da edição brasileira do seu livro Flora Hen?
Flora Hen tornou-se um dos meus tesouros. Como não falo outros idiomas, simplesmente me entrego ao prazer de colecionar as versões traduzidas de Flora Hen. Entre todas as versões traduzidas do meu livro, a versão publicada no Brasil apresenta as imagens mais intensas e únicas. Na verdade, quando mostrei aos meus amigos aqui, ficamos exclamando ahs!. As mudanças são inevitáveis quando uma peça de literatura é adaptada para outra cultura. No caso da versão brasileira, a ilustradora foi central nesta mudança.
A edição brasileira de Flora Hen está de parabéns. Eu me sinto mais perto do Brasil simplesmente por causa da publicação de Flora Hen. Espero que os brasileiros, adultos e crianças, o achem informativo.
O que mais marcou sua visita ao Brasil?
O Brasil é um país bastante famoso para eu sentir que seja um país distante, mas depois de uma viagem aérea tão longa, que ainda incluiu uma parada, tornou-se claro como o dia como o Brasil realmente é. No entanto, tive uma curta, mas frutífera visita graças à bondade dos editores. Esta visita serviu como uma oportunidade para eu ver pessoas e lugares especiais. O que me impressionou desde que saí do aeroporto foi o grafitti urbano que excedeu o nível de rabiscos simples e parecia ter uma linguagem própria. É um fenômeno raro na Coreia. Fiquei surpresa com o fervor das sessões sem fim de treinos para o carnaval e a iniciativa de organizar vários festivais literários no mesmo período. O Brasil é um país interessante com uma rica diversidade cultural. Desejei poder vivenciar mais coisas aqui.
Você acredita que a literatura coreana pode um dia diminuir o grande espaço entre as culturas brasileira e coreana?
Definitivamente acredito que vai ter um impacto. Os dois países estão nos extremos da escala quando se trata de intercâmbio literário. Conheci Roger Mello quando ele visitou a Coreia na primavera. Ele falou sobre as crianças brasileiras, mas naquele momento fui incapaz de compreendê-lo. Teria sido o mesmo para ele se a situação se invertesse. Não fomos capazes de compartilhar um terreno comum onde pudéssemos um entender a cultura do outro. Espero que mais intercâmbios de obras literárias e de pessoas possam acontecer no futuro.
Como você compara as crianças brasileiras com as coreanas?
As crianças de ambos os países mostram curiosidade diante de uma pessoa estranha. No entanto, elas expressam esta curiosidade de maneiras diferentes. Crianças coreanas são tímidas, mas fiquei surpresa ao ver que não era o caso das crianças brasileiras. Fiquei encantada pelo fato de as crianças brasileiras não sentirem receio de um escritor de uma terra estrangeira e de rirem e brincarem comigo.
O que achou de sua participação no Congresso Literário da Fliporto?
Foi o segundo evento na Fliporto para mim. Foi uma experiência agradável em geral. Foi a primeira vez que ouvi falar da Literatura de Cordel e testemunhei os convidados do Festival e a plateia se comunicarem por meio dela. Fico curiosa de imaginar como um escritor brasileiro se sentiria se ele ou ela fossem expostos à versão coreana parecida que se chama “madangpansori”.
Como foi seu encontro com o Sr. Antonio Campos, diretor e fundador da Fliporto?
Fiquei grata ao Sr. Campos por ter me acolhido e me tratado tão gentilmente. Acho maravilhoso uma pessoa inventar, formar e praticar uma cultura. Fiquei feliz por fazer parte de um evento realizado em um local histórico. Quando o Sr. Campos se referia a uma história infantil, pude compartilhar de seu entusiasmo quase como se tivesse encontrado o autor da história em pessoa. A liderança do Sr. Campos, com seu profundo conhecimento de literatura, deixará clara a natureza deste evento ao longo do tempo e o tornará verdadeiramente significativo para os participantes.
Quais as impressões deixadas pela sua participação no FLUPP do Rio de Janeiro?
Francamente, eu tinha grande expectativa deste Festival. Quando recebi o convite, procurei online os vídeos do festival e até pedi ao meu agente para obter mais informações sobre ele. No entanto, já que meu evento estava marcado para o final do festival, lamento não ter podido experimentar os diferentes eventos ou interagir com as crianças locais ainda mais. Mesmo assim, compartilhei de conversas inesquecíveis com algumas crianças. Em especial não esquecerei a expressão de uma mãe que me fez uma pergunta sobre a vida da protagonista da minha história. É lamentável que nem todas as obras dos escritores que trabalham em diferentes gêneros, que participaram do festival vindos de diferentes países, puderam ser compartilhadas.