Minhas lembranças de Leminski
Por Rosana Gutierrez
Minhas lembranças de Leminski é o resultado de uma amizade de vinte anos entre o poeta e o jornalista Domingos. Encontravam-se com frequência em Curitiba, São Paulo e Florianópolis, nas décadas de 1960 e 1970
Dessa forma, tomamos conhecimento da essência do pensamento do poeta em suas múltiplas facetas.
Aos treze anos, Leminski ingressa no Mosteiro. Afeiçoado aos estudos, aprende grego e latim.
“E, aos treze anos, com os pelos aflorando na cara e o coração inchado de convicção, fui para o Mosteiro como quem vai nu para uma festa à fantasia, totalmente aberto e pronto para tudo.”
Aprende a ser simples e desapegado.
Deixa o Mosteiro e se casa. Traduz textos evangélicos . Quando não está trabalhando em agências de propaganda, fica em casa lendo, ouvindo musica, escrevendo romances, poemas, traduções, biografias e bebendo.
Leminski é extraordinariamente inteligente e muito culto. Suas composições poéticas denotam preocupação com as técnicas expressivas e também com o público leitor, pois selecionava os poemas que caíam no gosto do leitor. A graça da sua produção literária está no arranjo criativo das palavras.
“Mais que isso, andar com poemas, debaixo do braço,como ele dizia, era um estandarte de sua missão artística,poeta 27 horas por dia.”
A isso se deve o sucesso de Toda poesia ( best seller). A biografia de Trotski faz Leminski simpatizante do partido trotsky. Discursa sobre a arte da guerra traçando um panorama das guerras que ocorreram no mundo.
Leminski tinha um comportamento genuíno ao exteriorizar suas ideias com gesto e voz inconfundíveis. Falava sobre música, poesia, arquitetura,pintura ,artes de guerra…Era uma mente brilhante. Poliglota,tinha uma incomum habilidade para decorar a estrutura funcional de um idioma e memória que espantava os colegas no tempo do Mosteiro. Polivalente, pois escrevia prosa e verso: Catatau, Agora é que são elas, Vida (biografias de Jesus,Bashô,Cruz e Sousa, Trotski), Toda poesia.
Leminsk era intenso e apaixonado por tudo o que fazia. No último encontro que o jornalista teve com o amigo poeta, este lhe segreda:
“—Do coração, cara, eu não vou morrer.
Decerto já sabia, então, da cirrose que o mataria.”
Mais tarde, o jornalista se dá conta que o fascínio de Leminski para com as ações guerreiras suicidas é uma estratégia usada para com a morte, criar uma lenda.
“Em Caprichos e relaxos, o foto poema de Leminski vestido com quimono, prancheta de escrita nas mãos, acima do trocadilho Kami quase.”
Como disse o autor da obra: “Coerente com sua visão de mártir poético, aprisionado pelo álcool, mas visando a uma ressurreição artística.”
Ligado à arte e à vida,” cult e pop”, continua encantando os leitores.
É uma narrativa tensa sem deixar de ser deslumbrante.
O jornalista analisa aspectos importantes da obra literária de Leminski que todo estudante deve conhecer.
Fonte: Livrólogos