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Malala inaugura a maior biblioteca pública da Europa
Por Bia Reis
As palavras e os livros podem, sim, libertar.
A paquistanesa Malala Yousafzai, de 16 anos, que ganhou proteção mundial ao defender o direito das meninas de ir à escola, inaugurou hoje na Inglaterra a maior biblioteca pública da Europa, na região central de Birmingham.
“Não há arma mais poderosa do que o conhecimento nem maior fonte de conhecimento do que a palavra escrita. Canetas e livros são armas que derrotam o terrorismo”, declarou a jovem, que vive na cidade inglesa desde outubro, após ter sobrevivido a um atentado praticado por militantes do Talibã.
A biblioteca abrigará pelo menos um milhão de livros, entre eles algumas joias da literatura inglesa, como o First Folio, de William Shakespeare, que compõem a primeira coleção de peças teatrais do dramaturgo. Também ficará no local o livro As Aves da América, de John James Audubon, avaliado em US$ 10 milhões. Antes de receber uma condecoração da instituição, Malala presentou a biblioteca com um exemplar de O Alquimista, do escritor Paulo Coelho.
O prédio, com nove andares, reúne mais de 200 computadores, teatros, uma galeria de exposições, salas de música e um jardim na cobertura.
Em 12 de julho, Malala fez um discurso histórico na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em que afirmou que os esforços para silenciá-la foram em vão. A jovem disse que as pessoas que a balearam têm medo de livros, de canetas e das mulheres. “Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo”, sentenciou na ocasião.
As informações são de agências internacionais.
Fonte: Estante de Letrinhas
Livro “O outro lado do paraíso”, de Luiz Fernando Emediato, inspira filme
*Baseado na obra de Luiz Fernando Emediato
Até o final deste mês de agosto -, o Polo de Cinema de Brasília se transforma na cidade de Taguatinga, na década de 1960, nos primeiros tempos do Distrito Federal. Foi lá que viveu, em 1963, a família do escritor e editor mineiro Luiz Fernando Emediato, quando saiu do interior de Minas Gerais em busca de uma nova vida na capital que os brasileiros estavam construindo. A saga desta família, encabeçada pelo pai Antonio, inspirou o livro O OUTRO LADO DO PARAÍSO, que chega agora ao cinema, sob as mãos do cineasta André Ristum. O filme – que começou a ser rodado no Distrito Federal – está orçado em R$ 7 milhões e é a maior produção cinematográfica já realizada em Brasília.
Diretor do premiado Meu País (6 troféus no Festival de Brasília, incluindo melhor direção e melhor ator para Rodrigo Santoro e escolhido melhor filme do ano no Prêmio SESI/FIESP 2011), André Ristum aceitou o desafio de levar esta história para as telas. Segundo Ristum, a trama tem duas grandes afinidades com ele, a primeira delas é a relação entre pai e filho, tema também do seu filme anterior, Meu País. “Isso me interessa muito sempre”, disse. A segunda é o Golpe Militar, que ele afirma ter atravessado sua vida: “Eu nasci e cresci fora do Brasil por causa disso”, explicou o diretor. Sobre o tema, Ristum inclusive já assinou um documentário, Tempo de Resistência, de 2004. “É um assunto que me interessa muito, especialmente agora que o Golpe está para completar 50 anos”.
Para montar esta narrativa, que faz uma reflexão sobre um momento determinante da história brasileira, Ristum convocou um elenco de peso, que inclui Eduardo Moscovis, Simone Iliescu, Jonas Bloch, Flávio Bauraqui e os jovens atores Camila Márdila e Iuri Saraiva, além de um time de nomes experientes do teatro/cinema de Brasília, como Murilo Grossi, Adriana Lodi e Bidô Galvão, além da jovem atriz e cantora Stephanie de Jongh. No total, serão 45 artistas do Distrito Federal envolvidos na produção e mais de 60 profissionais na equipe técnica.
O livro O Outro Lado do Paraíso, escrito por Luiz Fernando Emediato, já se tornou um clássico da literatura infanto-juvenil no Brasil. Foi publicado originalmente em 1981 e adotado em muitas escolas, tendo vendido aproximadamente 100 mil exemplares. Na obra, o autor conta, de forma ficcional, a história real da transferência de sua família do interior da pequena Bocaiúva para Brasília, no início da década de 60. Nele, o Golpe de 64 é visto sob o olhar de uma família anônima brasileira.
A história é narrada sob a ótica de Nando, um menino de 11 anos (vivido por Davi Galdeano). Ele relata as aventuras do pai, Antônio (vivido por Moscovis), um brasileiro sonhador e aventureiro de 37 anos que nunca teve um emprego fixo, vive viajando por garimpos e sonha com a “terra prometida”. Um dia, resolve ir para Brasília, que está sendo construída, atraído pelas promessas de reformas do governo de João Goulart. Mas logo vem o Golpe de 64 e os sonhos se tornam pesadelo de uma hora para outra. A aventura épica de um pai Quixote é vista pelos olhos do filho, numa mistura de admiração, amor, dor, orgulho e tristeza.
O roteiro final leva a assinatura de Marcelo Muller, roteirista do aclamado Infância Clandestina, que recebeu excelentes críticas nos festivais de Cannes, Havana, Toronto e San Sebastián, entre outros. O roteiro final contou ainda com a consultoria luxuosa do escritor cubano Senel Paz, autor de Morango e Chocolate, indicado ao Oscar e com vários prêmios internacionais, como o Urso de Prata de Berlim e o Goya.
As filmagens de O Outro Lado do Paraíso vão marcar a reabertura do Polo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, situado em Sobradinho/DF, fechado há 12 anos e recentemente reformado. No polo, o artista brasiliense Andrey Hermuche construiu uma cidade cenográfica que recria a cidade de Taguatinga do ano de 1963. A produção é de Nilson Rodrigues e Geração Filmes. A produção executiva é de Márcio Curi.
Para Nilson Rodrigues, o filme é uma metáfora do sonho interrompido: “É um belo conto, que fala de um período de grandes esperanças em Brasília e no Brasil. Mas também fala do sonho interrompido pelo Golpe Militar de 1964, a partir da perspectiva de uma família comum, que planeja reconstruir sua vida na nova Capital, suas expectativas e emoções”. E acrescenta: “Essa família não desiste de seus sonhos. É um pouco como o País, que não desistiu e se redemocratizou. A experiência frustrada dessa família reflete a experiência frustrada do Brasil, que naquela altura tentava se modernizar e teve o processo interrompido pelo Golpe”.
Este é o segundo filme brasileiro adaptado da obra de Luiz Fernando Emediato – que já teve seu conto Verdes Anos levado para o cinema, com direção de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil, e premiado com o Prêmio Revelação no Festival de Gramado.
O AUTOR
LUIZ FERNANDO EMEDIATO – Nasceu em 1951 em Belo Vale, MG, e passou toda a infância e parte da adolescência numa vida errante pelo interior do estado, porque o pai, Antonio Trindade, jamais criou raízes, apesar de ser filho e genro de fazendeiros. Em 1963, Antonio trocou a casa por um caminhão e foi para Brasília, que ainda estava em construção. Ali foi preso, em abril de 1964, por causa do golpe militar, e depois voltou para a fazenda do sogro, de onde afinal saiu, logo em seguida, carregando a família, para novas aventuras. A saga dessa família anônima, cujos sonhos são destruídos pelo golpe militar de 64, inspirou Emediato – já escritor – a escrever o livro O outro lado do paraíso, que serviu de base para o roteiro do filme de mesmo título, dirigido por André Ristum.
Emediato formou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e teve uma carreira brilhante no jornalismo: ingressou no jornalismo em 1973, como repórter no extinto “Jornal do Brasil”; foi para o jornal “O Estado de S. Paulo” em 1978 e lá ficou 10 anos, como repórter especial, editor e correspondente de guerra, até transferir-se em 1988 para o SBT, onde foi diretor-executivo de Jornalismo e de onde saiu em 1990, quando abandonou a profissão. Ganhou os principais prêmios do jornalismo: o Esso, o Rei de Espanha de Jornalismo Internacional e o Premio da Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP, entre outros.
Como escritor, Emediato ganhou mais de 30 prêmios literários, entre eles o “revelação de Autor” no lendário Concurso de Contos do Estado do Paraná, em 1971, quando tinha apenas 19 anos. Este concurso revelou, entre outros, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e Roberto Drummond. Emediato publicou nove livros, entre eles O outro lado do paraíso, Verdes anos, Os lábios úmidos de Marilyn Monroe, Não passarás o Jordão, A rebelião dos mortos e Geração Abandonada. Hoje, depois de ficar exatamente 30 anos sem escrever, Emediato está escrevendo um longo romance intitulado Perdição.Atualmente, Emediato é dono da editora Geração e consultor para políticas públicas de emprego.
O DIRETOR
ANDRÉ RISTUM – Começou a trabalhar em cinema na Itália, em 1991 e em 1995 atuou como assistente de direção de Bernardo Bertolucci em Beleza Roubada. No ano seguinte, foi assistente de direção de Rob Cohen, em Daylight. Em 1997, foi para Nova York estudar cinema. A partir de 1998 dirigiu vários curtas e longas documentários premiados: Pobres por um dia, Homem voa? (Melhor direção na Mostra de Goiânia e Melhor filme do Festival de Campo Grande), Tempo de resistência, De Glauber para Jirges (selecionado Hors Concours no Festival de Veneza e vencedor de vários prêmios no Brasil), 14 Bis (Melhor filme na Mostra de Goiânia e no Festival de Cabo Frio), Nello’s (vencedor do prêmio Canal Brasil no Festival É Tudo Verdade) e Meu País (vencedor de seis prêmios no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e Melhor Filme de 2011 do Prêmio FIESP-SESI de Cinema de 2012).
ATORES
EDUARDO MOSCOVIS (Antônio) – Carioca, estudou teatro no Tablado e na CAL – Casa das Artes de Laranjeiras. Um dos mais conhecidos atores da televisão brasileira, atuou em mais de uma dezena de novelas, desde sua estreia em 1990, em Top Model, até Alma Gêmea, de 2005. Também esteve em seriados como Os Normais, Pastores da Noite, Alice e As Cariocas. Recentemente, protagonizou o seriado Louco por Elas. Tem larga carreira no cinema, iniciada em 1997, com O Que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, Bella Donna, de Fábio Barreto, Bendito Fruto (Sérgio Goldemberg), até Cabeça a Prêmio (Marco Ricca), Corações Sujos (Vicente Amorim) e, recentemente, Amor em Sampa, de Carlos Alberto Riccelli, que acaba de ser rodado. Em teatro, já trabalhou em espetáculos como a remontagem de Eles Não Usam Black Tie, dirigida por Marcus Vinícius Faustini, produziu e atuou em Norma, de Dora Castellar e Tonio Carvalho, Por uma vida um pouco menos ordinária, sob direção de Gilberto Gawronski e Corte Seco, de Christiane Jatahy.
SIMONE ILIESCU (Nancy, mulher de Antonio) – Atriz paulista, teve sua formação no Centro de Pesquisa Teatral e Teatro Escola Célia Helena. Integrou o Teatro Vento Forte. Participou de espetáculos como Quem come quem, dirigido por Stephan Strouks, Medeia, do Centro de Pesquisa Teatral do SESC, sob direção de Antunes Filho, A Pedra do Reino(no qual atuou também como assistente de direção), e Prêt-à-Porter 9, todos dirigidos por Antunes Filho. Em cinema, sua carreira começou em 2009, com O Homem Mal Dorme Bem, de Geraldo Moraes. Seguiram-se Um Supermercado que Vende Palavras, de Marcelo Masagão, Homens com Cheiro de Flor, de Joe Pimentel, Bruna Surfistinha, de Marcos Baldini, Cores, de Francisco Garcia, e mais recentemente Riocorrente, de Paulo Sacramento. Na televisão, participou da novela O Profeta e das minisséries Maysa e Mad Maria.
JONAS BLOCH (Pai de Nancy) – Com 50 anos de carreira, formado também em Artes Visuais e em vários cursos de Teatro, foi professor de interpretação em Universidades, é ator, diretor, autor. Trabalhou em cinema, teatro e televisão. Em seu curriculum, há uma enorme variedade de experiências, indo de Shakespeare a comédias de costumes, de filmes ambiciosos a novelas leves e musicais. Entre seus trabalhos de teatro incluem-se Hamlet, Sonhos de uma noite de Verão (Shakespeare), Peer Gynt (Ibsen), Franck V (Durrematt), a participação na Mostra Internacional de Teatro de Montevidéu com Besame Mucho, em Portugal no Festival do Porto e de Vianna do Castelo com Senhor das Flores, em dezenas de peças como ator, às vezes como diretor e autor. Atuou em filmes internacionais, como Sigilo Absoluto (Discretion Assured), ao lado de Michael York, Woman on top; o italiano Butterfly, além dos nacionais como Caso Claudia,”Avaeté, O homem da Capa Preta, A Terceira Morte de Joaquim Bolívar, O dia da caça, Amarelo Manga, Cabra Cega (prêmio Fiesp, de melhor coadjuvante), entre muitos outros. Foi homenageado no 28º. Festival de Cinema Guarnicê, Maranhão e no de Canoa Quebrada, por sua trajetória. Com uma constante presença na televisão, vem participando de novelas e mini- series, como Corpo Santo, Mulheres de areia, A Viagem, Bicho do Mato, entre outras.
FLÁVIO BAURAQUI (Oscar) – Ator gaúcho, começou a fazer teatro em sua cidade, Santa Maria, depois em Porto Alegre até mudar-se para o Rio de Janeiro. Fartamente premiado por seu trabalho em cinema: por Ninjas, de Dennison Ramalho, recebeu o Prêmio de Melhor ator no 8º Festival de Cinema de Gramado; por Jardim do Beleléu, foi escolhido melhor ator no 20º Festival Ibero-americano Cine Ceará e no New York Short Film Festival; premiado como melhor ator coadjuvante do 11º do Cine PE e IV Prêmio FIESP, por Os 12 trabalhos; e melhor ator coadjuvante no Festival do Rio por Quase Dois Irmãos. Participou ainda dos longas-metragens Quincas Berro d’água, de Sérgio Machado, O Senhor do Labirinto, de Geraldo Motta, Meu nome não é Johnny, de Mauro Lima, Noel, o Poeta da Vila, de Ricardo Van Steen, Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, O Céu de Suely, de Karin Aïnouz, Cafundó, de Paulo Betti, Madama Satã, de Karin Aïnouz. Atua também em televisão – em novelas como Malhação, Caras e Bocas, Paraíso Tropical, além de seriados – e teatro. Também desenvolve carreira como intérprete musical.
CAMILA MÁRDILA (Suely, irmã de Nando) – Jovem atriz formada em Brasília em Comunicação Social pela UnB e premiada com o Prêmio Questão de Crítica 2012, como integrante do Melhor elenco pelo espetáculo Nada, dirigido por Adriano e Fernando Guimarães e Miwa Yanagizawa. Atuou ainda nos trabalhos Teatro Visual: o que ainda não tínhamos visto? e Resta Pouco a Dizer, com peças curtas de Samuel Becket, dirigidas por Adriano e Fernando Guimarães. Também sob direção dos brasilienses Adriano e Fernando, esteve em A Comédia dos Erros, de William Shakespeare, e A Casa, inspirado em A Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca. Em cinema, fez preparação de elenco dos curtas Virilhas, de Mariana Amaral e Ana Maria Ultra, e Procedimento Hassali ao Alcance do seu Bolso, de Saulo Tomé. Atuou nos curtas Pelo Caminho, de Vinicius Fernandes, 32 Mastigadas, de Maria Vitória Canesin, e Ainda somos os mesmos, de Filipe Vianna.
IURI SARAIVA (Ricardo) – Iniciou a carreira em 1998, trabalhando com teatro infantil. Profissionalizou-se em 2002 e desde então atua na cena do DF e outros estados. Como ator de teatro, esteve em trabalhos como Medeia-Gaia em fúria, dirigido por Luciana Martuchelli, Romeu Imaginário, com direção de Glória Teixeira, Ritos de Passagem e Vereda da Salvação, sob direção de Túlio Guimarães, O Terceiro Lar, dirigido por João Antonio, Dois de Paus, de Arthur Tadeu Curado, e Legionários da Capital, de Luana Proença. Dirigiu A Despedida. Em cinema, atuou no longa Uma Vida em Segredo, de Suzana Amaral, e nos curtas Deus-Arma, de Johil Carvalho e Sergio Lacerda, A Noite por Testemunha, de Bruno Torres (pelo qual recebeu os prêmios de melhor ator no 42° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e no 4° Festival Curta Cabo Frio), e A menor distância entre dois pontos, de Breno Figueiredo.
ADRIANA LODI (Professora Iolanda) – Atriz de teatro e cinema, é professora e desenvolve projeto de formação de atores. É coordenadora das atividades formativas do Festival Internacional de Teatro de Brasília – Cena Contemporânea desde 2007. Atuou em vários espetáculos como Bagatelas e Inventários (Guilherme Reis), Depois da Chuva (Daniela Diniz), Cabaré das Donzelas Inocentes (Murilo Grossi e William Ferreira), Os Demônios (Hugo Rodas e Antônio Abujamra), Aquilo que Serve de Lembrança (de Adriano e Fernando Guimarães); Projekt Ophélia (Fernado Villar); Fuck you Baby (Hugo Rodas); Cartas de um Sedutor (Genilson Pulcineli e Willian Ferreira), entre outros. Fez preparação de elenco no curta Suicídio Cidadão, de Iberê Carvalho. Atuou nos curtas Uma Questão de Tempo, de Catarina Accioly e Gustavo Galvão; Cidade Vazia, de Cássio Pereira; A Menina que Pescava Estrelas, de Ítalo Cajueiro; A Noite por Testemunha, de Bruno Torres, e Verdadeiro ou Falso, de Jimi Figueiredo. Prêmio de melhor atriz pelo curta Entre Cores e Navalhas, de Catarina Accioly, nos festivais de cinema de Guarnicê, no Maranhão, e em Triunfo, em Pernambuco. Atuou nos longas Um Assalto de Fé, de Cibele Amaral, e Se nada Mais der Certo, de José Eduardo Belmonte.
MURILO GROSSI (Padre Alberto) – Ator com larga experiência em cinema, teatro e televisão. Em cinema, atua desde 1995, tendo participado de filmes como A Guerra dos Canudos e Mauá – o imperador e o rei (de Sérgio Rezende), O veneno da madrugada (Ruy Guerra), A Concepção, Se nada mais der certo e Subterrâneos (José Eduardo Belmonte), Os Normais 2 – a noite mais maluca de todas (José Alvarenga Jr), Linha de Passe (Walter Salles e Daniela Thomas), Batismo de Sangue (Helvécio Ratton), Antes que o mundo acabe (Ana Azevedo) e mais recentemente Capitães da Areia (Cecília Amado) e Billi Pig (José Eduardo Belmonte). Em televisão, integrou o elenco de mais de uma dezena de novelas – Salve Jorge, Amor Eterno amor, Escrito nas Estrelas, Caminho das Índias, Paraíso, dentre várias outras. Também participou de várias minisséries, como A Grande Família, Toma lá dá cá, Maysa, JK, Malhação, Carga Pesada e A Diarista.
STEPHANIE DE JONGH (Marina) – Atriz e cantora. Atuou nos longas-metragens Meu País (André Ristum) e Um Assalto de Fé (Cibele Amaral). Em TV, participou do especial Nascemos para cantar, da TV Record. Vive em São Paulo desde 2006, onde já se apresentou no teatro com o musical Lado B – Mudaram as Estações.
Além das crianças DAVI GALDEANO, HENRIQUE BERNARDES, TAÍS BIZERRIL, MARIA JÚLIA SOUZA RUCINSCKI, PEDRO HENRIQUE.
PRODUTORES
NILSON RODRIGUES – Empresário, produtor cultural, diretor e roteirista de televisão, teatro e cinema, nasceu em Abadia de Dourados, Minas Gerais. Produziu os documentários Bernardo Sayão e o Caminho das Onças, dirigido por Sérgio Sanz; Josué de Castro – Por um mundo sem fome, Paulo Freire – Educar para transformar, dirigidos por Tânia Quaresma; a série de TV Impressões do Brasil, dirigida por Ronaldo Duque. Produziu e dirigiu o espetáculo e a série de TV Brasil Clássico Caipira. Em teatro, produziu e dirigiu Duas ou Três Coisas que Eu Sei Sobre o Amor de Martha Medeiros; e produziu Uma Professora Muito Maluquinha, de Ziraldo, e Tudo Por um Fio, ambas dirigidas por Marcelo Souza. É produtor associado do filme infantil Tainá 3 – A Origem e consultor de Qualquer Gato Vira-Lata, ambos de Pedro Rovai. Idealizou e produziu o Festival de Inverno de Bonito e o BIFF – Festival Internacional de Cinema de Brasília, do qual também é diretor geral. É diretor do CineCultura Liberty Mall e Coordenador Geral da Bienal Brasil do Livro e da Leitura, Brasília – DF.
MÁRCIO CURI – Cineasta, roteirista e produtor. Roteirizou e dirigiu, em parceria com Yanko del Pino, A TV que virou estrela de cinema (1993). Produziu os premiados Louco por cinema (Melhor Filme no FestBrasília 1994), Filhas do Vento (oito prêmios no FestGramado 2004) e mais 11 longas entre 2001 e 2012. Desde 2007, é curador e produtor do Teste de Audiência, evento idealizado em parceria com Renato Barbieri. Em 2006/2007 produziu o infantil A Casa do Mestre André, para a série Curta Criança da TVE e dirigiu o documentário Arte é pouco para um coração ardente, para a série Retratos Brasileiros do Canal Brasil. Em 2008 foi produtor-executivo e diretor-assistente da série “Sua Escola Nossa Escola, para a TV Escola do MEC. Em 2012, finalizou o longa-metragem A última estação, que também dirigiu.
Livro “O príncipe da privataria” na Carta Maior
Esqueçam o que escrevi, diriam os jornais
O livro O Príncipe da Privataria, de Palmério Dória, é uma lista extensa de pecados dos governos tucanos que jamais tiveram atenção do Ministério Público ou da Justiça. O jogo mais pesado foi feito para aprovar a reeleição de Fernando Henrique, parte de um projeto político verbalizado pelo então ministro Sérgio Motta de manter os tucanos no poder por 20 anos.
Por Maria Inês Nassif
O livro O Príncipe da Privataria, de Palmério Dória, lançado na semana passada, tem a qualidade de ser memória. Dez anos passados do final dos governos de Fernando Henrique Cardoso, um processo do chamado Mensalão que tomou oito anos de generosos espaços da mídia tradicional e uma viuvez inconsolável da elite brasileira – alijada do principal poder institucional, o Executivo, por falta de votos populares –, jogaram para debaixo do tapete a memória do que foi o processo de privatização brasileira e a violenta concentração de riqueza nacional que disso resultou.
Foi quase como se a mídia tradicional brasileira e a elite “moderna” que ingressou no capitalismo financeiro internacional na era Collor-Fernando Henrique Cardoso tivessem tirado as palavras da boca do próprio FHC. “Esqueçam o que eu escrevi”, teriam dito jornais e emissoras brasileiras, se perguntadas por que subtraíram de si próprios o mérito de ter, pelo menos, jogado luzes sobre a pesada articulação do governo tucano para dar mais quatro anos de mandato a Fernando Henrique, e sobre os interesses que se acumulavam por trás de um processo de privatização que, no mínimo, e para não dizer outra coisa, foi viciado.
Na ponta do lápis, a aprovação da reeleição a R$ 200 por cabeça (denunciada pela Folha, com três confissões de venda documentadas em gravações obtidas pelo jornalista Fernando Rodrigues, e uma previsão de que, no total, pelo menos 150 parlamentares venderam também o seu voto) e os prejuízos de uma privatização que concentrou pesadamente renda privada no país, além de desnacionalizar setores estratégicos para o crescimento brasileiro, resultam em valores muito, mas muito mais expressivos do que o escândalo do Mensalão, que os jornais (com a ajuda de declarações e frases feitas de ministros do Supremo Tribunal Federal) cansam em dizer que foi o maior escândalo de corrupção da história do país.
Nos dois casos – do governo Fernando Henrique e no escândalo maior do governo Lula, o Mensalão – os jornais denunciaram. A diferença para os dois períodos, todavia, foi a forma como a mídia enxergou os desmandos. No caso da compra de votos para a reeleição, jornais e tevês consideraram satisfatória a ação da Câmara, que cassou o mandado de três parlamentares que confessaram, para o gravador oculto do jornalista Fernando Rodrigues, terem recebido dinheiro para votar a emenda da reeleição. Os escândalos relativos à privatização foram divulgados muito mais como denúncias de arapongagem – escutas ilegais feitas por inimigos do programa de doação do patrimônio público a consórcios formados com dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, fundos de previdência das estatais e capital estrangeiro (em menor volume, mas com direito a controle acionário), do que propriamente indícios de ilícitos do governo.
O fato de os jornais, revistas e tevês simplesmente terem apagado de suas memórias edições desses períodos não chega, portanto, a ser uma contradição. Ideologicamente, nunca houve uma proximidade política tão grande entre os meios de comunicação e um governo eleito democraticamente no país. O projeto tucano era também o projeto de modernização acalentado pela mídia tradicional: uma economia aberta ao capital estrangeiro, desregulada, obedecendo à máxima liberal de que o mercado é o melhor governo para os dinheiros. Nos editoriais da época, os jornais centenários brasileiros expressam a comunhão, com o governo, dos ideais de um Brasil moderno, neoliberal, fundado na ordem que já havia ganhado o mundo e subvertido o Estado de Bem-Estar social europeu, que foi o modelo mais longevo de capitalismo com justiça social do mundo (talvez tenha sido este um golpe mais duro para a esquerda democrática do mundo do que propriamente a queda do Muro de Berlim).
Com ressalvas para denúncias de desvios que foram colocados na categoria de “pontuais”, jamais como “sistêmicos” – como se repisa no caso dos escândalos dos governos petistas – a imprensa embarcou no discurso a favor de “reformas estruturais” que, ao fim e ao cabo, representavam extinguir conquistas sociais e garantias de soberania da Constituição de 1988. No final dos governos FHC, os editoriais lamentaram não a corrupção sistêmica, mas o fato de o Congresso (e não o governo) não ter cedido ao Executivo e aprovado as demais reformas, que consistiam em reformar a Previdência e reduzir garantias do trabalho. Enfim, acabar com a herança getulista, como havia prometido FHC.
Quando se tira a história debaixo do tapete, conclui-se também que os oito anos de governos FHC, mais os tantos anos que sobraram do governo Collor – que sofreu o impeachment em 1991 – e os anos em que o governo Itamar Franco esteve dominado por intelectuais ligados a FHC e Serra e economistas da PUC do Rio, usaram todos os recursos disponíveis na atrasada política tradicional com o propósito declarado de “mudar” o país. Qualquer oposição era jurássica e estava exposta ao ridículo: a elite “moderna” desprezava o que considerava ser subdesenvolvimento cultural das esquerdas.
O jogo mais pesado foi feito para aprovar a reeleição de Fernando Henrique, parte de um projeto político verbalizado pelo então ministro Sérgio Motta de manter os tucanos no poder por 20 anos. A compra de votos foi generalizada no período, segundo farto material produzido pela mídia tradicional. Não houve ação da Polícia Federal, do Ministério Público ou da Justiça contra as fartas evidências de que a aprovação da reeleição foi uma fraude, proporcionada por mais de 150 votos comprados a R$ 200 mil cada um, segundo reitera a fonte de Fernando Rodrigues à época, agora entrevistado por Palmério Dória para o Príncipe da Privataria.
Da mesma forma, os indícios de vícios graves na formação dos consórcios que viriam a comprar o sistema estatal de telefonia, fatiado pelo governo tucano, nunca foram objeto de uma preocupação mais séria por parte do Ministério Público, ou jamais sofreram a contestação de um Supremo Tribunal Federal que, na era petista, imiscuiu-se em todos os assuntos relativos aos demais poderes da República.
Em 1994, consolidou-se um bloco hegemônico em torno de um governo. MP, STF, polícias – todos tinham chefe. Era FHC, mas o principal partido político não era o PSDB, e sim os jornais – assim como hoje eles se constituem no principal partido de oposição. O que aconteceu de 2002 para cá é que a unidade em torno do governo não existe mais, mas a hegemonia das outras instituições se impõe sobre os poderes instituídos pelo voto. O bloco hegemônico é o mesmo, exceto pelo governo e pelo Congresso, que dependem do voto popular. A unidade se faz em torno da mídia – que nega o que escreveu na última década do milênio. Dois pesos e duas medidas viraram uso corriqueiro por este bloco. Por isso é tão simples cunhar frases do tipo “nunca houve um governo tão corrupto” para qualquer um posterior ao período tucano, que vai de 1995 a 2002. E por isso esta simplificação não pode ser pedagógica: não reconhecer que há uma corrupção estrutural no sistema político é uma forma de mantê-lo inalterado. E, quando um presidente do bloco hegemônico for eleito, poderá usar esse sistema político atrasado, com o pretexto de “modernizar” o país, pagando o preço que ele cobrar.
Fonte: Carta Maior