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Com retorno ao papel, livreiros perdem o medo do apocalipse digital
Cinco anos atrás o mundo dos livros foi dominado pelo pânico coletivo em torno do futuro incerto da página impressa.
Os leitores migravam para novos aparelhos digitais e as vendas de livros eletrônicos cresciam, subindo 1.259% entre 2008 e 2010 e alarmando os livreiros, que viam os consumidores usando suas lojas para encontrar títulos que mais tarde comprariam on-line. As vendas de livros em papel caíram, livrarias enfrentaram dificuldades em permanecer abertas, e autores e editoras temiam que os e-books, mais baratos, pudessem arrasar seus negócios.
O receio do setor se concretizou em 2011, quando a rede de livrarias Borders declarou falência.
“Os e-books eram como um foguete em ascensão veloz”, comentou Len Vlahos, ex-diretor executivo do Book Industry Study Group, organização de pesquisas sem fins lucrativos que acompanha os movimentos do setor de livros. “Praticamente todo o mundo com quem conversávamos achava que o setor dos livros ia seguir o mesmo caminho que a música digital.”
Mas o apocalipse digital não chegou a se realizar, ou, pelo menos, não dentro do prazo previsto. Os analistas chegaram a prever que as vendas de e-books superariam as de livros em papel até 2015, mas, em lugar disso, as vendas digitais vêm caindo.
Há sinais de que alguns leitores que aderiram aos e-books estão voltando ao papel ou tornando-se leitores híbridos que alternam entre aparelhos eletrônicos e papel.
As vendas de livros eletrônicos caíram 10% nos primeiros cinco meses do ano, segundo a Association of American Publishers (a associação de editores americanos), que recolhe informações de quase 1.200 casas. No ano passado os livros digitais foram responsáveis por 20% do mercado —mais ou menos a mesma proporção que alguns anos atrás.
A queda de popularidade dos e-books pode ser um indício de que o setor de livros, apesar de não ser imune à reviravolta tecnológica, vai superar o tsunami da tecnologia digital melhor que outros tipos de mídia, como a música e a televisão.
Serviços de assinatura de e-books que seguem os moldes de empresas como Netflix e Pandora vêm tendo dificuldade em converter os bibliófilos em leitores digitais vorazes; alguns deles foram fechados. As vendas de aparelhos dedicados de leitura eletrônica caíram, com os consumidores migrando para os tablets e smartphones. E, segundo algumas pesquisas, os leitores jovens que convivem com a tecnologia digital desde sempre ainda assim preferem ler no papel.
A resiliência surpreendente do papel deu uma injeção de ânimo em muitas livrarias. Enfraquecidas pela recessão e pela concorrência da Amazon, as livrarias independentes estão dando fortes sinais de retomada.
A American Booksellers Association (Associação Americana de Livreiros) contabilizou em 2015 1.712 membros com lojas em 2.227 cidades, contra 1.410 membros e 1.660 cidades, cinco anos atrás.
“O fato de o lado digital do negócio ter parado de crescer nos favorece”, comentou Oren Teicher, executivo-chefe da associação. “Com isso, o mercado de livrarias independentes está bem mais forte hoje do que estava havia muito tempo.”
Ansiosos por tirar proveito da mudança, editoras estão injetando dinheiro em sua infraestrutura e distribuição de livros em papel. No final do ano passado a Hachette ampliou em 66 mil metros quadrados seu depósito de livros no Indiana, e a Simon & Schuster está acrescentando 60 mil metros quadrados à sua unidade de distribuição em Nova Jersey.
A Penguin Random House investiu quase US$ 100 milhões na ampliação e modernização de seus depósitos e no aprimoramento da distribuição de seus livros. No ano passado a empresa mais que dobrou a área de seu depósito em Crawfordsville, Indiana, acrescentando 111 mil metros quadrados de espaço novo.
“As pessoas falavam do fim dos livros em papel como se fosse apenas questão de tempo, mas o papel será uma parte importante de nosso negócio, mesmo daqui a 50 ou cem anos”, comentou Markus Dohle, executivo-chefe da Penguin Random House, que tem quase 250 selos em todo o mundo. Mais de 70% das vendas da companhia nos EUA são de livros de papel.
Em 2011 a empresa começou a oferecer entregas garantidas em até dois dias a livrarias independentes entre novembro e janeiro, o período de pico das vendas. Seu exemplo foi seguido por outras grandes editoras, incluindo a HarperCollins. As entregas mais rápidas permitem às livrarias fazer pedidos iniciais mais baixos e encomendar mais livros conforme a necessidade, algo que reduziu em 10% as devoluções de livros não vendidos.
A Penguin Random House também desenvolveu uma abordagem movida por dados ao controle dos estoques em papel de alguns de seus maiores clientes; é uma estratégia que emula o modo como empresas como a Procter & Gamble reabastecem automaticamente os estoques de sabão e outros artigos para o lar. Hoje a empresa rastreia e analisa mais de 10 milhões de documentos de vendas por dia, para fazer recomendações sobre quantos exemplares de um título qualquer uma livraria deveria pedir, com base em suas vendas anteriores.
“É muito simples”, disse Dohle: “só podem ser vendidos livros que estejam sobre as estantes.”
Na livraria BookPeople, fundada em 1970 em Austin, Texas, as vendas subiram quase 11% em relação ao ano passado, fazendo de 2015 o ano mais rentável na história da loja, segundo o coproprietário Steve Bercu. Ele atribuiu o crescimento de seu negócio em parte à estabilização da impressão e das novas práticas no setor de livros, como o chamado programa de reabastecimento rápido para livros.
“O medo avassalador que sentíamos do livro eletrônico se acalmou”, ele disse.
Outros donos de livrarias independentes concordam: estão assistindo a uma migração reversa para o papel.
“Estamos vendo as pessoas voltarem para o papel”, comentou Arsen Kashkashian, comprador de livros da livrara Boulder, em Boulder, Colorado. “Elas estavam lendo mais no Kindle e agora não estão mais, ou então estão lendo dos dois jeitos.”
Os livros digitais existem há décadas, desde que as editoras começaram a fazer experimentos com CD-ROMs, mas foi apenas em 2008, pouco depois de a Amazon lançar o Kindle, que realmente ganharam popularidade entre os consumidores.
O Kindle e os aparelhos que se somariam a ele depois, como o leitor eletrônico Kobo, o Nook, da Barnes & Noble, e o iPad, ganharam a adesão de milhões de pessoas, atraídas pela possibilidade de comprar títulos de modo instantâneo e fácil. As editoras contabilizavam aumentos enormes nas vendas digitais na época das festas de fim de ano, quando muitas pessoas ganhavam leitores eletrônicos de presente.
Mas esses índices de crescimento de dois ou três algarismos caíram muito quando os e-books perderam popularidade entre os consumidores, sendo substituídos pelos smartphones e tablets. Cerca de 12 milhões de leitores eletrônicos de livros foram vendidos no ano passado —uma queda grande em relação aos quase 20 milhões de 2011, segundo a Forrester Research. A parcela de pessoas que leem livros principalmente nos leitores eletrônicos caiu para 32% no primeiro trimestre de 2015, contra 50% em 2012, segundo pesquisa da Nielsen.
Outro fator que pode estar levando os consumidores a voltar ao papel é a alta dos preços dos livros eletrônicos.
Quando editoras negociaram novos termos com a Amazon, no ano passado, e exigiram a possibilidade de fixar os preços de seus próprios e-books, muitas começaram a cobrar mais. Com a redução da diferença entre o preço de um e-book de US$12,99 e um livro em papel, alguns consumidores podem estar dando preferência à versão em papel.
Na Amazon, as edições em papel com capa mole de alguns títulos populares, como “O Pintassilgo”, de Donna Tartt, e “Toda A Luz que Não Podemos Ver”, de Anthony Doerr, custam vários dólares menos que as versões digitais. As vendas de livros de capa mole subiram 8,4% nos primeiros cinco meses do ano, segundo a Association of American Publishers.
É quase certo que o cabo de guerra entre digital e papel ainda não chegou ao fim. Analistas do setor e executivos de editoras acham que ainda é cedo para declarar a morte da revolução editorial digital. Um aparelho novo e mais atraente poderia surgir. Cada vez mais pessoas já leem livros eletrônicos em seus celulares. A Amazon recentemente lançou um novo tablet por US$50, que poderá atrair uma nova geração de fregueses para a leitura de e-books (o Kindle da primeira geração custava US$400).
Também é possível que um número cada vez maior de pessoas ainda esteja comprando e lendo e-books, mas apenas não os de editoras tradicionais. A queda nas vendas de livros digitais relatada por editoras não leva em conta os milhões de leitores que migraram para os livros eletrônicos autopublicados, abundantes e baratos, muitos dos quais custam menos de US$1.
Na Amazon, segundo Russell Grandinetti, vice-presidente sênior do Kindle, as vendas de livros digitais continuam em trajetória ascendente. No ano passado a Amazon, que controla 65% do mercado de e-books, lançou um programa de assinatura de e-books com o qual os leitores podem pagar um valor mensal fixo de US$9,99 para fazer leituras digitais ilimitadas. A companhia oferece mais de 1 milhão de títulos, muitos deles de autores autopublicados.
Para alguns executivos de editoras, o mundo está mudando rapidamente demais para que se possa declarar que a maré digital esteja baixando.
“Pode ser apenas um momento de calmaria”, comentou Carolyn Reidy, presidente e executiva-chefe da Simon & Schuster. “Será que a próxima geração vai querer ler livros nos smartphones? Vamos assistir a uma nova explosão?”
Fonte: Folha de SP
Sem receber nada, aposentada resenha 1.348 livros de loja on-line em mil dias
Em 4 de fevereiro de 2013, Leila de Carvalho e Gonçalves sentou-se diante do computador para escrever sua primeira avaliação de livro na Amazon brasileira. Deu cinco estrelas para “O Assassinato de Roger Ackroyd”, de Agatha Christie.
Mil dias depois, completos no dia 31 de outubro, a aposentada de 57 anos está no topo dos avaliadores do site brasileiro da empresa de varejo on-line, com 1.348 críticas —todas escritas sem pagamento envolvido.
A saga de Leila começou no natal de 2012, quando ganhou um Kindle. Achou que não se adaptaria à plataforma de leitura —receio natural para alguém que, à época, tinha cerca de 5.000 livros físicos em sua biblioteca particular.
O temor não durou e, após dois meses, Leila avaliou a primeira obra. Nunca mais parou.
Uma tragédia levou a paulista a ter tempo livre para manter o hobby. Aos 43, ela descobriu que tinha colangite esclerosante primária –uma doença genética no fígado. Cinco anos depois, fez transplante e foi aposentada por invalidez.
Na época, ela cuidava de empresas da família em Jundiaí (SP). Sem poder trabalhar, passou a se dedicar à literatura.
Hoje, segue uma rotina rígida para dar conta de leituras e críticas. Acorda por volta das 6h, toma café da manhã e sai para caminhar. De volta, começa a ler e segue até a hora do almoço. Descansa até às 14h e retoma a leitura até o anoitecer. “Leio de seis a oito horas por dia. É como se fosse um trabalho”, diz.
Entre uma leitura e outra, arruma espaço na agenda para comentar –tempo que pode se arrastar por horas ou dias. “Não consigo fazer um comentário em menos de meio dia”, afirma. “Além da leitura do livro, preciso refletir e pesquisar para comentar.”
A avaliação de ‘Graça Infinita’, de David Foster Wallace, custou a Leila três dias. “‘Lolita’ [de Vladimir Nabokov] também é um livro difícil”, diz. “É um história tão dúbia quanto ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis.”
Quando uma avaliação toma muito tempo, ela publica o comentário de um conto ou outra leitura mais ágil “para fazer volume”. Também costuma resenhar diferentes edições de um mesmo título.
A maioria das avaliações leva mais de quatro estrelas e palavras elogiosas. Leila explica que, quando encontra um livro realmente ruim, prefere não avaliar. Isso não significa falta de critério no julgamento, mas sua maneira de fomentar a leitura.
“Tento evidenciar os aspectos positivos para não desestimular os leitores”, diz. “Num país com tão pouca gente lendo, com tão poucos interessados em livros, você escrever ‘horroroso’ na avaliação não contribui em nada.”
Do lado da Amazon, as avaliações dos críticos amadores têm grande importância. É o que afirma Daniel Mazini, gerente-geral de livros físicos da filial brasileira. “O sistema automaticamente coloca peso maior em títulos com boas avaliações, que começam a aparecer mais em recomendações”, diz. “E com as negativas, conseguimos descobrir algo de errado nos livros.”
Sem citar o nome da obra, ele comenta o caso de um box em que um dos livros estava repetido. “A editora não percebeu o erro e os clientes começaram a dar pouca estrela. Descobrimos a falha e tiramos o box da venda.”
Apesar da generosidade de Leila, há momentos em que ela economiza nas estrelas. Como na crítica feita a uma “edição abominável de ‘A Última Ceia do Doutor Fausto’ [de 1876, do escritor português Alberto Pimentel] que, talvez pela raridade, possa interessar a alguém, mas sem qualquer qualidade gráfica.”
Na capa desse volume, nota-se que “última” está sem acento agudo. Leila deu apenas uma estrela.
Fonte: Folha de SP
O menino que emprestava livros
Guilherme Roberto, fundador da Livreteria / VICTOR SOARES
A aposentada Juraci Nascimento era famosa em sua comunidade, o Morro do Zinco, uma favela do Complexo de São Carlos, no Rio de Janeiro. A senhora de 80 anos deixava as portas de seu sobrado sempre abertas, onde frequentemente organizava festas temáticas, como as de Natal, para cerca de 150 crianças em seu quintal. “Ela tinha uma lista de todas as crianças do Morro, com as suas medidas de roupa e de calçado. Com a ajuda de entidades parceiras da comunidade, distribuía um kit para a criançada toda no final do ano. Frequentei muito essas festas quando era menino. Dona Juraci me inspirou e me ajudou muito a ser o que sou”, conta Guilherme Vinícius Roberto, que hoje tem 30 anos e uma empresa social, fundada em sua homenagem. Faz um ano que ela morreu, então não chegou a conhecer o empreendimento que carrega o seu nome, a Livreteria Popular Juraci Nascimento. Mas, com certeza, ficaria orgulhosa. Assim como ela, a Livreteria tem como objetivo contribuir para melhorar a vida dos moradores da comunidade. E não cobra nada em troca. “Levo a literatura para as crianças do Morro, para que nutram o gosto pela leitura desde cedo. Quero consolidar um espaço na comunidade voltado para a cultura, para a arte e para a esperança”, conta.
Nos fins de semana, Roberto e sua equipe, formada por quatro jovens de 16 a 18 anos, sobem o Morro com um triciclo customizado, que carrega um armário de compensado cheio de livros. As portas se abrem em uma rua, escolhida por eles durante a semana, e as crianças logo aparecem para o início das atividades. “Contamos histórias e emprestamos livros. Se demoramos para voltar para uma rua, somos cobrados pelas crianças. Isso é muito gratificante para nós”, afirma Roberto.
A principal fonte de renda da Livreteria é o bolso do jovem empreendedor, formado em comunicação social, que trabalha de madrugada em uma produtora de clipping. No ano passado, o projeto chegou a receber 10 mil reais para sair do papel, da Agência Redes para a Juventude, um projeto de capacitação e inclusão de jovens apoiado pela prefeitura do Rio de Janeiro. Com esse capital inicial, a literatura itinerante ganhou vida no Morro. Em apenas um ano de existência, conta com 600 títulos, nacionais e internacionais, todos doados por entidades parceiras ou pelos próprios moradores da comunidade.
“Os jovens do Morro não têm perspectivas de ingressar no mercado de trabalho com bons empregos nem cursar uma boa universidade, pois não têm condições de pagar por isso. A ideia da Livreteria é garantir acesso gratuito ao conhecimento e instigar nos moradores, desde crianças, a buscá-lo em diversas fontes. Não é preciso dinheiro para adquirir gosto pela literatura e pelo conhecimento”, diz Roberto.
Para dar um passo à frente, ampliar o alcance do projeto, profissionalizar a gestão e transformá-lo formalmente em uma empresa, especificamente, em uma associação, o empreendedor está contando com o apoio do Social Starters, um programa de desenvolvimento de jovens transformadores, fundado pelas britânicas Anna Moran e Andrea Gamson em 2014. As primeiras rodadas do programa, que ajuda empreendedores de comunidades carentes a estruturarem seus negócios, ocorreu no Quênia. Depois, na Índia. Em junho deste ano chegou ao Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. O programa tem apoiado empreendedores das favelas cariocas com consultoria e workshops de gestão. Todo o trabalho é realizado por voluntários. A primeira edição verde-amarela contou com 12 voluntários dos Estados Unidos, da Europa e da Austrália, que vieram ao Brasil para transmitir conhecimento sobre comunicação e publicidade, definição de plano de negócios, estratégias de captação de recursos, recursos humanos, design e outros pontos-chaves de gestão de negócios. Também fizeram parte do projeto 7 tradutores brasileiros.
No Brasil, o Social Starters é dirigido pela britânica Jiselle Steele. “O nosso trabalho é o de promover a troca de experiências entre um grupo de voluntários, especialistas em suas áreas, e um grupo de empreendedores, que estão cheios de boas ideias, mas têm muitas dificuldades em desenvolver um negócio autossustentável”, explica. Jiselle sempre trabalhou com projetos sociais. Por 9 anos ela ocupou cargos em organizações sem fins lucrativos em Londres, para o desenvolvimento de iniciativas dentro do empreendedorismo social. No último emprego, que trabalhava o legado das Olimpíadas de Londres em comunidades carentes, veio ao Brasil atrás de parcerias, visto que o país sediará os jogos em 2016.
No Rio de Janeiro, conheceu as fundadoras do Social Starters e resolveu ficar de vez na cidade para estruturar o projeto no Brasil. O projeto tem parceiros nacionais, como o Instituto Eixo-Rio, da prefeitura do Rio de Janeiro, e a Secretaria da Cultura do Estado do Rio, mas a fonte de renda são os próprios voluntários. Os empreendedores recebem a consultoria de graça, por um período de cinco semanas. “Eles chegam até nós por meio dos nossos parceiros. São pessoas que gerenciam negócios em diferentes estágios de desenvolvimento. Alguns até já auferem lucro, mas não conseguem receita suficiente para expandir as operações, para contratar funcionários, para garantir um fluxo financeiro saudável”, afirma Jiselle. O projeto não culmina em aporte de dinheiro, mas contribui para dar um impulso aos negócios.
Roberto, da Livreteria, participou da primeira edição do Social Starters, em junho, e faz parte também da segunda rodada, que começou em novembro. “Da primeira vez foi muito valioso para a minha empresa, pois aprendi como levar o projeto a mais pessoas e como captar recursos por meio de editais de cultura. Nesta segunda etapa, quero conseguir me formalizar e, com um CNPJ, conseguir parcerias com empresas ou até buscar recursos com investidores. Para isso, a empresa precisa estar mais profissionalizada”, conta o empreendedor.
A segunda edição conta com a participação de 7 voluntários estrangeiros e 2 tradutores brasileiros. O Social Starters está apoiando 5 empreendedores desta vez.”A estrutura mais enxuta vem do aprendizado da primeira edição. Percebemos que, para atender melhor os participantes do programa, precisamos de um trabalho mais individualizado com eles, mais customizado a cada necessidade”, explica Jiselle.
Além da Livreteria, o Social Starters está “incubando” outros quatro empreendimentos, a ONG Urece, que trabalha com atletas com deficiência visual, visando aos Jogos Paralímpicos; a ONG Rio Vida, que promove treinamento para empreendedores das favelas carioocas; a loja Maria Chantal, especializada em roupas que refletem a cultura africana no Brasil; e a loja de roupas Snipper, voltada para o “empoderamento” do jovem negro brasileiro. “Nossos empreendedores identificaram um problema na comunidade onde atuam e já desenvolveram uma solução, mas não têm acesso às ferramentas necessárias para manter um negócio em pé. Acredito que o maior benefício do Social Starters é mostrar para esse empreendedor que ele não está sozinho e que ele é capaz de trilhar o seu caminho com as próprias pernas”, conclui Jiselle.
Fonte: ElPaís