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Carnaval 2012: Vai-Vai homenageará as mulheres brasileiras
A escola de samba Vai-Vai, campeã do carnaval de 2011, aposta no universo feminino e no apoio que as mulheres deram para a evolução do Brasil para conquistar o bicampeonato com o enredo Mulheres que Brilham – a força feminina no progresso social e cultural do país.
O desfile promete resgatar personalidades de diversas classes sociais e que marcaram o país e mostrar como elas foram vistas em diferentes momentos históricos, desde a Idade da Pedra até os dias atuais. Para retratar esse universo tão amplo, as alegorias irão destacar diferentes perfis e características das mulheres homenageadas, como as políticas, as guerreiras, as artistas e as mulheres comuns.
Além das mulheres comuns, ícones da história e diversas personalidades serão representadas: Tarsila do Amaral, Princesa Isabel, Maria Quitéria, Xica da Silva, Zélia Gatai, Elis Regina, Clarice Lispector, Zilda Arns, Paraguaçu, Dilma Roussef, Lígia Fagundes Telles, Chiquinha Gonzaga, entre outras.
Dentre as várias homenagens vale destacar a Imperatriz Leopoldina, mulher de Dom Pedro I, e a Marquesa de Santos, a famosa amante do monarca. Em entrevista ao Portal Terra o carnavalesco Alexandre Louzada afirma que as performances das alas são as que ele mais espera. “Haverá uma dança entre a Princesa Leopoldina e a Marquesa de Santos, que influenciaram a proclamação da independência. Será uma encenação que retratará com sutileza a rivalidade entre elas. O público vai se surpreender”.
Fundada em 1930, a escola foi campeã 14 vezes do carnaval paulista. Em 2011, conquistou o último título com o enredo “A Música Venceu”. Neste ano, a escola desfila com 31 alas, cinco carros alegóricos e 4mil componentes.
Conheça um pouco mais da história de Domitila de Castro, popularmente conhecida como marquesa de Santos
Titília e o Demonão:
Amor e paixão na maior descoberta de documentos da história do Brasil
Cartas do Imperador Dom Pedro I para a Marquesa de Santos que se imaginavam desaparecidas foram encontradas, quase dois séculos depois, pelo autor, num arquivo dos Estados Unidos, e revelam aspectos insuspeitados da vida sexual e política na corte imperial. Este livro vai ser um acontecimento na pesquisa histórica nacional. Transcritos e comentados com erudição ímpar, esses documentos profundamente humanos e de alto valor histórico nos mostram um jovem monarca impetuoso e apaixonado, bem humorado, que escreve coisas libidinosas à amante, tenta acalmar as crises de ciúme dela e tem também seus acessos emocionais. O livro revela um rico painel da vida cotidiana e política e dos costumes do Brasil durante o Primeiro Reinado.
O lirismo não está ausente nessas confissões tão íntimas:
Ontem mesmo fiz amor de matrimônio para que hoje, se mecê estiver melhor e com disposição, fazer o nosso amor por devoção. (carta 9)
Quase todas as cartas são assinadas pelo “fiel, desvelado, constante e agradecido amante”, mas o vocativo e a assinatura variam conforme a temperatura da paixão. Quando esta se encontra no auge, ela é “Titília” e “Meu amor”, ele é “O Demonão” ou “Fogo Foguinho”; à medida que vai esfriando, ele passa a ser “O Imperador” e “Pedro”, enquanto ela se torna “Filha” e “Querida Marquesa”.
Travessura literária
Correio Braziliense
Por Mariana Moreira
Peça encena a farsa da criação do suposto escritor JT Leroy pela norte-americana Laura Albert
O escritor americano JT Leroy surgiu como uma avalanche no universo da literatura. Durante a última década, publicou livros que revelavam sua infância infeliz, passada na Virgínia. Criado por uma prostituta de poucos recursos, desde cedo foi usuário de drogas e vítima de abuso sexual e violência. Seus relatos, traduzidos em mais de 30 países, acabaram ganhando a admiração de artistas como Madonna e Bono Vox. Para apimentar um pouco a trama, descobriu-se que JT, na verdade, nunca existiu. O personagem controverso não passava de uma travessura literária de Laura Albert. A trama rocambolesca é matéria-prima da peça JT — Um conto de fadas punk, que estreia hoje e segue em temporada até 11 de março.
Com direção-geral de Paulo José, em parceria com Susana Ribeiro, a peça foi escrita pela jornalista, escritora e dramaturga Luciana Pessanha, que chegou a entrevistar JT Leroy durante sua participação em um evento alternativo da Festa Literária Internacional de Paraty. O escritor era, na verdade, a jovem Savannah Knoop, modelo, atriz e cunhada de Laura. Na ocasião, Luciana chegou a perceber que o escritor tinha contornos muito femininos, mas se deixou levar pela comoção coletiva. “Você quer acreditar que alguém violentado, drogado que se f… para se salvar pela literatura consegue virar uma estrela internacional. Ele despertava uma coisa maternal”, explica a autora.
A trama que deu origem à peça é intrincada: cantora punk mal sucedida e funcionária de um serviço de Disque-Sexo, Laura Albert decide escrever um livro, batizado de Maldito coração, e cria JT Leroy. O menino prostituído, gay e vítima de transtornos mentais foi logo adotado pela comunidade literária underground. Laura manteve a farsa durante anos, alegando pânico social e comunicando-se, como JT, apenas por telefone.
Mas um dia foi preciso dar um corpo a essa personagem, devido a pressões do mercado editorial, e ela escolheu Savannah, que entrou para um círculo restrito de eventos literários, lançamentos e entrevistas. A farsa só foi descoberta quando o marido de Laura, Geoffrey Knoop, revelou tudo à imprensa. Na montagem brasileira (a primeira de que se tem notícia), coube à atriz Natália Lage dar vida ao autor maldito e à sua intérprete. “A peça faz a defesa da ficção e da necessidade de olhar para a arte como transgressão”, reforça a atriz.
Depoimentos
“A gente toma um pouco de liberdade sobre a história. Existe uma certa reconstrução”, avisa a diretora Susana Ribeiro. Além dos atores em cena, a montagem recorre a depoimentos de artistas sobre JT, projetados em tapadeiras, no fundo do palco. No estilo do espetáculo, há depoimentos dublados, legendados e entrevistados assumindo outras personalidades. A banda de Laura Albert também está presente. “Foi uma sacada do Paulo”, conta Susana. Em cena, os atores tocam a trilha sonora composta por Ricco Viana. A atriz Nina Morena, que se desdobra em cinco papéis diferentes, precisou aprender noções de bateria.
Embora façam um esforço para não aderir a nenhum dos lados da história, evitando tomar partido da autora ou dos leitores que se sentiram ludibriados, os diretores da montagem tratam de legitimar as ações de Laura. “O crime que ela cometeu é comum na literatura, de um autor se esconder atrás de diversas personas”, destaca Paulo José. O que o encantou, de imediato, no projeto, foi a teatralidade natural da história de Laura e JT, com cenas que ele classificou como curiosas. “É uma comédia cruel e impiedosa. É pop e punk”, define.
JT — Um conto de fadas punk
Texto de Luciana Pessanha. Direção geral de Paulo José. Direção: Susana Ribeiro. Com Débora Duboc, Natália Lage, Nina Morena, Hossen Minussi e Roberto Souza. De quinta a sábado às 21h, e domingo, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES, Trecho 2, Lote 22, 3108-7600). Ingressos a R$ 6 e R$ 3 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos. Até 11 de março.
Três perguntas – Luciana Pessanha
A Laura é uma impostora?
Não, ela é uma artista. Só deu corpo a uma personagem. Desde que o mundo é mundo, escritores mentem e ganham dinheiro com isso. Me encantei pela coragem e pela cara de pau dela de se jogar. Então, foi uma traição à morbidez das pessoas. Se elas queriam sangue, queriam saber que aquela dor é real, então foram traídas.
O que mais te interessou nessa história?
Ela discute a questão de não se prender a uma identidade fixa, rígida, a um mercado editorial rígido, do consumo de biografias. A ficção é tão maravilhosa, o negócio é fazer catarse. Conversei com um psicanalista sobre a diferença entre a leitura de biografias e a ficção. Segundo ele, se você lê uma história verídica, pode sofrer e se emocionar, mas tem um depositário. Você devolve a dor ao dono, o biografado. Mas quando é ficção, não há dono para aquela dor, e ela fica com o leitor.
Você já teve contato direto com ela? Ela sabe que há uma peça sobre ela estreando no Brasil?
Nos falamos por telefone duas vezes. Queríamos fazer contato, pagar os direitos. Tínhamos medo porque os direitos sobre a obra estavam presos. (Laura foi processada e perdeu os direitos sobre os livros que publicou sob o pseudônimo. Conseguiu recuperá-los há duas semanas). Mas temos autorização da Geração Editorial, que a publica no Brasil. Três advogados foram consultados e o que eles dizem é: tudo isso saiu nos jornais. No mais, foi um trabalho de chinês aposentado, reunindo histórias, livros, jornais e depoimentos. Ela sabe da peça e está muito feliz. Esse julgamento matou a personagem dela e a peça mantém JT Leroy vivo.
http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=27005
Livro esquadrinha vida e obra de Neil Gaiman
Fonte: Jornal Hoje em Dia – Belo Horizonte
05/02/2012 – Mosaico