ADHEMAR |
DEUSES DO OLIMPO |
||
OS VENCEDORES |
A VILA QUE DESCOBRIU O BRASIL |
||
O BRASIL PRIVATIZADO |
CENTELHA |
||
MALUCA POR VOCÊ |
NOS IDOS DE MARÇO |
Corrupção: sanguessugas do Brasil
Ameaças, desvios de dinheiro público, assassinatos: a história secreta de como políticos e empresários corruptos roubam o povo brasileiro
Sem o estardalhaço de outros lançamentos do gênero – talvez porque o assunto tornou-se, lamentavelmente, rotina nacional – foi lançado mais um livro do repórter político-investigativo Lúcio Vaz.
“Sanguessugas do Brasil”, da Geração Editorial.
Li as 272 páginas em três horas corridas, numa noite de festas em Brasília, que ontem completou, 52 anos. A mesma cidade-capital, centro dos poderes da República, onde circulam engravatados ladrões que, com o aval do voto, conseguem, estranhamente, fugir das punições. Lúcio Vaz conta sobre isso em detalhes.
Tristeza e alegria
Faço o registro do lançamento do livro com um misto de tristeza e alegria.
Tristeza por observar que, apesar do desempenho da imprensa, o sistema político-jurídico joga a favor do corrupto e oferece aval à fraude.
Alegria porque, trabalhando à época na mesma redação de Lúcio — o Correio Braziliense — conheci o início dessa espetacular investigação que conta a história real da “máfia das ambulâncias” e sobre a “máfia dos remédios”. E, hoje, vejo o trabalho concluído, com Lúcio presente, o que é mais importante, pois ele e outros repórteres viajaram Brasil afora com ameaças constantes.
Pior: a Polícia Federal sabia que ele estava na mira dos bandidos, mas sequer comunicou ao repórter ou ao jorna para precauções.
No esporte
E, assim como nos remédios, ambulâncias, máquinas caça-níqueis, estradas e ferrovias, a corrupção estão presente, também, no esporte. As entidades que formam o nosso sistema esportivo, repito, são caixas-pretas que precisam de luz investigativa oficial, ativa e efetiva, urgente.
Não é mais possível o Estado continuar jogando milhões no esporte de rendimento sem contar com eficiente esquema de controle dos gastos.
E não adianta alegar que os balanços são publicados e as contas estão disponíveis. Bobagens. Os balanços são peças burocráticas para cumprir a legislação, mas escondem números e valores.
Fica o registro comparativo porque, em tese, estamos falando das mesmas coisas, dinheiro público e corrupção.
O programa Segundo Tempo é exemplo recente sob todos os aspectos, principalmente de omissão do então ministro do Esporte, Orlando Silva, na fiscalização.
E, interessante, não se fala mais em João Dias… Por que será que o homem que denunciou a fraude milionária envolvendo, inclusive, o ex-ministro Agnelo Queiroz, silenciou?
Por Blog José Cruz
http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2012/04/corrupcao-sanguessugas-do-brasil/
O novo "estouro" de Lúcio Vaz
Humor fino em situações de conflito – O Leão e a Joia
Soyinka Wole – Geração Editorial – 141 páginas – Por Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos
O Leão e a Joia é uma fábula contemporânea que tem como cenário a pequena aldeia de Ilujinle, no país iorubá, onde a bela Sidi, a joia, é assediada por um jovem professor primário, Lakunle, treinado nos saberes ocidentais, disposto a erradicar a tradição em nome de uma europeização dos costumes, e por Baroka, o bale da aldeia, chefe tradicional e poderoso, que pretende, através do casamento com a jovem, manter o seu prestígio e poder, bem como perenizar a sua linhagem de leão da mata.
O autor explora com fino humor as situações de conflito, dentro das referências da cultura aldeã iorubá. O jovem professor modernizador tenta convencer sua amada das vantagens da ruptura com a tradição, ao passo que o velho Baroka, aos 62 anos, joga toda uma sabedoria ancestral para seduzir Sidi. Ele mesmo faz circular a falsa notícia de sua impotência sexual para depois convencer sua pretendida que o casamento com ela era uma prova para toda a aldeia da virilidade do velho leão, condição fundamental para a manutenção do seu poder e da continuidade da cultura tradicional.
Esta peça pode ser lida como uma busca de alternativas para as sociedades africanas no pós-colonialismo. A mera substituição de brancos por negros nas mesmas estruturas de poder colonial fracassou. A simples manutenção das culturas tradicionais não responde mais aos desafios da África contemporânea.
A escolha de Sidi pode ser a saída para a incorporação de novos personagens sociais (a mulher, por exemplo) em processos de modernização que respeitem as identidades tradicionais. Talvez este seja o verdadeiro sentido do “renascimento africano”.
O Leão e a Joia marca a estreia de Wole Soyinka no mercado editorial brasileiro; coube à Geração o privilégio de publicar este Prêmio Nobel de Literatura pela primeira vez no Brasil, país tão influenciado pela cultura africana. Este precioso volume é ainda valorizado pelo prefácio de um dos maiores especialistas em cultura afro-brasileira, o dr. Ubiratan Castro de Araújo, professor na UFBA e diretor da Fundação Pedro Calmon.
Sobre Wole Soyinka
Wole Soyinka nasceu em 13 de julho de 1934 em Abeokuta, próximo a Ibadan, no oeste da Nigéria. É autor de peças teatrais, romances e poemas, cuja qualidade lhe valeu o Nobel de Literatura em 1986: o primeiro africano a receber esse prêmio. Crítico incansável das ditaduras militares da Nigéria, teve de fugir algumas vezes do seu país; desde 1994, tem residido quase que exclusivamente nos Estados Unidos. Até hoje, continua a escrever e a criticar veementemente a corrupção e a opressão em cada canto de sua idolatrada África.
http://www.uel.br/neaa/biblioteca/indicacoes-de-leitura/o-le%C3%A3o-e-joia