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Máfia das Sanguessugas tramou morte de jornalista
A Planam foi primordial para a existência, sistematização e funcionamento de um esquema responsável por desviar ao menos R$ 10 milhões em compras indevidas de ambulâncias – por meio de emendas parlamentares. O valor é subestimado, segundo apurou à época o Olhar Direto.
A despeito de valores, as ambulâncias eram adquiridas na Planam para serem distribuídas em cidades pequenas, notadamente nos Estados da região Norte e Centro Oeste, como Rondônia, Acre e Roraima, no esquema nacionalmente conhecido como “Máfia das Sanguessugas”, apurado pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e demais órgãos de controle da União.
Sem a participação direta do deputado Nilton Capixaba (PTB), de Rondônia, no entanto, dificilmente a quadrilha teria conseguido espalhar seus tentáculos para além daquele Estado. Foi o deputado quem percebeu que, ao invés de utilizar somente o dinheiro destinado à saúde pública de cada município, era possível multiplicar a subtração sistemática de dinheiro estatal por meio das emendas ao Orçamento da União.
As revelações fazem parte de uma série de reportagens iniciadas pelo jornalista gaúcho Lúcio Vaz para o jornal Correio Braziliense num já distante 2004, época em que outro escândalo ocupava a mídia do país: o mensalão do Governo Lula.
O Olhar Direto também conduziu investigações paralelas, após evidências de enriquecimento ilícito dos integrantes do esquema. Pelo menos três parlamentares federais de Mato Grosso tiveram envolvimento direto no escândalo. Outros o fizeram de forma secundária.
Apesar do protagonismo cuiabano e mato-grossense, o livro vai destrinchando elos iniciados no Congresso Nacional e que vão se espalhando Brasil adentro, sempre com os mesmos atores: políticos de um lado e técnicos do governo e empresários corruptos de outro.
O sistema de licitações brasileiro prova-se, dentro do livro, absolutamente útil a todo tipo de esquema. A única exigência é a participação de pelo menos dois funcionários dentro de cada autarquia, especificamente os responsáveis pela instituição, abertura, apresentação e fechamento de cartas-convite e concorrências.
Outra revelação chocante no trabalho de Vaz é a facilidade com que políticos e empresários mandam assassinar jornalistas dispostos a investigar os esquemas. Conversas gravadas pela PF revelam até mesmo certa displicência em um diálogo entre Vedoin e Capixaba, sobre a possibilidade de “mandar matar o cara lá”, sendo “cara” o jornalista, autor do livro e causador das investigações.
Além do deputado e do empresário, faziam parte do esquema Aristóteles Gomes Leal Neto, Tereza Norma Rolim Félix, Bento José de Alencar, Francisco Rodrigues Pereira, Manoel Vilela de Medeiros, Maria Estela da Silva e Tabajara Montezuma Carvalho, todos denunciados pelo Ministério Público Federal de Mato Grosso em 2006.
Dama do teatro prestigia peça sobre a história da escritora dos livros Maldito Coração e Sarah
Fernanda Montenegro prestigia peça teatral no Rio.
A atriz Fernanda Montenegro foi clicada na noite desta sexta (27) no teatro do CCBB, localizado no Centro do Rio de Janeiro. Ela foi acompanhar a peça JT – Um Conto de Fadas Punk.
O espetáculo ‘JT – Um Conto de Fadas Punk’ traz ao público a história de JT Leroy, um jovem escritor consagrado como um grande fenômeno da literatura mundial, admirado por personalidades como Madonna, Bono Vox, Winona Rider.
A peça discute o que os sociólogos chamam de geração da imagem ou geração midiática, que é o tipo de geração que tem fabricado celebridades passageiras. No enredo, o público confere a história de um personagem inventado.
LeRoy é o pseudônimo usado pela autora norte-americana Laura Albert. Em 2005, surgiu um boato de que J.T. LeRoy era uma farsa criada pela frustrada escritora com o objetivo de alcançar o sucesso. Em Janeiro de 2006, o Jornal The New York Times revelou que a pessoa que se apresentava como LeRoy é na verdade uma atriz e modelo de nome Savannah Knoop.
Veja fotos:
J.T. Leroy, uma história nos palcos – O Globo
No Rio, a americana Laura Albert, que inventou a farsa JT LeRoy, vê peça sobre sua história
RIO – As mãos ainda tremiam e o suor não disfarçava o nervosismo da autora Luciana Pessanha. Da plateia do Teatro I do CCBB, na última quinta-feira, ela observava a escritora americana Laura Albert elogiar, no palco, a sessão recém-terminada da peça “JT — Um conto de fadas punk”, escrita por Luciana e inspirada na história de Laura. Para quem não lembra, Laura inventou um escritor — JT LeRoy — que fez o maior sucesso ao narrar, em suposta obra autobiográfica, sua suposta vida de abuso sexual, prostituição e drogas.
— Será que ela vai odiar, ou me agredir depois da peça? — cochichava Luciana, minutos antes.
Mas, enquanto a atriz Débora Duboc interpretava Laura e Natália Lage vivia JT LeRoy, a real autora dos sucessos de JT parecia se divertir.
— Eu achei a peça muito louca, mas adorei — disse a escritora, que voltou para mais uma sessão na sexta-feira.
Laura veio ao Brasil relançar, na Bienal do Livro de Brasília (de 14 a 23 de abril), dois best-sellers “de” JT: “Sarah” (1999) e “Maldito coração” (2001). É a primeira vez que esses livros recebem o nome real da autora na capa. O contrato com editora brasileira (Geração Editorial) e a montagem da peça fazem Laura acreditar que vive “realmente um novo começo”, como diz:
— Recebi propostas de pessoas que só queriam arrancar pedaços de mim. Percebi que a intenção da Luciana era diferente e sinto que as pessoas estão voltando a se conectar com a minha obra.
Ex-cantora de uma banda punk fracassada e operadora de disque-sexo por dez anos, Laura só se consagrou como escritora na pele de JT LeRoy. A história do livro “Sarah” é contada pela perspectiva de um garoto de 12 anos, Cherry Vanilla, que vive com a mãe — Sarah —, uma prostituta que faz ponto numa parada de caminhoneiros. Já em “Maldito coração”, a escritora dá voz a Terminator LeRoy, numa obra “autobiográfica” que acompanhava um atormentado travesti de 16 anos, drogado e com problemas mentais, que teria sofrido abusos na infância.
Para não revelar sua identidade, Laura e o então marido, Jeff Knoop, fizeram com que a irmã dele, Savanah, aparecesse em público como JT. Bono Vox, Madonna, Lou Reed, Gus Van Sant, entre muitos outros, diziam-se fãs e amigos do “escritor”, que esteve na Festa Literária de Paraty (Flip) em 2005, até que o caso foi revelado pelo “New York Times”, em 2006. Laura foi processada e acusada de falsária, perdeu amigos, marido e direitos sobre os escritos. Tudo isso ela pretende contar num livro que está escrevendo, para publicar ainda neste ano, quando também deve ser lançado um documentário sobre sua vida, do americano Jeff Feuerzeig, diretor do festejado “The devil and Daniel Johnston” (2005).
— Muita arte foi criada tendo JT como inspiração, mas, após a revelação, tudo que surgia era obscuro. As pessoas foram instruídas a se sentir enganadas, mas agora vou dar a minha versão dos fatos.