ADHEMAR |
DEUSES DO OLIMPO |
||
OS VENCEDORES |
A VILA QUE DESCOBRIU O BRASIL |
||
O BRASIL PRIVATIZADO |
CENTELHA |
||
MALUCA POR VOCÊ |
NOS IDOS DE MARÇO |
Um Nobel de Literatura entre nós
É bem provável, leitor, que você não conheça Wole Soyinka. Eu também não o conhecia até o início deste ano, quando ele esteve em Brasília e foi convidado para vir a Fortaleza durante a Bienal Internacional do Livro do Ceará. Procurei imediatamente livros do autor e descobri que o primeiro e único traduzido para o português é O leão e a joia, peça escrita nos anos 1950 e publicada na década de 1960, que ele autografou, em abril último. Encomendei o livro e avisei, na época, à livraria, que trouxesse mais exemplares, porque o autor viria a Fortaleza. Liguei hoje, enquanto escrevia este artigo e não existe em nenhuma livraria da cidade um único exemplar de O leão e a joia.
Esta é a primeira vez que recebemos um Nobel de Literatura entre nós. Há cerca de quatro anos, houve um movimento para a vinda do Mario Vargas Llosa, bem antes que ele recebesse o prêmio. O convite não se concretizou ou não foi aceito, nunca soube direito. Mas o fato é que quem recebe um Nobel de Literatura tem domínio quase perfeito sobre a arte da escrita. É um artista na essência da palavra. E, sendo escritor, o melhor que se faz é ouvi-lo após ler o que ele escreve. Até porque é uma oportunidade única ter um contato tão próximo com o excelente.
No caso do Soyinka – que eu divido, com convicção, que alguém da Secult tenha lido uma única obra dele no momento do convite – há ainda uma particularidade que o torna mais especial. Esse nigeriano tem uma atuação política importante no seu país, teve papel relevante na história recente da Nigéria, é um verdadeiro intelectual, desses que traduzem a realidade em arte. Livre. Ele escreveu romance, poesia, e escreve também ensaios, incluindo teoria literária.
Sem fazer aquela coisa engajada chatérrima, doutrinária e normativa, Soyinka produz literatura numa forma que dialoga com a teoria sartreana, defendida em O que é literatura, e que aponta para o verdadeiro “engajamento” entre arte e vida. O leão e a joia conduz o leitor aos intricados dilemas da sociedade nigeriana e sua cultura, imersa nos limites entre o tradicional e o moderno. Sutil, delicado, forte. O leão e a joia demonstra que Soyinka cria uma realidade ficcional pertinente e profunda. Vale muito a pena ler Soyinka.
E, também, ouvi-lo.
Fonte: O Povo
A sede do lucro
Você conhece a cena, ao menos nos filmes: o norte-americano enche um copo de água de torneira e bebe tranquilo.
Dá uma inveja danada em nós, brasileiros, que temos água sobrando e consciência faltando.
Primeiro que, antes de chegar na torneira de nossa casa, a água potável passa por tubulações enferrujadas e cheias de sujeira e bactérias.
Segundo que não dá para confiar nem um pouco na gestão pública da água.
Agora mesmo, aqui em São Paulo, o Ministério Público está processando a Sabesp pelo absurdo dela despejar esgoto in natura nos rios e represas. Isso que se chama jogar merda no ventilador: ela antes joga cocô na água que tratará depois.
Com um detalhezinho que pouca gente sabe: a água suja pode virar limpa, menos em hormônios e antibióticos. Não há tecnologia no mundo que consiga retirar o resíduo de milhões de remédios e hormônios derivados do sangue dos absorventes femininos, aqueles saindo pelas torneirinhas orgânicas de fazer xixi e estes descartados nos vasos sanitários.
Dos vasos para os rios e dos rios para nossas torneirinhas metálicas.
A consequência disso lá nos pântanos da Inglaterra e Estados Unidos se conhece (aqui no Bananão as nossas otoridades garantem que não há perigo): peixes, répteis e insetos trocando de sexo, machos virando fêmeas pela água contaminada.
Tudo bem, dirá o esclarecido e abonado leitor, eu só bebo água mineral.
Ótimo, parabéns, você sabe se cuidar e se livrar do perigo.
Chato apenas é que essa sua garrafinha de água provavelmente foi enchida, de graça, em alguma fonte natural e pública.
Lá em São Lourenço uma multinacional suíça já secou dois poços. Lá em Cambuquira outra multi faz a mesma coisa. Se pesquisar (www.circuitodasaguas.org, por exemplo), vai ver que essa é a prática antiga dos “fabricantes” em quase todas estâncias de águas minerais.
Um negócio milionário e maquiavélico: afinal quem fabrica a água é a natureza, basta engarrafar e vender.
Mas nem sempre se retira a água para comercializar: as vezes joga-se a água fora e tira-se apenas o gás carbônico das fontes.
E não estamos falando dos engarrafadores de fundo de quintal, que utilizam água de torneira mesmo.
É briga de cachorro grande capitalista que, fora do Brasil, vira um poodle obediente as leis do meio-ambiente.
Só existe um lugar onde os capatazes da escravidão das águas são uns anjinhos protetores ecológicos: na propaganda. Na vida real, eles mostram a face verdadeira de predadores, com plena conveniência dos governantes de ontem e de hoje.
Eles têm muita sede de lucro. E nós, de justiça.
Ulisses Tavares só confia naquela água que passarinho não bebe. Coisas de poeta.
Salão do Livro em Presidente Prudente
A Geração Editorial está presente no Salão do Livro em Presidente Prudente/SP, que começa hoje. O evento tem a entrada franca e vai até o próximo dia 28 . O estande da Geração é o número 26. Não deixe de nos visitar!
Salão do Livro Presidente Prudente
De 18 a 28 de outubro de 2012
Local: Centro de Eventos IBC
Horário de funcionamento: 2ª a 6ª | 9h às 22h Sáb. e Dom. | 14h às 23h
Entrada franca em todas as atividades