Na sexta-feira da Paixão leia entrevista com escritora espanhola que recriou o universo de Jesus
“O Segredo de Caifás” é um romance histórico com excelentes contextualizações dos contemporâneos de Jesus Cristo. José Caifás foi o sumo sacerdote por 18 anos e uma das pessoas mais influentes da sua época. A escritora espanhola Beatriz Becerra conseguiu recriar de forma magistral um personagem que tem poucas citações históricas. Ele foi o homem que condenou Jesus Cristo, após Pilatos ter “lavados as mãos”. Confira abaixo a entrevista que Beatriz concedeu para a Geração Editorial.
Geração – Como foi para a senhora recriar situações e diálogos dos contemporâneos de Jesus?
Beatriz – Extremamente complicado, porém muito emocionante ao mesmo tempo. Foi um grande desafio conseguir que tudo estivesse carregado de verossimilhança e intensidade, pois em nosso imaginário coletivo as imagens dessa época que chegaram a nós por escrituras, romances e, especialmente, pelo cinema estão muito assentadas.
Geração – A decisão de escrever sobre Miriam partiu do momento da descoberta da ossada de Caifás ou já era um desejo antigo?
Beatriz – Em 2004 encontrei, por acaso, a notícia sobre a descoberta, em 1990, do ossuário de Caifás (os primeiros e únicos restos físicos de uma pessoa mencionada na Bíblia). Me pareceu incrível que semelhante descoberta não teve maior transcendência e comecei a investigar sobre o personagem e seus feitos. Lendo o pouco que existe sobre Caifás, uma das cenas das Sagradas Escrituras que mais me chamou a atenção foi a da noite da prisão de Jesus, os personagens no pátio entre o palácio de Anás e de Caifás. Foi por essa razão que me deslumbrou essa porteira criada de enorme poder que permite a Pedro ter acesso ao pátio a pedido de João e logo o encurrala e põe em evidência com total segurança, até mesmo nega a Jesus três vezes. Esse poderoso personagem, que necessariamente conhecia aos discípulos e, portanto, a Jesus, que trabalhava no palácio de Caifás como, para mim, uma Miriam.
Geração – Quais foram às maiores dificuldades para recriar os fatos históricos, sem deixar Jesus e seus apóstolos em primeiro plano?
Beatriz – Sobretudo fugir de lugares comuns, clichês e inclusive de aspectos caricaturescos (especialmente no que se refere a Caifás) e me concentrar na distinção dos personagens, o tratamento muito exigente das histórias cotidianas e a força dos sentimentos mais intemporais.
Geração – A senhora acredita que tenha existido alguma Miriam real na época da história?
Beatriz – Absolutamente tudo o que conto no romance poderia ter sido assim. Não tenho dúvidas de que houve muitas mulheres sábias, determinadas e valentes naquela época, como em todas. Mas apenas em Miriam, por suas circunstâncias vitais, ocorre diversas situações, tão extraordinárias quanto cotidianas. Mas é um romance.
Leia a entrevista na íntegra em http://geracaobooks.locaweb.com.br/releases/?entrevista=246