O Leão e a Joia ganha crítica positiva no Estadão
Comediante e cultura africana inspiram peça de Soyinka
O LEÃO E A JOIA
Autor: Wole Soyinka
Tradução: William Lagos
Editora: Geração
(152 págs., R$ 24,90)
UBIRATAN BRASIL
O nigeriano Wole Soyinka inspirou-se em uma particularidade da vida de Charles Chaplin para criar a trama de sua peça O Leão e a Joia, lançada agora pela Geração Editorial, aproveitando sua vinda para a 1.ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que termina na segunda-feira, em Brasília. “Chaplin estava com 54 anos quando se casou com Oona, que tinha apenas 17. Os problemas e as soluções provocadas por essa enorme diferença foram meu ponto de partida”, disse Soyinka, prêmio Nobel de literatura de 1986.
O Leão e a Joia é uma fábula sobre uma bela jovem, Sidi, a joia, que recebe propostas de casamento, entre elas a do chefe da aldeia, o leão. Ela tem o poder da escolha e, a partir do confronto dos pretendentes (há, ainda, um jovem professor primário, que apenas valoriza os saberes ocidentais), Soyinka aproveita para exercer o seu principal interesse literário: defender a cultura iorubá.
Na peça, ele busca retratar criticamente o período pós-colonialismo, em que muitos países africanos mantiveram os comportamentos dos antigos opressores. O fato de Sidi ter o direito de eleger seu marido e de não aceitar um papel passivo no harém do chefe da tribo reflete a evolução feminina que, embora lenta, contribui para mudanças estruturais no continente.
Em Brasília, Soyinka instigou a plateia a pensar na intolerância gerada pelas religiões; a peça, encenada pela primeira vez em 1959, perpassa pelo mesmo assunto, sempre em busca de um processo de modernização produtivo e nada predatório.