Release – Rio Adentro – poemas – Jorge Ferreira
Sim, a vida é uma fusão de momentos que fermentam em nossa consciência, em nossa alma, sedimentam com o passar dos anos e vão decantando como um bom vinho. Só então poderá ser servido. Chegou a hora, então. Vamos brindar. Jorge Ferreira coloca em nossa mesa Rio Adentro, repleto de poesias de um tempo que começou em Cruzília, Minas Gerais, 52 anos atrás. Sociólogo por formação, ele, que já foi sindicalista, lutou contra a ditadura e abriu diversos restaurantes, a maioria em Brasília, pois ninguém vive de brisa. Jorge diz que anda muito doente ultimamente: “Um médico-poeta, amigo meu, já diagnosticou: estou doente de poesia”.
A poesia costuma “vitimar” pessoas que veem e sentem coisas que os mortais comuns não percebem. Rio Adentro está repleto de momentos saudosos, de passagens da infância, de amigos, parentes, e até dos que já se foram. Mas as saudades do autor saltam desta obra remoçadas, cheias de vida, de vigor, para nos ensinar que lembrar é mais do que reviver – é refazer os momentos. Jorge, também autor de Fazimento, seu primeiro livro de poesia, diz que pretende sorver até a última gota de vida e que sempre teve os olhos e sentimentos voltados para o profundo. “Mirei mais para o oceano que para a ilha”, diz em um de seus versos.
Para ele, “doloroso é perder a vida e os gozos que ela me dá”. E continua acreditando na humanidade: “Quis salvar o mundo, ainda que ele não quisesse”. E se mantém fiel a si mesmo: “Com o tempo, feito cobra, adquiri outras peles. Em cada uma delas, me exerci sempre igual a mim”. Para o poeta, morrer não é difícil: “O difícil é a vida e o seu ofício”. E faz humor em alguns breves poemas, como haicais. Na poesia Arredondando a filosofia, por exemplo, escreve: “A bola disse: Só-craque. Sócrates”. Em Churrasco, diz: “Qual é a carne? A vida, malpassada”. E admite uma fraqueza: “Descobri noite adentro: para a morte falta-me talento”.
E assim, poeticamente, ele vai desfiando o fio da memória das suas cinco décadas bem vividas, sempre em companhia de poetas, escritores e músicos, como o compositor Fernando Brant, que fala do amigo e do poeta na contracapa de Rio Adentro. “Tudo o que ele viveu e vive é motivo para seu poetar. Ele abre seu coração, sua memória e seus sentimentos para que todos leiam sua alma lírica”, diz Brant, parceiro de Milton Nascimento em Travessia.
Já no prefácio, o também poeta Wilson Pereira observa que os poemas de Jorge Ferreira “surgem impregnados de vida, pois seus motivos temáticos são seus feitos, seus valores, seu jeito de ver e de viver o mundo. Sua vivência e convivência com a família, com os amigos, os companheiros de ideais, de prazeres e dores”.
Amigo do autor e também mineiro, o publisher da Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato, assinala que os versos de Jorge trazem, “por trás do verbo, imagens claras e potentes”, e que, às vezes, ele parece um menino destemido manejando o seu estilingue nas veredas de Minas Gerais. “Mas eis que surge, de repente, um perfeito guerrilheiro das palavras, um ser montanhês, cuja origem não podia mesmo ser outra”.
Como diz Wilson Pereira no prefácio, “melhor que explicar o rio, é nele mergulhar, para sentir o rio por dentro, nós adentro”. Um livro curto, rapidinho, mas com poemas bem escolhidos. Tão saborosos como pães de queijo bem quentinhos, tirados do fogão a lenha, sem pressa nenhuma.
Rio Adentro
Autor: Jorge Ferreira
Formato: 16 x 23 cm.
Páginas: 96
Categoria: Poesia
ISBN: 978-85-8130-011-5
Cod. de Barras: 978-85-8130-011-5
Preço: R$ 30,00
[…] lugar – Vai receber as obras “No Caminho, com Maiakovski”, “Rio Adentro”, “Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século” e “Blackbird Singing – O canto do […]
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