Leitura de romances provoca alterações cerebrais similares as da vida real
Os efeitos duram pelo menos cinco dias depois da apreciação do livro
Por Roberta Machado
“Um grande livro deve deixá-lo com muitas experiências e um pouco exausto no final. Você vive várias vidas enquanto lê. ” A frase de William Styron resume o sentimento que muitos dos leitores mais apaixonados vivenciam quando terminam uma obra envolvente. É comum, afinal, que pessoas percam o fôlego ao acompanhar as aventuras do capitão Ahab em busca de Moby Dick ou que se reconheçam nos dilemas vividos pelos personagens criados por Jane Austen.
Mas, talvez, o escritor de A escolha de Sofia não soubesse que sua descrição das emoções da leitura fosse muito apropriada também para os efeitos que uma boa ficção têm no cérebro humano. Uma pesquisa recentemente realizada nos Estados Unidos mostra que ler um romance causa mudanças nas conexões neurais similares às que ocorreriam se a pessoa realmente tivesse vivido as experiências dos personagens fictícios.
O estudo, publicado na revista especializada Brain Connectivity, descreve como um grupo de 21 voluntários teve os cérebros examinados antes, durante e depois de uma maratona de leitura. Todos foram submetidos a cinco sessões diárias na máquina de ressonância magnética funcional antes de embarcarem na ficção. Depois, os participantes foram apresentados ao livro Pompeia, de Robert Harris, que serviu de estímulo para os cérebros examinados.
Fonte: Correio Braziliense