Honoráveis Bandidos entre os mais vendidos da Livraria da Folha
Entenda porque após 3 anos de lançamento o livro “Honoráveis Bandidos – um retrato do Brasil na era Sarney”, do jornalista Palmério Dória, ainda estampa a lista dos mais vendidos da Livraria da Folha.
UM LIVRO NECESSÁRIO
No centro de São Luís, dois do povo conversam:
“Qual a pior coisa do Maranhão?”
– “A família Sarney.”
“Qual a melhor coisa do Maranhão?”
– “Ser da família Sarney.”
O diálogo faz parte do anedotário maranhense e ganhou sabor nacional quando José Sarney ocupou pela terceira vez a presidência do Senado, em 2 de fevereiro de 2009. Todas as conexões da famiglia, assim mesmo, no sentido mafioso, vieram a público. Um escândalo atrás de outro se revelava.
Com 50 anos de vida pública, o político mais antigo em atividade no país começava sua descida ao inferno. É a partir dali que este livro puxa o fio da meada. E compõe, com as ferramentas do melhor jornalismo, mas sem perder o bom humor, um retrato do Brasil na era Sarney. O Sarney velho de guerra, especialista em urna viciada, cria de coronel, cevado na ditadura, o Sarney da UDN, da Arena, do PDS, do PFL, da desastrada “Nova República”, do estelionato do Plano Cruzado, da cumplicidade no sequestro da poupança promovida por Collor em 1990, do loteamento do setor elétrico. O coronel eletrônico fechado com qualquer governo, enquadrado em formação de famiglia.
Não se forma uma famiglia sem grandes aliados do mesmo naipe. Ele se cercou de gente da pior estirpe, como Edison Lobão, um dos Três Porquinhos – quem se lembra desse episódio grotesco da história recente do Brasil?
Honoráveis figuras como Edemar Cid Ferreira, do liquidado Banco Santos; Renan Calheiros, Gim Argello, Agaciel Maia, Michel Temer, Wellington Salgado, Silas Rondeau, uma turma enrolada em tudo quanto é tipo de rolo. Toda a parentalha de sangue e suas histórias inacreditáveis, filho, irmão, neto procurados ou investigados pela Polícia Federal.
Este é um livro necessário. O historiador do futuro contemplará, como num painel, a época em que poucas vezes neste país se constituiu, à margem do poder legal, o verdadeiro e podre poder baseado na corrupção, em todos os seus sentidos. E o brasileiro de bem dos dias que correm entenderá por que às vezes lhe vem a tentação de desistir, por nojo, da política e dos políticos.
Contudo, leitura salutar. Conheceras causas da náusea ajuda a encontrar o remédio.
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“Antes do Sarney, um clã notório por formação de família, digo, formação de quadrilha, foi o dos irmãos Frank e Jesse James, no velho oeste americano.” RUY CASTRO, na “Folha de S. Paulo”
“O presidente Lula tem razão. Sarney não é igual à maioria dos brasileiros. Ainda bem. Quem é Sarney? Ele é o símbolo maior do atraso.” MARCO ANTONIO VILLA, historiador
“Sarney, salafrário, está roubando o meu salário!” “Sarney, ladrão, Pinochet do Maranhão!” Multidão enfurecida atacando o veículo que conduzia o então presidente da República, na Praça XV, Rio de Janeiro, em junho de 1987