Lançamento do livro No Hospital dos Brinquedos de Domingos Pellegrini
Quando um brinquedo se quebra, caso tenha a sorte de escapar do destino horrendo da lata de lixo, pode ir parar num hospital de brinquedos. E lá ficar à espera de conseguir estender, quem sabe, seu tempo de proporcionar alegrias a seu dono – ou ao irmãozinho do dono, a seu filho, a seu neto… Mesmo que haja essa perspectiva, acham que o brinquedo fica contente e se sente sortudo de estar num hospital? Claro que não! A maioria se ressente, fica emburrada, sente-se abandonada e diante do desconhecido – estarei eu aqui amanhã?
E não fazemos todos nós essa pergunta?
Principalmente quando o tempo já está mais avançado? “Estarei eu aqui amanhã?”
Com muita poesia e uma boa dose de bom humor, o premiado autor Domingos Pellegrini cria uma história cheia de candura que fala da velhice e da morte sem enfeites, melindres e desvios de assunto. Os brinquedos estão velhos e acabados: ponto. Sua vida (ao menos a vida útil) está quase no fim: ponto. Fato. Que não se evita e não se repara: voltar no tempo, voltar a ser novinho em folha? Isso está fora de questão. Porém, Pellegrini investe um tema que poderia remeter apenas a desespero e melancolia com esperança, alegria e a satisfação que vem de ter vivido uma vida boa.
Diz uma bola que chega tão destroçada que os brinquedos a dão por desenganada: “Joguei tanto!… Com crianças/ e com quem mais me quis!/ Agora vão me lavar,/ remendar aqui e ali/ para guardar de lembrança!/ E enfim vou descansar/ iluminada e feliz!” E, depois do seu depoimento, os brinquedos decidem que chega de tanto resmungo e que, já que estão ali, devem mais é brincar entre si e se divertir. E essa nota de amor pela vida, de respeito pela sua história pessoal, de gratidão por haver vivido e, acima de tudo, de desejo de viver ao máximo até o fim mais se evidencia quando, ao fim do livro, diz otimista o narrador: “Fazer o quê? / Cantar!/Se der pra consertar/Você será consertado/ E se não der, fique bem/ Sabendo que mesmo assim/ Você será sempre amado/ E com amor e sem medo/ Brincadeiras não têm fim”.
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SOBRE O AUTOR
O premiado romancista, contista, dramaturgo e autor de livros infantis Domingos Pellegrini talvez seja mais conhecido por romances como O Caso da Chácara Chão (2001) e O Homem Vermelho (1977), embora seja um autor bastante reconhecido na literatura infantojuvenil. Seu Mestres da Paixão (2007), por exemplo, obteve o terceiro lugar no Prêmio Jabuti – categoria livro juvenil. Autor profícuo, com mais de 50 títulos publicados, também participa de muitas coletâneas e antologias de contos no Brasil e no exterior (em países como Estados Unidos, México, Cuba, Alemanha, Itália, Chile, Dinamarca e França). Na Geração, publicou também Terra Vermelha.
SOBRE O ILUSTRADOR
Olá! Estudei Desenho Industrial e durante muitos anos trabalhei em projetos de Tecnologia, Meio Ambiente, Cultura, além de rodar por jornais e revistas. Mas o mundo dos adultos é muito sem imaginação, sem fantasia, criatividade. Um dia resolvi cair de sola, de cara e coração na Literatura Infantil. Desenhei uma porção de histórias, uma montoeira de personagens, tudo o mais alegre e divertido que pude. Ser criança é muito mais que um estado de espírito, é um estado de inteligência. Um abraço!