O novo "estouro" de Lúcio Vaz
Por Manoel Magalhães*
O jornalismo investigativo, em alta no Brasil, tem um nome respeitável. Trata-se do gaúcho de São Gabriel (RS), Lúcio Vaz, 34 anos de profissão, com quem tive o prazer de conviver por um bom tempo. Em 1979 eu trabalhava no Diário Popular e o Vaz no Diário da Manhã, onde era, entre outras coisas, fotógrafo. Egresso do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pelotas, desde cedo despertou para o jornalismo investigativo.
Àquela época, exercitando igualmente a liderança estudantil e sindical, membro ativo do Partido Comunista, Vaz já dava indícios do grande profissional que seria. Nas mesas de bar, sobretudo no Cruz de Malta, recanto de muitos jornalistas da época, onde o assunto, para variar, era jornalismo, o jovem e ambicioso repórter costumava falar de seus sonhos, entre os quais trabalhar em um grande jornal, fazendo matérias de repercussão.
Pois bem, vez. Em 1985, como era vontade de muitos jornalistas locais, mandou-se para Brasília (eu iria fazer o mesmo alguns anos depois), onde fez carreira, trabalhando na equipe de esportes do Correio Braziliente. Mas não era como jornalista esportivo que Vaz queria trabalhar. Desligou-se do Correio, ingressando no O Globo, ao mesmo tempo em que enviava material para o Sul, como correspondente do Jornal do Comércio de Porto Alegre. Logo, porém, seria contratato pela Folha dee São Paulo e sua carreira como repórter investigativo ganharia fôlego.
Seu primeiro livro no gênero é A Ética da Malandragem – no submundo do Congresso Nacional, editado pela Geração Editorial, investiga os “bastidores” do parlamento. Em sua obra vê-se um desfile de “baixarias”, tais como compra de votos, aluguel de partido, mordomias de toda ordem, sórdidos privilégios e etc. Um grande livro. Livro, aliás, que, embora não soubesse, fora sendo gestado aos poucos, desde Pelotas, à mesa dos bares, exercitando sua argúcia para desvendar “mistérios”.
Em seu novo livro, “Sanguessugas do Brasil”, também pelo selo da editora Geração Editorial, Vaz retoma o universo investigativo. A obra começa pelo mensalão e volta ao passado recente para expor as vísceras da Máfia dos Sanguessugas, que dá título ao livro, prosseguindo com uma radiografia dos lobistas em Brasília, desvios de verbas de infraestrutura, fraudes na distribuição de remédios, obras inacabadas, crimes ambientais praticados por indústrias papeleiras, fraudes na Ferrovia Norte-Sul e até – quem diria? – a apropriação escandalosa de bolsas de estudos destinadas aos índígenas, de acordo com o release da editora. Livro que, a exemplo do seu interior, irá provocar polêmica, tendo, merecidamente, destaque nacional.
*Jornalista e escritor, editor do Cultive Ler