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Poesias à flor da pele – 1º lugar
Insanidade – por Celena Carneiro
Quando sentiu sua mão
acariciando-lhe a nuca suada
seu corpo ainda dolorido
pediu mais
suas entranhas clamavam
sabia que estava dominada
precisava dele
do cheiro animal que exalava
a pele molhada
a pressão de suas mãos
em seu corpo trêmulo
sua respiração arfava
seu hálito quente
a boca entreaberta roçando-lhe a orelha
balbuciando palavras obscenas
a língua lambendo seu pescoço
os seios comprimidos em suas mãos
seu corpo másculo
impondo um ritmo selvagem
em uma cavalgada desenfreada
Sobre a autora:
Celena Carneiro é pedagoga e professora de literatura. Natural de Uberlândia no Triângulo das Minas Gerais, leva a vida cercada, literalmente, pelos livros, sua grande paixão. Publicou VOLVER, um livro de poesias em 2004. Em 2009 publicou seu primeiro romance, Morde na Bolacha junto com a Goiabada. Agora, no ano de 2012, se prepara para publicar um livro de contos.
14/03 – Dia Nacional da Poesia
Passei a sofrer de poesia.
Ando ocupado dela, por ela.
A imaginação invade minha intimidade,
Devassa meu passado
Acompanha‑me no meu trabalho.
Ando mastigando suas pétalas,
Trauteando músicas pelos cantos,
Falando do etéreo, do irreal, dos despojos da vida.
Sempre há uma palavra
Que teima em emergir do fundo d’alma.
Já não quero o remanso, apenas correnteza.
Trôpego, perdi a ideia do próprio corpo
Um médico‑ poeta, amigo meu, já diagnosticou:
Estou doente de poesia.
O pior de tudo, a doença não tem cura.
Não preciso dizer nada nesse meu desbotamento.
Não acredito mais no conforto do bispo
Nem no pobre perdão de Deus.
Agora, vou ficar assim:
Isento de saudade do meu outro eu,
Alheio, sem raiz, nem semente,
Despido da outra memória
Vou ser um andarilho dos meus versos.
Dar largas à imaginação, construir, quimeras,
Ficar concebido pelo pensamento vago,
Entressonhar, dar a seres imaginários
Vida, nomes e habitação
Entregar‑me ao devaneio, embalar ilusões.
Descobri nesse novo meu eu
Que o lençol da poesia é o tempo
E que só somos donos dele
Quando ele se esquece da gente.
Jorge Ferreira – poesia extraída do livro Rio Adentro