Romance fora de série, de Richard Paul Evans
Em nota ao seu romance A lista de Natal, o escritor norte-americano Richard Paul Evans nos conta como surgiu a ideia para o seu livro:
Quando eu estava na sétima série, o meu professor de Inglês, sr. Johnson, deu à nossa classe a tarefa intrigante (e algo macabra) de escrever nossos próprios obituários. O que me intriga mais com relação à tarefa do sr. Johnson é a oportunidade que ele nos deu de avaliar nosso próprio legado. Como queremos ser lembrados?
Quando comecei a escrever este livro, eu tinha dois objetivos. Primeiro: eu queria explorar o que poderia acontecer se uma pessoa lesse o seu obituário antes de morrer e visse, em primeira mão, o que o mundo realmente pensa dessa pessoa. O legado dela.
Segundo: eu queria escrever uma história natalina de verdadeira redenção. Uma das tradições da minha família nas Festas é assistir a uma montagem local de Um conto de Natal, de Charles Dickens. Não sei quantas vezes já assisti (talvez uma dúzia), mas ainda me sinto empolgado com a mudança ocorrida em Ebenezer Scrooge quando ele, de um estúpido avarento que era, se transforma num homem penitente, juvenil em espírito e cheio de amor no coração. Sempre saio da apresentação com um sorriso no rosto e uma resolução de me tornar uma pessoa melhor.
Foi assim que surgiu a história do implacável megaempresário James Kier, personagem inspirado no odioso avarento criado por Charles Dickens, Ebenezer Scrooge, que é visitado pelos fantasmas do Natal passado, do Natal presente e do Natal futuro. Antes de James Kier, Ebenezer inspirou outro avarento célebre: o Tio Patinhas, de Walt Disney.
Rico e inescrupuloso, Kier tem prazer em lesar os seus parceiros de negócios em benefício próprio. Ele costuma dizer: “Se você quer fazer amigos, entre para um grupo de bate-papo. Se quiser ganhar dinheiro, entre nos negócios. Só um tolo confunde os dois”. Kier trata todo mundo ao seu redor com desprezo, e tem o costume de higienizar as mãos com álcool gel toda vez que cumprimenta alguém. Insensível, pediu o divórcio à sua dedicada esposa de toda uma vida no mesmo dia em que ela foi diagnosticada com câncer, trocando-a por uma mulher mais jovem.
Um dia, lendo o jornal, Kier fica sabendo que um homem morreu num acidente de carro na noite passada, e que esse homem, segundo o jornal, não era outro senão ele mesmo, James Kier! Para sua consternação ainda maior, ao ler os comentários no site do jornal na internet, o “falecido” descobre não apenas que ninguém, nem mesmo sua namorada ou seus amigos mais chegados, lamenta a sua morte, mas que esta, pelo contrário, trouxe alegria a muita gente.