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 O Eterno Petralha - Geração Editorial Geração Editorial

jun 5, 2015
admin

O Eterno Petralha

por Ayrton Centeno

Há uma praga que ameaça o Brasil. Chama-se petralha. “O petralha é o demônio por trás da corrupção”, advertiu um grande homem. Petralhas, como os seus amigos nordestinos ou os sem terras e os sem teto, não gostam de trabalhar. Não se trata de fraqueza. É para atrair piedade. Parecem mas não são pobres. São uma raça de parasitas. Petralhas e outros vagabundos são os perpétuos parasitas. Assim como os ratos.

Uma pesquisa recente indica que petralhas e seus aliados são responsáveis pela existência de 34% dos pedintes, de 47% dos roubos, de 47% dos jogos de azar e de 82% das organizações criminosas em ação. Petralhas são adeptos do comunismo, doutrina de destruição de nações e da luta de classes, que brota de mentes como as de Karl Marx e de Rosa Luxemburgo.

Petralhas e seus iguais não querem nada com o trabalho. Deixam para os brasileiros. Tem um objetivo comum: explorar o país. Enquanto nós brasileiros empobrecemos, os petralhas enriquecem através de fraude, trapaça e usura.

São ladrões que roubaram milhões e milhões do país. Atacam em todas as frentes. Na cultura, promovem uma arte anormal, grotesca e perversa com exaltações à pornografia e à homossexualidade. Mas críticos de arte petralhas as enaltecem como “elevadas expressões artísticas”.

Atrás de tudo está a doutrinação petralha. Seus líderes são, acima de tudo, educadores políticos. A carta de princípios petralha encerra cinco mandamentos: 1) amai-vos uns aos outros; 2) amai o roubo; 3) amai o excesso; 4) odeie seu patrão; 5) nunca diga a verdade.

E assim tem sido. Mas este modo de pensar petralha está chegando ao fim. E não mais poluirá nossa nação.
Se o bravo leitor resistiu até aqui, mesmo ansiando por um engov, prepare-se: vai ficar pior. Porque o que se assemelha a um surto não é um surto, o que parece delírio não é delírio. E aquilo que aparenta ser apenas ficção ruim não é ficção ruim. É realidade ruim. De muito tempo atrás e, como se verá, de agora.

Substitua petralha e seus iguais por judeu, brasileiros por alemães, Brasil por Alemanha, grande homem por Richard Wagner, carta de princípios petralha por Canaã e você terá uma súmula da narração em off daquele que foi considerado “o filme mais imundo jamais feito”: O Eterno Judeu, de Fritz Hippler.

Seguindo as diretrizes de Joseph Goebbels, ministro da cultura e propaganda do Terceiro Reich, Hippler filmou o gueto de Lodz, na Polônia ocupada onde, atrás do arame farpado, o regime confinara 160 mil pessoas. Construiu uma ópera de ódio.

Na montagem, alternam-se cenas de judeus e de ratos. Ambos sujos, detestáveis, ameaças. Subjacentemente, induz-se a necessidade de serem dizimados. O fato de ser um documentário, com gente das ruas e não de atores, robustece a noção de veracidade embutida naquilo que descreve. Em tese, desvela o real, aquilo que o olhar do espectador captaria se estivesse em Lodz. Essa a ideia. Persuadir que algo tão desprezível não merece subsistir. Apronta-se a opinião pública para a solução final.

A analogia entre o inimigo engendrado e as moscas e roedores também é um presságio do modo de operação dos vernichtungslagers, os campos de extermínio. Pestes, os judeus seriam erradicados através de um pesticida, o Zyklon B, que paralisa o sistema respiratório. O Eterno Judeu chegou às telas em 1940. Em setembro de 1941, o Zyklon B estreou em Auschwitz.

Quem vê Der Ewige Jude – está no You Tube – percebe a assombrosa afinidade entre sua escrotidão e a matéria fecal transbordante das caixas de comentários e nas redes sociais. Mas, ojo, o narrador insinua mas não explicita a opção pelo genocídio. Ou seja, a ferocidade está aquém daquela ostentada na internet em 2015. Não duvide disso.

“Tem que começar a exterminar essa raça”, preconizou o internauta Carlos Zanelatto ao saber que o ex-presidente do PT, José Genoíno, poderia cumprir sua pena em prisão domiciliar. “A solução é começar a matar”, concordou outro, identificando-se com o número 010190. “Eu quero a cabeça dele. Pago em dólar”, bravateou Maurício P. Se a sensibilidade feminina faltava ao debate, Márcia TDB supriu a carência: “Dá nojo olhar pra esse safado. Morre camundongo da caatinga”.

Ante a observação de que “o porco sujo” deveria ter sido largado no mato “para ser comido vivo pelas onças”, um tal Denys divergiu: “Culpa foi não ter matado a Dilma”. TSilva111 discordou do discordante: “Culpa disso são (sic) os militares. Deveriam ter acabado com toda essa raça de bandidos na ditadura militar”. Fernando Amorim também xingou os milicos: “Porque diabos não mataram esses vermes na época da ditadura?”

É mole? Não, mas tem mais.

Avisando que seu recado era “sangrento”, João Neto informou que teria “o prazer de fuzilar qualquer petista”. Para ele, “nada irá mudar enquanto não começarmos a invadir as casas desses bandidos e pendurá-los pelo pescoço em praça pública…” Hemer Rivera foi logo buscar a faca e a corda: “Sou a favor disso, pendurar nos postes sem cabeça sangrando e deixar amanhecer para que todos vejam que político corrupto, merece ser decapitado”.

Bastou o ex-ministro José Dirceu sofrer um princípio de AVC, para uma internauta postar no Facebook: “Estamos juntos AVC. Não mata não, por favor, só deixa ele vegetativo, cagando na cama.” Recebeu 844 curtidas. Quando soube que Lula sofria de um tumor na laringe, um cidadão penalizou-se: “Tenho dó do câncer ter que comer carniça petralha”. Outro sugeriu apelar aos EUA “para assassinar Lula e Maduro”. Alguém gritou “Sou a favor. Amém” mas um terceiro propôs um caminho mais direto: “Porque não matamos esse filho da puta do Lula?”

E o que viria depois que “a vaca comunista”, “a puta da Dilma”, o “filho da puta do Lula”, os “vermes”, os “porcos”, a “escória”, a “raça”, a “sujeira”, os “vagabundos”, o “lixo” e – claro – os “ratos” fossem extirpados da face da Terra?

Um certo Rogério Bento rabiscou o novo programa de governo, com direito à “trinta anos de regime militar direitista”, mais “educação cristã”, “estado de sítio”, “pena de morte” e “criminalização do aborto, das ideologias esquerdistas, ateístas, gayzistas e dos direitos dos bandidos”.

Será que o nazista Hippler a serviço do nazista Goebbels insertaria tais falas no filme nazista de ambos? Difícil acreditar. Mesmo os nazistas tem limites. Formais, ao menos.

Sob Hitler, o patrocínio do ódio era oficial, bancado por um estado totalitário. Aqui, os haters são opositores da democracia sob uma democracia. Escancaram as bocarras para rugir sua ferocidade. Diferentemente de 1933 – e de 1964 — são leões desdentados.

Na Alemanha, o fascismo se serviu do governo. Que alimentou, pela propaganda, o horror aos judeus, eslavos, ciganos, comunistas, homossexuais. No Brasil, ao reverso, o governo é o inimigo a ser devorado. Na Alemanha, a escalada de Hitler à chancelaria do Reich foi atapetada pelos jornais de Alfred Hugenberg, o grande magnata da mídia. No Brasil, o governo vive sob estado de sítio midiático há 12 anos. Onde velhas vozes, dia após dia, tangem seu alaúde para lastimar a teimosia petralha em continuar existindo.

São, portanto, situações distintas. O que não muda, salvo alguma cor local, é o fascismo. Seu ingrediente básico é a frustração. Sova-se esta massa, umedecendo-a com algumas colheradas de ignorância e um copo cheio de cólera para fermentar. Deixa-se crescer. Quando as três partes estão bem misturadas, acrescentam-se porções generosas de irracionalismo, machismo, xenofobia, homofobia e intolerância e leva-se ao fogo alto. Na cobertura, um tanto de negação do outro, suspeição da cultura e força bruta.

Sociedades que engolem a gororoba nefasta desembocam, no seu extremo, nos vernichtungslagers. Outras vezes, na maioria, no borbulhar de uma ira estéril porém daninha. Temerosas da ascenção das camadas subalternas, as classes médias são bastante permeáveis ao cardápio. Na expressão de Umberto Eco, elas representam “o auditório do discurso fascistizante”. Mas, aqui, quem as nutre? Quem segrega o rancor espesso que se funde, engrossa e expande como uma nuvem tóxica? Quem ceva a escuridão?

Há uma resposta bem conhecida. Por ironia, de um judeu. O fato de não ser nova não significa que não deva ser apreciada. “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”, pressagiou o jornalista e judeu húngaro Joseph Pulitzer. Diga que o velho Pulitzer não tem razão.

Fonte: Sul21

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