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 Nolbel de Literatura é destaque na Folha de S. Paulo - Geração Editorial Geração Editorial

abr 16, 2012
Editora Leitura

Nolbel de Literatura é destaque na Folha de S. Paulo

Livros – Nobel nigeriano ganha homenagem e 1ª edição no país

Wole Soyinka lança ‘O Leão e a Joia’ e fala nesta noite na 1ª Bienal Brasil, que é inaugurada hoje em Brasília

“Me incomodava um tipo de apreciação falsa e simplista da cultura europeia”, diz vencedor do prêmio de 1986

ALEXANDRA MORAES
EDITORA-ADJUNTA DA “ILUSTRADA”

Primeiro africano negro a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1986 -o franco-argelino Albert Camus, branco, foi laureado em 1957, ele mesmo faz questão de lembrar-, o nigeriano Wole Soyinka escreveu sobretudo peças de teatro, mas também poemas, romances e ensaios ao longo de mais de 50 anos.

Entre a vida na Nigéria e as aulas que ministra na Califórnia, Soyinka, 77, vem ao Brasil nesta semana para participar da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília.

De carona no evento, pela primeira vez uma das obras do autor ganha edição nacional: trata-se de “O Leão e a Joia”, peça elaborada no finzinho dos anos 1950, que sai pela Geração Editorial.

“Era o começo da minha escrita mais profissional”, conta o autor, que, quando compôs o texto, estudava literatura inglesa em Leeds, na Inglaterra.

Na peça, o “leão” é o chefe de uma aldeia iorubá, o velho Baroka, e a “joia” é a moça mais bonita do povoado, Sidi. Ela é cortejada ao mesmo tempo por Baroka e por Lakunle, um professor primário que tentava emular costumes dos colonizadores ingleses no local.

Para Soyinka, o que está em jogo no texto é menos um choque de civilizações e mais a evidência de uma situação ridícula. “O que me incomodava mais era um tipo de apreciação falsa e simplista da cultura europeia.”

“A atração pelas características mais superficiais da tradição ocidental, representada pelo professor Lakunle, estava presente na crescente classe média do fim do período colonial nigeriano [1800-1960]”, afirma.

“Soyinka sempre manteve uma posição muito crítica ao reconhecer os problemas causados pela colonização, mas, ao mesmo tempo, expor os desmandos dos novos donos do poder”, afirma a professora da UFMG Eliana Lourenço de Lima Reis, autora de “Pós-Colonialismo, Identidade e Mestiçagem Cultural: A Literatura de Wole Soyinka”, escrita em 1999.

“Assim, suas sátiras atacam com extrema virulência (e bastante ironia) as ditaduras que assolaram o continente africano por várias décadas”, continua.

“Em muitos países africanos, o período colonial não terminou. Ou, se terminou, deixou substitutos em seu lugar”, diz o próprio Soyinka.

POLÍTICA

Preso durante dois anos por ter tentado promover um acordo durante a Guerra Civil Nigeriana -a tentativa de independência de Biafra, que terminou com uma estimativa de mortos de fome que rondava o milhão-, em 1967, e atuante nos vários períodos de instabilidade política na Nigéria desde a independência, Wole Soyinka fundou um partido, em2010, aFrente Democrática pela Federação do Povo.

“Não tenho mais interesse em política. Eu me considero mais um agregador, pois é um partido para os jovens, que encontraram portas fechadas nos partidos tradicionais. Já fiz de tudo para sair, só que ainda não me deixaram”, afirma, rindo.

Crítica dramaturgia

Esquematismo ideológico marca estreia brasileira do escritor

MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA

Primeira obra do nigeriano Wole Soyinka publicada no Brasil, “O Leão e a Joia” é uma peça teatral que trata do processo de modernização africana com muito esquematismo ideológico e “cor local”.

Poeta e romancista, Soyinka ganhou o Nobel de 1986 sobretudo por uma dramaturgia que funde a tradição iorubá (uma das etnias nigerianas) com o teatro europeu. Dentro desse espírito, “O Leão e a Joia” é uma típica comédia de erros em figurino pós-colonialista.

A ação se passa numa aldeia, Ilujinle, e envolve quatro personagens: Sidi, beldade cortejada por Lakunle (professor primário com ideias ocidentalizantes) e pelo “bale” Baroka, polígamo líder local cuja primeira esposa, Sadiku, agencia seu casamento com Sidi.

Cada um deles encarna uma visão de mundo exposta com didatismo nos dois atos iniciais. Em “Manhã”, Lakunle encontra Sidi, condena a falta de modos com que ela expõe seu corpo ao olhar lascivo dos aldeões e quer fazer dela uma “esposa moderna”, que usa “facas e garfos delicados, igual gente civilizada”.

Sua concepção de modernidade, porém, é uma caricatura do colonizado que introjetou os valores do opressor.

Lakunle deseja emancipar Sidi da condição de parideira condenada a trabalhos braçais, mas, quando ela evoca o costume de vender sua virgindade, ele não hesita em dizer que, sendo mulher, Sidi tem “um cérebro menor que o dos homens”.

No ato seguinte, “Meio-Dia”, Sadiku mostra a Sidi as vantagens de se tornar a última esposa do “bale” (condição que faria dela a mais importante mulher do sucessor do líder) e, numa cena à parte, Baroka insinua a Sadiku que sua virilidade declina e que uma nova concubina prolongaria seu prestígio.

Nesse quadro de antíteses estereotipadas entre a sociedade moderna e o arcaísmo dos clãs, não faltam aspectos políticos, quando Lakunle desqualifica o “bale” como um “inimigo jurado do progresso”, que impediu a construção de uma estrada de ferro que traria a civilização à aldeia, perpetuando a posição de “besta voluptuosa”.

Também não faltam humor e ironias com aspectos cosméticos da canhestra modernização africana: em dado momento, um estrangeiro chega à aldeia trazendo uma revista com fotografias que fizera da buliçosa Sidi, que vê o preço de sua virgindade subir no mercado multicultural do exotismo e negocia seu dote com boa dose de pirraça.

Cenas como essa (em que elementos da sociedade do espetáculo aparecem miscigenados com mexericos de província) e as rubricas teatrais, indicando mímicas de rituais e tambores iorubás, nuançam um pouco alguns clichês típicos da literatura pós-colonial e anunciam o último ato. Neste, “Noite”, impera a farsa de Baroka, na qual a sensualidade africana mostra sua força atávica, contra as ilusões de uma modernização importada.

O LEÃO E A JOIA
AUTOR Wole Soyinka
TRADUÇÃO William Lagos
EDITORA Geração
QUANTO R$ 24,90 (168 págs.)
AVALIAÇÃO regular

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