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 Livro "Dez anos que abalaram o Brasil. E o futuro?" é destaque na Carta Capital - Geração Editorial Geração Editorial

ago 17, 2013
admin

Livro “Dez anos que abalaram o Brasil. E o futuro?” é destaque na Carta Capital

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Ousadia, a única saída

Para João Sicsú, ex-diretor do Ipea, é possível o Brasil alcançar o patamar de nação desenvolvida na próxima década. Mas é preciso mudar a concepção do Estado

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Acabar de chegar às livrarias Dez anos que abalaram o Brasil (Geração Editorial, 132 páginas, 24,90 reais), novo livro de João Sicsú, professor da UFRJ, ex-diretor do Ipea e colunista do site de CartaCapital. Recheada de gráficos e indicadores, a obra serve para recolocar na perspectiva histórica os avanços da economia nacional na última década. Sicsú não tortura os números para provar uma tese, como costuma fazer a pletora de seus colegas empenhados em negar as mudanças vividas pelo País. Eles os expõe de forma clara, o que basta para derrubar certa lenga-lenga reinante nos meios de comunicação. Na entrevista a seguir, Sicsú fala também do futuro: da nova pauta dos trabalhadores e das respostas possíveis do poder público. “Temos dez anos para alcançar o desenvolvimento. Mas é preciso reformatar a organização do Estado”.

CartaCapitalO senhor afirma que as esquerdas tem tido sucesso nas urnas, mas foram derrotadas no debate das ideias. Por que isso acontece? Qual a saída?

João Sicsú – Uma saída é a concorrência. As esquerdas e os setores progressistas têm de inventar e organizar meios de comunicação de grande porte. Meios capazes de concorrer com a grande mídia conservadora e manipuladora de informação. Não basta ocupar a internet e as redes sociais. É preciso também disputar com os veículos tradicionais que têm muita penetração e capilaridade, principalmente a tevê e o rádio. E muito importante ainda: o governo federal não pode colocar verbas de publicidade em veículos que se movem contra os interesses nacionais e sociais do povo brasileiro. Os canais da TV Globo receberam do governo no ano passado mais de meio bilhão de reais. Eu não quero o dinheiro do meu imposto na Globo.

CCO senhor concorda com a tese de que o ciclo do lulismo, baseado na inclusão social e expansão do crédito, está esgotado?

JS – Não é exatamente isso. O ciclo do lulismo não deve ser abandonado, mas deve ser atualizado. O Bolsa-família, por exemplo, deve ser ampliado. É preciso apertar a tecla F5 no projeto aplicado durante o governo Lula. O país deve continuar crescendo, gerando empregos e ofertando crédito. Isso é o básico e deve ser mantido. O governo Dilma está mais “lento” porque tentou fazer mais do mesmo. Só isso. Descrevo no livro, concluído antes das manifestações de junho, que os trabalhadores têm uma nova pauta: saneamento, educação, transportes, segurança pública, coleta de lixo, iluminação etc. É preciso perceber que um novo projeto deve buscar transformar o trabalhador consumidor em indivíduo cidadão.

CCEm seu livro, o senhor nega o termo nova classe média. Por quê?

JS – No período de 2003 a 2012, não apareceu uma nova classe média.  Houve uma ampliação da classe trabalhadora. Pertence à classe média aquele que não é o dono da fábrica nem trabalha na produção. Pertence à classe média o administrador, a psicóloga, o professor, o médico… O que foi ampliado no Brasil foi uma massa de trabalhadores rudes. Quase 90% dos trabalhadores brasileiros ganham até três salários. São pedreiros, manicures, motoboys, porteiros. Isto não é classe média. Aliás, esses trabalhadores são o resultado do principal avanço do governo Lula, a redução do desemprego de mais de 12% para menos de 6%. Houve outros vários avanços, mas esse foi o principal.

CC A que se deve o pessimismo atual no Brasil?

JS – Uma parte do pessimismo faz parte do jogo político-eleitoral. Os veículos de comunicação das famílias jogam na oposição. São usinas de notícias negativas. Por exemplo, seus colunistas se contorcem para transformar a notícia da redução de inflação em notícia negativa. Eles têm muita influência nas altas classes médias e entre os ricos. Outra parte do pessimismo vem da dificuldade dos governos que não conseguem atender a pauta das famílias de trabalhadores que precisam de transporte eficiente, saúde gratuita de qualidade, ruas asfaltadas. É possível reverter este quadro, mas não será fácil

CCO senhor vê riscos do retorno ao poder de um projeto neoliberal, nos moldes dos anos 1990?

JS – Nos moldes dos anos 1990 exatamente? Não. Acho que o projeto na esfera econômica seria igual. Mas penso que viria, se for o caso, de uma forma política muito mais sofisticada porque estaria totalmente associado com os grandes veículos de comunicação das famílias. Seria um projeto que buscaria o convencimento, a interdição do debate e a anulação política da oposição. Contudo, penso que os partidos de oposição e seus candidatos são fracos demais, suas chances eleitorais, ainda que turbinadas pela mídia oposicionista, não empolgam nem seus apoiadores.

CCPor que não conseguimos atingir de forma mais constante os níveis de crescimento do PIB de outros países emergentes?

JS – Primeiro, estamos num ciclo internacional de crescimento mais lento. Isto influencia a economia brasileira e explica parte do nosso modesto desempenho. A outra parte do nosso desempenho é explicada pelos erros da nossa política econômica. No início de 2011, a economia brasileira estava crescendo num ritmo elevado. Era preciso desacelerar para um nível em torno de 4,5% a 5%. Mas o governo elevou juros e reduziu gastos de forma grosseira. O resultado foi que entramos num patamar medíocre de crescimento. Não há economia que cresça de forma significativa sofrendo pressões externas e internas.

CC Como o Brasil poderá se tornar um país desenvolvido antes de se tornar uma nação envelhecida?

JS – Temos dez anos para alcançar o desenvolvimento. É possível. As bases foram lançadas no período 2003-2012. A inflação está controlada, o desemprego é baixo e o nosso mercado doméstico de consumo dobrou de tamanho. Isso tudo é básico. Agora, temos até 2022 para transformar as cidades, principalmente as grandes regiões metropolitanas, em espaços  agradáveis para todos. É necessário reformatar a organização do Estado para podermos atender isto a que chamo de nova pauta da classe trabalhadora. Não penso em um Estado tecnocrático, mas sim em reorganizar o Estado de acordo com as necessidades específicas e não por áreas, tal como educação, saúde, segurança, mas sim em secretarias ou ministérios da escola de tempo integral, da habitação popular, do metrô de superfície – mas isto é uma grande discussão. Uma certeza: será necessária muita ousadia. Nada de mais do mesmo.

CC Como transformar a inclusão pelo consumo em cidadania?

JS – Primeiro de tudo, temos de manter o baixo desemprego e o viés de alta dos rendimentos dos trabalhadores. Além disso, temos de ser ousados. É preciso ter coragem para estabelecer o passe livre no transporte público. É preciso ter coragem e retirar os estímulos ao uso do automóvel. É preciso ocupar as ruas com metrô de superfície ou VLTs. É preciso impedir que o dinheiro público da saúde seja sugado pelo sistema privado e multinacionais que atuam na área. É preciso multiplicar por dez o salário dos professores do ensino médio e fundamental das escolas públicas. É preciso tomar medidas para que a informação e a opinião sejam amplas, diversificadas… será preciso dar espaços de mídia a todos e para tudo. A mesmice burocratiza o desenvolvimento, transformando-o em uma discussão orçamentária. O desenvolvimento será fruto de ousadia e de coragem política e não de planilhas orçamentárias equilibradas.

Fonte: Carta Capital

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