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 Arquivos Sem categoria - Página 7 de 29 - Geração Editorial Geração Editorial



ADHEMAR
A fantástica história de um político populista desbocado, amado e odiado, inspirador do infame lema “rouba, mas faz”, que participou do golpe militar de 1964, foi posto de lado pelos generais e morreu exilado em Paris, depois de marcar sua época e história do Brasil.

DEUSES DO OLIMPO
Explore o universo mágico da Grécia Antiga e conheça as histórias dos personagens mais famosos da mitologia. Um livro para gente pequena e gente grande tambécm! ( + )

OS VENCEDORES
Quem ganhou, perdeu. Quem perdeu, ganhou. Cinquenta anos após o advento da ditadura de 1964, é assim que se resume a ópera daqueles anos de chumbo, sangue e lágrimas. Por ironia, os vitoriosos de ontem habitam os subúrbios da História, enquanto os derrotados de então são os vencedores de agora. ( + )

A VILA QUE DESCOBRIU O BRASIL
Um convite a conhecer mais de quatro séculos de história de Santana de Parnaíba, um município que tem muito mais a mostrar ao país. Dos personagens folclóricos, tapetes de Corpus Christi, das igrejas e mosteiros, da encenação ao ar livre da “Paixão de Cristo”. Permita que Ricardo Viveiros te conduza ao berço da nossa brasilidade. ( + )

O BRASIL PRIVATIZADO
Aloysio Biondi, um dos mais importantes jornalistas de economia que o país já teve, procurou e descobriu as muitas caixas-pretas das privatizações. E, para nosso espanto e horror, abriu uma a uma, escancarando o tamanho do esbulho que a nação sofreu. ( + )

CENTELHA
Em “Centelha”, continuação da série “Em busca de um novo mundo”, Seth vai precisar ter muita coragem não só para escapar da prisão, mas para investigar e descobrir quem é esse novo inimigo que deixa um rastro de sangue por onde passa. A saga nas estrelas continua, com muita ação de tirar o folego! ( + )

MALUCA POR VOCÊ
Famosa na cidade pelos excessos do passado, Lily terá de resistir ao charme de um policial saradão oito anos mais jovem que acaba de chegar na cidade. Prepare-se para mais um romance apimentado e divertidíssimo escrito por Rachel Gibson.. ( + )

NOS IDOS DE MARÇO
A ditadura militar na voz de 18 autores brasileiros em antologia organizada por Luiz Ruffato. Um retrato precioso daqueles dias, que ainda lançam seus raios sombrios sobre os dias atuais. ( + )





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out 2, 2015
admin

Quem lê livros não só é mais inteligente como também é o melhor tipo de pessoa para se apaixonar

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Você provavelmente já conhece os inúmeros benefícios que a leitura pode trazer para sua vida.

Mas e se eu te falar que a experiência é tão significante que podemos até mesmo comprovar, com argumentos científicos, que as pessoas que leem são as melhores pessoas para se viver uma paixão?

Foi exatamente isso que a escritora norte-americana Lauren Martin fez ao publicar, no site do Elite Daily, o seu artigo “Why Readers, Scientifically, Are The Best People To Fall In Love With” (em português: “Por que os leitores, cientificamente, são as melhores pessoas para se apaixonar”).

Para te ajudar a entender o porquê dessa afirmação, separamos os melhores trechos do texto de Lauren. Confira.

“Você já leu um livro até o fim? Realmente até o fim? Capa a capa. Fechou-o com aquela sensação de voltar lentamente à realidade? Você suspira fundo e fica ali, sentado. Com o livro em suas mãos…”

“É como se apaixonar por um estranho que você nunca verá novamente. O desejo e a tristeza que sente por um caso de amor que acabou dói, mas ao mesmo tempo você se sente saciado, cheio pela experiência, a conexão, a variedade que surge após digerir outra alma. Você se sente alimentado, mesmo que por pouco tempo.”

É assim, comparando as emoções vividas em uma paixão com o processo de terminar um livro, que a autora começa a explicação para a sua afirmação. Mas a “teoria” também tem base científica.

De acordo com estudos de 2006 e 2009, publicados por Raymond Mar, psicólogo da Universidade de York, do Canadá, e por Keith Oatley, professor de psicologia cognitiva na Universidade de Toronto, quem é um profundo leitor de ficção possui maior capacidade de empatia e de desenvolver a chamada “teoria da mente”, que é a habilidade de aceitar outras opiniões, crenças e interesses, além de seus próprios.

Ou seja, os leitores são mais capazes de considerar outras ideias sem rejeitá-las e, mesmo assim, manter as suas próprias. Para ter essa característica pessoal, a autora acredita que é preciso ter uma boa “diversidade de experiências sociais” e a falta dela é provavelmente a razão para seu “último companheiro ser tão narcisista”.

A explicação para o leitor ser mais desenvolvido na “teoria da mente” é a de que ele vivencia experiências através de outros olhos, vendo o mundo de outra perspectiva e absorvendo sabedoria de cada uma delas.

“Eles aprenderam como é ser uma mulher, e um homem. Eles sabem como é ver alguém sofrer. Eles são maduros, sábios.”

Para reforçar a teoria, a autora ainda se baseia em um estudo de 2010, também de Raymond Mar, que diz que quanto mais histórias foram lidas para uma criança, mais aguçada é a “teoria da mente” dela. A criança torna-se mais sábia, adaptável e compreensiva.

“Porque ler é algo que molda você e aumenta o seu caráter. Cada triunfo, lição e momento crucial da vida do protagonista se tornam seu.”

“Eles não vão falar com você. Eles vão conversar com você.”
Segundo o artigo, os leitores escreverão cartas e versos. São eloquentes no bom sentido, não dão respostas simples, mas apresentam pensamentos profundos e teorias intensas, encantando com o conhecimento de palavras e ideias.

“Faça um favor a si mesmo e namore alguém que realmente saiba como usar a língua.”

“Eles não apenas te entendem. Eles te compreendem.”

De acordo com o psicólogo David Comer Kidd, da New School for Social Research, “O que os autores fazem de maravilhoso é transformar você no escritor. Na literatura de ficção, a incompletude das personagens faz com que sua mente tente entender a mente de outros”. Com isso, os leitores desenvolvem a capacidade da empatia. Eles podem não concordar com você, mas vão tentar ver as coisas do seu ponto de vista.

“Você deveria se apaixonar apenas por alguém que consiga ver sua alma. Deve ser alguém que não apenas te conhece, mas que te compreenda completamente.”

“Eles não são apenas inteligentes. São sábios.”

“Ser inteligente demais pode ser desagradável, mas ser sábio é algo cativante.”

Quem é que não gosta de ter um bate-papo inteligente e sempre aprender alguma coisa? Se apaixonar por um leitor irá melhorar o nível das conversas. Os leitores profundos são mais inteligentes devido ao maior vocabulário, melhor memória e pela capacidade de detectar padrões.

“Se você namora alguém que lê, então você também viverá milhares de vidas diferentes.”

Espécie em extinção

Se você gostou dos argumentos e já não vê a hora de procurar sua paixão, é preciso se apressar, pois a autora acredita que os chamados “profundos leitores” estão acabando no mundo, já que as pessoas muitas vezes apenas “passam o olho” ao invés de realmente ler.

“Se você ainda procura por alguém que te complete, que preencha o vazio em seu coração solitário, procure por essa raça que está se extinguindo. Você os encontrará em cafeterias, parques e no metrô.”

“Você os verá com mochilas, bolsas e maletas. Eles serão curiosos e sensíveis, e você saberá nos primeiros minutos de conversa com eles.”

Fonte: Conti Outra

ago 28, 2015
admin

Mais de 60 mil pessoas morreram no maior manicômio do Brasil

Ao longo do século passado, a única solução para pessoas com transtornos mentais era o isolamento em manicômios. O maior do Brasil foi o Colônia, que começou a funcionar em 1903, em Barbacena (MG). Lá, pelo menos 60 mil pessoas perderam a vida numa trajetória de quase um século de desrespeitos aos direitos humanos.

Hiram Firmino foi um dos poucos jornalistas a entrar no hospício, no fim da década de 1970. Ele escreveu diversas matérias com denúncias sobre os horrores que viu no Colônia. “Mulher é um símbolo de beleza. Para mim, foi chocante ver as mulheres do hospício no chão, sujas, igual bicho, quase todas nuas, no meio de fezes, urina, rato, dormindo em capim. Agora ver as crianças no mesmo estado, com um pneu velho o dia inteiro, que era a única coisa que tinham para brincar, foi ainda pior”, desabafa o jornalista.

A terapia por meio de choques era usada, muitas vezes, como poderosa arma de punição contra os que não se comportavam. Sueli Rezende morreu no regime de internação. A filha, Débora Soares, 30 anos, foi adotada. Ao buscar informações sobre a mãe biológica, Débora ficou horrorizada com o que viu nos prontuários. “Minha mãe chegou a receber quinze sessões de choque em um mês, era dia sim, dia não, algo intolerável. Ela se rebelava e fazia de tudo para não levar o choque: corria, ia pro banheiro, tentava derrubar o aparelho e lutava com os funcionários”.

A jornalista Daniela Arbex fez uma vasta pesquisa sobre o Colônia. Ela escreveu uma série de reportagens e um livro sobre o assunto. Daniela descobriu que o esgoto corria a céu aberto no hospício e muitas vezes servia de alimento. “Você via as pessoas definhando. Isso já é um indício muito forte de que não havia alimentação. Os funcionários da época e os próprios pacientes contaram que não havia alimento suficiente, que eles passavam fome, que, muitas vezes, havia uma sopa rala”.

A maioria dos doentes não tinha direito a cama. Dormiam em capins, agarrados uns aos outros para espantar o frio das serras geladas de Barbacena. A superlotação do hospício era a justificativa para o descaso. Em 1960, em um lugar projetado inicialmente para 200 pacientes, havia 5 mil. Muitos que passavam por tudo isso nem tinham transtorno mental.

“A gente encontrou histórias de pessoas que foram mandadas pro hospital para esconder uma gravidez, porque tinham perdido seus documentos ou porque o marido resolveu ficar com a amante”, constatou Daniela.

Encontros e Desencontros

Nos antigos manicômios, as mulheres que engravidavam não podiam ficar com os filhos. As crianças eram adotadas ou iam para orfanatos. A secretária Débora Soares nasceu dentro do hospício de Barbacena. Foi adotada por uma funcionária do lugar. Já adulta, Débora descobriu que a mãe biológica se chamava Sueli Rezende e que ela poderia estar internada no hospital psiquiátrico da cidade. Ao chegar ao local, ficou sabendo que a mãe havia morrido há um ano.

Agora, Débora quer descobrir o paradeiro da irmã, a segunda filha que Sueli teve no hospital. “Ela foi entregue para adoção. Eu só sei que nasceu no dia 15 de junho de 1986, é dois anos mais nova e o nome que minha mãe escolheu para ela foi Luzia Rezende. Mas devem ter trocado o nome”.

Ao ler os prontuários da mãe biológica no hospital, Débora teve a certeza de que foi muito amada por ela. “As únicas lembranças que minha mãe tinha eram a cor de pele das filhas, uma morena e outra branquinha, e as datas de nascimento. Quando eu fiz 8 anos, ela teve uma crise e ficou pedindo para saber como era o rostinho da filha”, revela Débora.

O bombeiro João Bosco, 48 anos, e a mãe Geralda Siqueira, 66 anos, ex-interna do hospício de Barbacena, também foram vítimas da política de afastamento entre mães e filhos nos manicômios. Geralda ainda foi vítima do isolamento no manicômio sem nunca ter tido transtorno mental. Órfã desde criança, ela foi morar aos 11 anos numa casa de família para ser empregada doméstica. Foi estuprada várias vezes pelo patrão, até ficar grávida. Para se livrar do problema, o patrão a levou para o hospício. “Eu levei o maior choque porque eu nunca tinha visto aquilo. Era horrível ficar naquela prisão, no meio daquela bagunça, sujeira, com uma porção de gente doente”, desabafa a ex-interna do hospício.

Depois que o filho João Bosco nasceu, Geralda conseguiu alta do hospício. Foi atrás de emprego e deixou o filho com religiosas que trabalhavam no local. Um dia, quando voltou para visitá-lo, a criança não estava mais lá. Geralda ficou desesperada e começou a cobrar explicações sobre o paradeiro do menino.

“Como eu fiquei nervosa, os funcionários me pegaram pelo braço e me levaram para a sala de tratamento com eletrochoque. Levei um choque enorme e fui ameaçada de ficar internada para sempre no hospício caso voltasse lá atrás do meu filho. Nunca mais tive notícia dele”.

João Bosco foi para um orfanato, depois para a Febem (local onde se internavam jovens em conflito com a lei) e finalmente passou no concurso do Corpo de Bombeiros. Os colegas da corporação é que tentaram descobrir o paradeiro da mãe de João e conseguiram encontrá-la em 2011. De lá pra cá, os dois não se desgrudam. “Por mais que os problemas da vida levem cada um para um lado, existe um laço invisível, enlaçado por Deus, entre a mãe e o filho. Isso ninguém rompe. Quando nos reencontramos, voltamos à nossa origem”, disse João Bosco.

Saiba mais –  Livro Holocausto Brasileiro, da Daniela Arbex

Fonte: Uol Notícias

abr 7, 2015
admin

Eldorado existe, o descobridor também: Breno, o geólogo.

Até os índios sabiam — Vale lucra US$ 30 bilhões num ano: nove
vezes o recebido na privataria — Marabá explode ao saber da
siderúrgica da Vale — Índio oferece jabuti pela sósia de Jackie
Kennedy — Toque de Japão

Até 1967, os brasileiros ignoravam que, no coração do país, jazia a maior província mineral do mundo. O estudo mais recente que existia, realizado durante o governo JK, entre 1955 e 1961, dava a área como sem valor econômico algum — “puro calcário”. Lembra outra história daqueles tempos, quando por aqui apareceu certo Mister Link, técnico da Standard Oil, que decretou: 
“No Brasil não existe petróleo.”

Até os índios sabiam que Pindorama tinha muita riqueza no solo.O brasileiro que descobriu aquela monumental jazida, nas memórias narradas para o Museu da Pessoa, conta a lenda da Serra dos Martírios. Ela era já conhecida dos bandeirantes. Quando subiram para Piratininga cinco séculos antes, os índios lhes contaram…
“… que no centro do continente havia um grande lago com muita riqueza, e daí as bandeiras começaram a ir para o Araguaia”. Era a lenda de Paraopava — como os portugueses chamavam o futuro Araguaia. A primeira citação ao descobridor de tamanha riqueza, que FHC entregaria duas décadas mais tarde, surge na revista Realidade de outubro de 1971. Lá trabalhamos, e nos conhecemos, Mylton Severiano e eu, na feitura de um número especial sobre a Amazônia. Nesse momento, o nome do descobridor sequer é citado — é apenas “um geólogo brasileiro”. Faz cinco anos que, a partir de 1966, helicópteros da US Steel,  United States Steel, gigante americana do aço, voam entre os rios Xingu, Tocantins e Araguaia, procurando manganês. A revista Realidade conta:

Os voos misteriosos foram amplamente compensadores. Na área “sem valor econômico”, desceu em julho de 1967 o helicóptero de um geólogo brasileiro da US Steel. Para saber que estava diante de uma jazida de ferro, ele teve apenas o trabalho de saltar do aparelho e olhar as pedras cinzento‑avermelhadas do platô. E, para saber que estava diante de uma incrível jazida de ferro, teve ainda de sobrevoar os morros idênticos que se amontoavam ao lado do primeiro. E, finalmente, para tentar garantir a posse da mina para a US Steel, teve somente mais um trabalho: chamar seus chefes.

O geólogo brasileiro, que havia recém-comemorado seus 27 anos, chama‑se Breno Augusto dos Santos. Ficaríamos amigos. Nós nos conhecemos em 2008 no aeroporto de Belém, a caminho de Marabá e dos filmetes de propaganda para a Vale privatizada — veremos a seguir. Ele agora aos 68 anos, alto, esguio. Sempre de calça e camisa jeans azuis. Levamos uma hora até Parauapebas, mais uns vinte minutos de van até Carajás. Um rasgão de asfalto sem acostamento, e floresta encostada na pista dos dois lados. Ele não parou um segundo de falar. Naquele depoimento para o Museu da Pessoa, ele se apresenta assim: 

Nasci no dia 1º de julho de 1940, na cidade de Olímpia, que fica ao norte de São Paulo, entre Barretos e Rio Preto. Em questão de menos de um ano mudei para São Paulo, e daí morei em São Paulo até os 23 anos.

Descendente de portugueses e italianos, ele descobriu Carajás em 1967.

Os gringos caem fora e vão para a Venezuela
A US Steel estava mais interessada em manganês, me contaria Breno 40 anos mais tarde. E a descoberta da jazida de ferro, que se estende numa área de 100 por 35 quilômetros, ficou escondida por um tempo. Mas era preciso registrar, para não perder os direitos sobre a exploração. O governo exigia em primeiro lugar a entrega do pedido ao Ministério de Minas e Energia. Ao mesmo tempo, portanto, o candidato “entregava” a existência da incalculável riqueza.
Os índios tinham razão. O Eldorado existia, não só pejado de ouro, como se veria, mas de ferro, tungstênio, cobre. Zinco também tem. Sem falar em prata, bauxita, níquel, estanho, até o manganês que a US Steel queria.
Na reportagem Amazônia, da edição de outubro de 1971 de Realidade, surge um americano loirinho, magro, de gestos suaves e fala bondosa, chefe dos trabalhos no acampamento da US Steel, na Serra dos Carajás, John Trimaine, que conta:
“A lei brasileira só permitia que obtivéssemos cinco mil hectares de concessões. Uma área de cinco por dez quilômetros. E a jazida se estendia
por 160 mil hectares.”

Os gringos pediram então a área permitida em nome da subsidiária Meridional de Mineração, mais 31 em nome de diretores e funcionários da US Steel.
“O governo brasileiro parece que ficou espantado com a quantidade de pedidos”, narra Trimaine, “e só deu a concessão dos cinco mil hectares da Meridional.”

O resto ficou “em estudos”. Mas, no decorrer das negociações, o governo resolve mudar as regras, senão ninguém viria explorar aquilo.
Aumentam a área limite para 50 mil hectares, permitem à US Steel abrir uma subsidiária com 30 mil hectares, totalizando 80 mil; os outros 80 mil ficam para a estatal Companhia Vale do Rio Doce, CVRD, criada em 1942 por Getúlio Vargas, que exigiu 51 por cento das ações para a estatal — cinco décadas antes de FHC vendê‑la transformada numa das maiores mineradoras do mundo, maior empresa do ramo no continente latino‑americano e maior exportadora do Brasil.
A US Steel cairia fora em 1977, por divergências com a Vale. A US Steel queria segurar a produção porque possuía outra boa jazida na Venezuela. A Vale não lamentou.

Um minério ainda mais puro que o de Itabira
É a partir de 1942 mesmo que a Vale passa a explorar minério, na Itabira natal do poeta Carlos Drummond de Andrade, no Vale do Rio
Doce, que ela ajudou a devastar. A montanha ferrosa emitia um brilho azul, que os bandeirantes já conheciam em 1720 — “ita bira”, chamavam os índios: “pedra empinada, pedra alta”.

O que a Vale já fez em Carajás, 550 quilômetros a sudeste de Belém, ainda não encontra similar quando nos debruçamos sobre o desmonte de vários dos picos semelhantes ao Cauê, espalhados por uma das regiões mais belas do Brasil, do ponto de vista histórico ou cultural — as antigas Minas Gerais. Drummond trabalhou de 1934 a 1945 no Ministério da Educação a convite do ministro Gustavo Capanema, seu amigo mineiro. Soube de dentro do governo que se preparava o desmonte da montanha de minério de ferro que avistava desde a infância. Seu Sentimento do Mundo, de 1940, anteviu no poema Confidência do Itabirano que a paisagem viraria um retrato na parede:

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.

O ferro que se vai transforma‑se mundo afora em vigas, pontes, armamento, automóveis, navios, ferramentas. Sobrará uma cratera, destino de Carajás.

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

O trem da estrada de Minas ao Espírito Santo, até o porto de Tubarão em Vitória, com 150 vagões, não dá metade do trem de Carajás, ao qual cedeu o título de maior do mundo. E o novo minério, mais rico da crosta terrestre, é ainda mais puro que o de Itabira.
Em 2011, a produção bateu recorde: 110 milhões de toneladas. As jazidas deveriam durar 400 anos, mas talvez não deem para um século mais. A produção prometia dobrar em quatro anos. Bom para a Vale, que teve lucro de US$ 30 bilhões em 2011, quase dez vezes o valor que o Brasil levou com a privatização. Bom para o Pará? Bom para o Brasil? Já vamos avaliar isso…

Fonte: Livro O Príncipe da Privataria

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