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Desenterrando segredos de Linhares
Daniela Arbex, repórter especial da Tribuna, lança seu segundo livro, ‘Cova 312’, nesta quarta, abrindo as celas da principal penitenciária política do país.
POR MAURO MORAIS
“Tu trouxeste o Milton contigo”, disse Gessi, a irmã do militante político Milton Soares de Castro, ao conhecer, depois de mais de dez anos da primeira ligação telefônica, a jornalista Daniela Arbex. Naquele momento, a repórter que já havia localizado – em reportagens publicadas na Tribuna, em 2002 -, os restos mortais do jovem gaúcho, também levava verdades. Segredos enterrados por mais de 50 anos sobre o único civil preso na guerrilha da Serra do Caparaó. Mistérios escondidos na história oficial sobre o único preso político encontrado morto dentro de uma cela da Penitenciária de Linhares. Em “Cova 312″ (Geração Editorial, 344 páginas), seu novo livro-reportagem, cujo lançamento nacional acontece nesta quarta, dia 20, às 19h, na Livraria Saraiva do Independência Shopping, em Juiz de Fora, Daniela não apenas resgata Milton, mas outros tantos confinados de um dos presídios políticos mais importantes do Brasil.
No encalço da História do país, a autora revela a participação da cidade na ditadura não somente por ter servido como ponto de partida das tropas militares do general Olímpio Mourão Filho, que na noite de 31 de março de 1964 seguiram rumo ao Rio de Janeiro e ao golpe. A cada página, uma nova cela do enorme presídio é aberta. Saem dali personagens que hoje ganharam destaque na política nacional, como o atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Por detrás das grades, também surge o Documento de Linhares, primeiro registro a ganhar repercussão internacional denunciando torturas e descasos nos porões da ditadura. Daniela faz conhecer, então, os horrores que sempre moraram ao lado e viveram extremamente silenciados.
Autora de “Holocausto brasileiro” (Geração Editorial, 2013), título que já superou a marca dos cem mil exemplares vendidos, finalista do Prêmio Jabuti (2o lugar) e vencedora do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Daniela mais uma vez sai para o mundo carregando na mala sua cidade de origem e, dessa vez, seu lugar de trabalho. Personagem de relevo na nova obra, a Tribuna serve como cenário e como porta-voz de uma investigação que desmascarou uma farsa sustentada por anos: a real forma da morte de Milton. “Minha história se confunde com a do jornal. Estou aqui há quase 20 anos, e foi ele que me permitiu viver o que poucos repórteres no Brasil viveram. Para mim, o jornal é imenso, o mais importante”, emociona-se a repórter.
Com prefácio de Laurentino Gomes, vencedor do Jabuti de 2014 (Daniela, com seu trabalho de estreia ficou em segundo lugar), “Cova 312″ é a continuidade da premiada série homônima do início dos anos 2000. “O tema pode parecer pesado e, como trata de episódio ainda mal resolvido da História recente brasileira, difícil de digerir. Seria assim, não fosse a capacidade prodigiosa de Daniela Arbex de transformar histórias trágicas em uma narrativa fluida, atraente, poética e, em alguns momentos, até divertida”, comenta o autor da best-seller trilogia “1808″, “1822″ e “1889″. “Aos poucos, ela vai revelando também a cinzenta rotina da prisão: torturas, resistência, amores, sofrimentos, pequenas e efêmeras alegrias que jamais se completavam”, pontua, na orelha da obra, o publisher da Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato, que diz ser a história “temperada de tragédia e emoção”.
Após mais de um ano de novas investigações, que ocorreram em Brasília, Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, Daniela escreve, com justiça e sensibilidade, o que o tempo tentou apagar. Registra seus passos jornalísticos ao percorrer os corredores de um presídio, desenterrando a história de anônimos e conhecidos, de Juiz de Fora e de uma nação.
‘Ganhei o mundo da sala da minha casa’
Entrevista Daniela Arbex, repórter especial e escritora
A cova onde estava enterrado o corpo do militante político Milton Soares de Castro estava bem ali, bastante próxima da antiga redação da Tribuna, de onde Daniela Arbex saiu para encontrar, no arquivo do Cemitério Municipal, os registros do morto acusado de suicídio na Penitenciária de Linhares. O percurso da repórter está todo exposto em sua “Cova 312″ (Geração Editorial, 344 páginas), bem como sua rotina na redação e suas aflições mais íntimas. “Fui correndo a pé para o jornal que ficava a alguns quarteirões dali. Na entrada, meu chefe conversava com alguém. Passei voando, mas ainda o ouvi dizer: – Ela deve ter encontrado alguma coisa”, escreve, narrando o momento seguinte à descoberta da sepultura.
Como uma ode ao veículo que a acolheu em 22 de janeiro de 1996, recém-formada, Daniela descreve em detalhes, e identificando seus colegas, o espaço que, pouco a pouco, foi construindo. Conta da relação com seus editores, com os fotógrafos e com as fontes. Traça o processo jornalístico em seu incansável empenho. “Deixei a escola com a esperança de transformar a realidade social por meio do meu trabalho . Dos focas, eu era a mais otimista. Com quatro anos de jornal, ganhei meu primeiro Prêmio Esso pela série ‘Dossiê Santa Casa’ e passei a acreditar que sabia fazer jornalismo, aquela arrogância típica dos que nada sabem. Uma coisa, entretanto, me salvava dos meus achismos: a paixão pela profissão que havia abraçado”, escreve.
Sempre entusiasmada, Daniela vive com os olhos brilhando. Cada reportagem é uma grande oportunidade para demonstrar sua paixão. Com sua voz calma, ela reflete, em entrevista, sobre a carreira e se emociona: “Tenho conseguido fazer coisas que sempre sonhei em fazer no jornalismo, de dentro do meu quintal. E isso não me diminui. Tenho muito orgulho.”
Tribuna – “Cova 312″ faz uma ode ao jornal no qual trabalha. Desde o início pensava em contar essa relação?
Daniela Arbex – Não pensava em fazer uma homenagem, mas não tem como contar minha história sem contar a história da Tribuna. Esse jornal me permitiu viver o que poucos repórteres no Brasil viveram. Para mim, ele é imenso, o mais importante. É o lugar que me deu a chance de crescer e de contar as histórias que queria contar. Um jornal que muitas vezes foi muito maior do que ele mesmo, ao contar histórias muito maiores do que a estrutura que tinha. E ele bancou essas histórias, a todo custo, para que pudéssemos trazer para a sociedade verdades encobertas. Tenho muita gratidão. As pessoas que coloco no livro não apenas me acompanharam, mas me fizeram crescer.
– Era sua intenção explicitar, sem ser didática, seu processo jornalístico?
– Fiquei muito feliz quando o primeiro revisor do livro, de São Paulo, leu e falou que era uma aula de jornalismo. Não tenho essa pretensão, até porque o que faço é muito simples. Não existem segredos. Esse livro não tem off, conto todos os passos que fiz para chegar onde cheguei. O resultado pode parecer grandioso pela persistência. Jornalismo não tem receita, tem inspiração, mas também muita sola de sapato gasta. É preciso ter vontade de fazer a diferença, de reconstruir as histórias, transformando.
– É com a apuração que chegou aos muitos detalhes?
– Um bom texto começa de uma boa apuração, que resolve o grande dilema, de como abrir e fechar uma reportagem. Só a apuração não faz um bom repórter, mas não existe repórter sem boa apuração.
– Outra grande homenageada, além dos militantes e seus parentes, é Juiz de Fora. Porque não quis sair?
– É um privilégio não ser obrigada a sair de sua cidade para poder ganhar o mundo. Pude ganhar o mundo da sala da minha casa. E me incomodava muito, e ainda incomoda, ouvir que só existe vida profissional no eixo Rio-São Paulo. Nosso planeta é uma aldeia. Os prêmios que a Tribuna já ganhou, e que grandes jornais não alcançaram, mostram que jornalismo de qualidade se faz em qualquer lugar, desde que existam pessoas comprometidas.
– Esse momento que vive, de intenso reconhecimento, era um projeto?
– Hoje sim. Sempre sonhei e tive a ambição de escrever histórias que pudessem marcar as pessoas, mas nunca planejei. Sempre quis ser uma jornalista reconhecida e que fizesse a diferença no país. Esse era meu projeto na faculdade, mas nunca pensei por qual caminho seguiria. Tudo aconteceu naturalmente, apesar de a escrita de um livro ser muito dolorosa e angustiante. Em contrapartida, é muito gratificante atingir as pessoas. Recebo mensagens do país inteiro sobre o “Holocausto brasileiro”.
– Como aconteceu seu despertar dentro da redação para o tema do “Cova 312″?
– Sempre quis escrever uma matéria sobre a ditadura. Só a conhecia pelos livros. Como jornalista, e sabendo da função social que temos, sempre quis fazer uma matéria que pudesse contribuir. Muitos arquivos continuam fechados, e segredos, encobertos. Conversando com o deputado federal Nilmário Miranda, que depois se tornou ministro de Direitos Humanos no Brasil, ele me falou sobre a morte de um militante do Rio Grande do Sul, encontrado morto dentro de Linhares e cujo o corpo nunca havia sido localizado. Foi através do Milton que acabei conhecendo a história da ditadura e da Penitenciária de Linhares.
– Você redimensiona o lugar e o papel de Linhares, o que ainda era desconhecido. Qual a relevância dele?
– Com a reviravolta da investigação jornalística, que me levou a fazer uma nova apuração para escrever o livro, acabei descobrindo que Linhares foi uma das penitenciárias políticas mais importantes no país e mais desconhecida. A penitenciária confinou mais de 300 militantes políticos, figuras que ganharam destaque no Brasil. O governador de Minas, Fernando Pimentel, e o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, foram presos lá, fora os anônimos. O livro também resgata o momento no qual o embaixador alemão foi sequestrado no Rio de Janeiro. Da lista de 40 nomes de militantes para serem trocados por ele, seis estavam em Linhares.
– Um dos grandes momentos é justamente quando mostra essas pessoas que sofreram tanto. Essa humanidade é o que te seduziu para a história?
– O personagem principal é Milton Soares de Castro, o guerrilheiro desaparecido. Localizamos a sepultura e conseguimos, com a continuidade das investigações, derrubar uma farsa de 50 anos. Mas o livro também é a reunião das histórias de pessoas que foram presas em Linhares, anônimos ou não. Descobrimos que nesse lugar tinha os coletivos formados por presos políticos, encontros incríveis e as contradições das relações vividas. Nessa penitenciária, houve greve de fome e uma tentativa de motim que quase resultou na morte de várias lideranças. É um presídio que não pode continuar desconhecido. O livro coloca a gente dentro da vida desse guerrilheiro, dentro dessa penitenciária e dentro da redação, revelando todos os bastidores.
– “Cova 312″, depois de mais de 50 anos, consegue trazer revelações?
– O livro não é a série de matérias, ele cresceu demais porque, no meio do caminho, houve uma grande reviravolta, que me obrigou a investigar tudo de novo, o que acabou me fazendo ir muito mais longe do que pude naquela época. O livro é um desfecho para uma história grandiosa, uma pesquisa de dez anos. Apesar de as matérias terem se encerrado no jornal, essa história nunca terminou dentro de mim. Ficava pensando como foram os últimos passos do Milton. O que aconteceu? Será que o mataram? Tinha vários documentos que sugeriam seu assassinato, mas não tinha uma prova maior, e agora consegui. Isso mostra que o jornalismo é essencialmente investigativo.
– No livro existem partes quase ficcionais, mas tudo fundamentado. Como chegou a situações e diálogos que não presenciou?
– Fiz uma reconstituição de quando o Milton estava dentro da cela e a rotina dele ali. Ele não estava vivo para me contar, mas consegui chegar muito próximo de sua vivência através de depoimentos e documentos inéditos. O livro é muito recheado de diálogos e de muita ação, mas tudo baseado na apuração. Fiz um cruzamento de informações para que conseguisse quase estar ali. Fiquei cerca de sete meses fora do jornal, de licença, porque era impossível contar essa história com a força que ela tem estando em outra rotina. Mergulhei na vida desses presos políticos, senti o cheiro da comida, o medo e ri com todos. O “Cova 312″ não é uma história de bons contra maus, de militantes contra militares. É uma história de gente com todas as suas complexidades e fraquezas. Não tenho, não tive e não terei a pretensão de contar a história da ditadura, porque isso, jornalistas que me antecederam, com muito mais qualidade e maturidade, já fizeram. O livro é sobre a resistência de pessoas naquele período e as marcas que ficaram.
– O corpo do Milton sempre esteve no mesmo lugar, e foi você quem o desenterrou.
– Às vezes, o óbvio é tão óbvio que acaba sendo negligenciado. O maior erro de um jornalista é ser negligente. É preciso buscar em todos os lugares, aprender a olhar. Não há ideias pré-concebidas. Isso é um campo minado. O desfecho do meu livro nasceu no evento de entrega dos documentos das pessoas que tinham sido presas em Juiz de Fora. Fui ver a auditoria militar devolver tudo. Estava ali para sentir a emoção das pessoas. Numa frase que ouvi, tive a ideia do fim da “Cova 312″. Sempre pensei que o bom jornalista é aquele que participou de grandes coberturas como a de uma guerra. Nunca cobri uma, mas todos os dias testemunho a nossa guerra urbana. Descobri que existem muitas histórias incríveis esperando para serem contadas. Basta apenas que alguém se disponibilize a buscá-las.
“COVA 312″
Lançamento do livro de Daniela Arbex
Nesta quarta, às 19h, na Livraria Saraiva (Independência Shopping)
Fonte: Tribuna de Minas
Livrarias Curitiba realiza 6º Concurso de Contos
Os autores dos seis melhores contos receberão um vale-compras de R$ 500 cada.
Seguem abertas até o dia 31/5 as inscrições para o 6º Concurso de Contos, promovido pelo Grupo Livrarias Curitiba. A iniciativa é destinada a autores brasileiros com idade acima de 18 anos e que apresentem contos originais com temática livre ainda não publicados e nem premiados. Além da publicação na revista Ler&Cia, periódico da Livrarias Curitiba que tem circulação bimestral, tiragem média de 200 mil exemplares e circulação nos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, os autores dos seis melhores contos receberão um vale-compras de R$ 500 cada, a ser gasto em qualquer produto numa das 24 lojas físicas do grupo ou nas compras on-line no site. Para concorrer, os interessados devem preencher o formulário no site www.livrariascuritiba.com.br e enviar as informações completas para o e-mail contos@livrariascuritiba.com.br.
Fonte: PublishNews
Na tortura, Pedro dá pistas; e o espião entra na mata
Pedro Albuquerque Neto foi o primeiro guerrilheiro do Araguaia preso. Apanharam-no no Dops quando tentava tirar a segunda via da carteira
de identidade. Queria retomar os estudos depois de dois anos afastado da Faculdade de Direito. Perseguido, entrara para a clandestinidade antes de viajar para o sul do
Pará. Ao retornar, trabalhava na informalidade. Sobrevivia escondido em aparelhos do partido em Fortaleza, Recife e João Pessoa. Tinha participado apaixonadamente do movimento estudantil. Estava entre os mais de mil presos em Ibiúna, interior de São Paulo, no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Filho de comunistas, tinha dez anos de militância.
Na Polícia Federal, foi torturado e humilhado. Resistiu, mentiu e trocou nomes de pessoas e regiões. Xambioá, ele chamou de Xangri-Lá. Disse que tinha contato no PCdoB com André, que nunca existiu. Falou do suposto dirigente Mário Alves, militante histórico, morto pela repressão um ano antes. O verdadeiro Mário Alves nunca pertenceu ao PCdoB. Saiu do Partido Comunista Brasileiro para fundar, em 1968, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário — PCBR.
O prisioneiro negou pertencer ao PCdoB, mesmo desmentido durante acareação com José Sales Oliveira, outro militante preso. Sales aceitou
colaborar com a polícia e testemunhou contra Pedro. O resultado foi mais tortura. Em duas semanas de sofrimento, Pedro deu pistas sobre suas atividades clandestinas. Um relatório descreve como o militante foi mandado pelo partido para São Paulo, junto com a esposa. Viajaram e se encontraram com um militante de codinome Lauro, branco, mais ou menos 45 anos, que o encaminhou para “Mário Alves”. Em São Paulo, o casal recebeu a tarefa de viajar para Belém, onde teria outro contato.
Pelo depoimento de Pedro arquivado no CIE, o casal foi recebido em Belém por Paulo, cor clara, cabelos pretos, 33 anos, aproximadamente
1,70 m. Paulo conduziu os dois até Cigana, lugarejo no município de Conceição, sul do Pará. No local havia outros 15 militantes, divididos em
cinco células (célula é o nome dado por alguns partidos às unidades mínimas na base da organização). O grupo constituía um destacamento formado para implantar um movimento de guerrilha no Bico do Papagaio.
No dia 17 de março de 1972, a Delegacia da PF de Fortaleza envia relato dos depoimentos de Pedro Albuquerque para órgãos de repressão. O
CIE arquiva as duas páginas e meia do documento a partir do número 000236 00174 0001, todas com carimbo de Confidencial. Na conclusão o relatório informa que, na noite de 16 de março, Pedro tentou suicídio. Foi levado para um hospital. No pé da última folha, um aviso: “O destinatário é responsável pela manutenção do sigilo deste documento”.
O CIE de Brasília retransmitiu no dia 21 de março de 1972 para a 8ª Região Militar (RM), de Belém, resumo do relatório recebido de Fortaleza. O telex nº 812-S-106-AF diz o seguinte:
Foi detido nesta delegacia Pedro Albuquerque Filho, militante do PCdoB, foragido desta área há cerca de dois anos. Pedro declarou ter estado com sua esposa no lugarejo Cigana, município de Conceição, no Pará, onde há campo de preparação de guerrilha rural dirigido pelos indivíduos Paulo e Vítor, ambos de São Paulo. Pedro e a mulher Tereza Cristina permaneceram no referido lugarejo por seis meses, junto com 15 indivíduos, sob treinamento. O casal abandonou o local no último mês de junho, quando guardava o aparelho enquanto os outros indivíduos faziam exercícios na mata. Pedro informou que as cidades de São Geraldo e Xangrilá são as mais próximas do campo de preparação de guerrilheiros. Esclareceu que para a fuga o casal apropriou-se de 30 mil cruzeiros da organização terrorista. Na noite do dia 17 de março, após prestar esses esclarecimentos, Pedro tentou suicidar-se seccionando as veias dos braços. Encontra-se agora em pronto socorro de hospital.
O texto telegráfico foi assinado pelo tenente-coronel Braga, do CIE/ADF, e pelo coronel Coelho Neto, subchefe do CIE. O general de brigada Darcy Jardim de Mattos, comandante da 8ª RM, ordenou à seção de informação de Belém a elaboração de um plano secreto para investigar as pistas arrancadas de Pedro Albuquerque. Montou uma equipe de sete investigadores. Três da 5ª Companhia de Guardas do Exército, dentre eles um oficial comandante do grupo. A Marinha e a Aeronáutica forneceram os outros quatro agentes, dois de cada força.
A missão recebeu o nome de Operação Peixe I, em homenagem à Marinha e por um jogo de palavras. Imaginaram uma rede de pesca para
capturar subversivos por meio de uma teia de informações.
Livro: Operação Araguaia