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Os longos filamentos do pergaminho da memória – "O Segredo de Caifás"
Quando do início da narrativa, Caifás – antes todo poderoso – está exonerado de seu cargo e destituído de seus privilégios, por conta da dissolvida proteção romana que se segui à destruição de Pilatos. Resolve, então, optar pela fuga, levando consigo as crianças. Ela, a narradora, também fora demitida e afastada, mas, em vez de levar isso como castigo, surge-lhe como um alívio, pois, agora, sente-se verdadeiramente livre. Conta, nesse momento, com trinta e sete anos. Nascera em Séforis, no distrito de Bethlehem, a oeste do Jardim da Galileia e, com apenas sete anos, mudou-se para Nazaré, por conta de uma venda de gado realizada por seu pai. Em síntese, eis o perfil da condutora do enredo.
O sustentáculo da trama reside numa descoberta: em 1990, o caso fez com que visse a lume, em Jerusalém, um ossuário com os restos mortais de Caifás – o homem que condenara Jesus Cristo: “Os ossuários, caixas de pedra calcária, de formato retangular, com uns trinta centímetros de comprimento por setenta de largura, permitiam um segundo enterro aos esqueletos das famílias notáveis, como armazenamento permanente. Quando alguém morria, o cadáver era depositado em um sepulcro, uma tumba cavada na pedra, por tempo suficiente para sua decomposição”. A prática implicava que, após um anos, os ossos eram recolhidos e, assim, colocados em urnas de pedra. Portanto, esse ossuário, sem dúvida, datavam da era do Novo Testamento – momento dessa prática.
A partir disso, a autora criou uma personagem: judia, filóloga trilíngue, é convidada a participar da expedição, em que foram encontradas de cinco a seis ossadas numa tumba mortuária com a inscrição “José, filho de Caifás”. Essa narrativa é resultado de todo um material colhido após cinco anos de pesquisas. Tendo como sustentáculo um acontecimento real – a exploração das ossadas -, a autora dá asas à imaginação e, por meio de uma personagem, Miriam, criada do palácio do Sumo Sacerdote, contemporânea de Jesus Cristo, desfia o segredo que essa conserva como uma cicatriz.
Mirian é uma jovem quase sem igual em seu tempo: lê, escreve, realiza operações matemáticas; depois de um silêncio profundo de três anos, decide contar sua vida em detalhes: “Há três anos que minha boca emudeceu por um poder superior à vontade. E, desde aquele momento, as palavras ficaram girando, como mariposas, dentro de minha cabeça, agitando as asas em torno de meu coração, como se se tratasse de uma lamparina sempre acesa”. Ela, em verdade, é prima de dos apóstolos Tiago e João, constituindo, assim, o elo entre o Judaísmo e o então no nascedouro Cristianismo. Ela descortina o universo da Palestina no primeiro século de nossa era, tecendo-lhe usos e costumes, em tom de crônica que faz o registro de tradições religiosas e valores da época.
Maria Madelena, Poncio Pilatos, dentre tantos personagens históricos, palmilham as páginas desse romance, em que História e fantasia se entrelaçam de modo vigoroso. Há ainda registros de textos anônimos, documentos da cultura do tempo, bem como passagens do Cântico dos Cânticos, numa ilustração do papel da personagem em educar os que estavam a seu redor. A narrativa, paralelamente à trama, ilustra os principais aspectos do cotidiano da Palestina. Tudo reconstruído com sensibilidade, uma vez que o ponto de interesse maior reside na condição humana. O romance percorre o que é perene no drama da existência: o homem sempre posto entre o paraíso e a queda, a revelação de que a vida é, antes de tudo, uma eterna aprendizagem.
ROMANCE
O Segredo de Caifás Beatriz Becerra
GERAÇÃO
2010
302 PÁGINAS
R$ 34,90
O imaginário coletivo e reconstrução da memória
Fonte: Dário do Nordeste
Um nevoeiro de jornalismo, política e subjetividade – "A Nuvem"
Quando ainda era criança e vivia no pequeno município de Jaguaquara, na Bahia, o jornalista Sebastião Nery costumava se deitar no pé de uma jaqueira para contemplar as nuvens. Nesses devaneios, se imaginava subindo alto numa delas e voando para bem longe de onde morava, numa deriva pelo mundo.
Como, de certa forma, foi a variedade de percursos uma das principais características da sua biografia – já que morou em diversos países e cidades brasileiras -, o jornalista batizou seu novo livro de “A Nuvem, 50 anos de História do Brasil”, que terá lançamento hoje, na Academia Mineira de Letras.
Na obra, Nery conta desde suas vivências como seminarista, do abandono da atividade motivado por um grande amor, da prática jornalística e política que caracterizou sua vida profissional, além de lançar um olhar próprio sobre personalidades com quem conviveu, como Juscelino Kubitschek e Leonel Brizola.
“Quando completei 70 anos, achei que tinha história suficiente para um livro, mas ainda me considerava muito novo para escrever uma biografia. Porém, quando me vi com 77, senti que já era hora. E o mais difícil foi botar a história do país junto com as minhas experiências pessoais, além de ter que espremer minha vida em 600 páginas”, relata.
Com passagens por cidades como São Paulo, Rio e Bahia, além ter exercido a prática de adido cultural em Paris e Roma, Sebastião Nery desenvolveu uma forte relação afetiva com Minas Gerais. “Cheguei por acidente, depois que o caminhão que iria me levar para fazer vestibular no Rio quebrou. Parei na cidade de Pedra Azul e já comecei a dar aulas por lá. A parada seguinte foi Belo Horizonte, onde trabalhei no jornal ‘O Diário’. Gostei tanto do Estado que acabei ficando”, conta Nery, que também se elegeu vereador na capital, mas foi impedido de tomar posse por ter sido apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB
Alguns livros
“Folclore Político” (1973)
“Socialismo com Liberdade” (1974)
“Grandes Pecados da Imprensa” (2000)
Apesar de ter estudado para ser padre, professor e exercido cargos públicos de vereador, deputado estadual e federal, foi a profissão de jornalista que de fato fisgou Sebastião Nery. Com 58 anos dedicados à atividade, o jornalista transitou por periódicos como o “Diário da Tarde”, “Tribuna da Imprensa” e “Correio da Manhã”.
“Quando fui para o seminário, achava que ia ser padre e salvar o mundo. Mas acabei saindo de lá e tentei mudar alguma coisa dando aulas. Ao mesmo tempo, passei a exercer o jornalismo e vi que a maneira de atingir mais pessoas e dizer o que pensava era nessa área”, diz.
No entanto, Nery enxerga com olhos pessimistas tanto o jornalismo quanto a política atual. “Tanto uma área quanto a outra se tornaram muito atreladas à economia financeira do país. Por isso, são muito menos independentes do que já foram”. (JG)
Fonte: O Tempo – MG
"A Nuvem" é lançado na Academia Mineira de Letras
Sebastião Nery é um dos maiores jornalistas brasileiro e no lançamento do seu 16° livro, “A Nuvem – o que ficou do que passou”, na Academia Mineira de Letras foi um sucesso e o autor ainda participou do projeto “Bate-Papo com o Autor”, na noite da última terça-feira (13/04).
O evento contou com a parceria da Rede Globo de Minas, Rádio Itatiaia, Hotel Liberty Palace e a própria Academia Mineira de Letras. Além da noite de autógrafo, o autor debateu sobre o jornalismo brasileiro nos últimos 50 anos.
A homenagem foi realizada na Rua da Bahia, 1.466 – Centro – Belo Horizonte, com entrada franca.
Sobre “A Nuvem”:
Neste livro extraordinário, misto de memórias e manifesto político-sentimental. Sebastião Nery, conta a história impressionante de sua vida e a histórias das pessoas, escritores, artistas e políticos – principalmente políticos – com os quais conviveu: gigantes e, ocasionalmente, anões de nosso Brasil. Meio século de uma vida que se confunde com a nossa história contemporânea. Se erguermos os olhos para acompanhar a trajetória tão rica e fecunda da nuvem de Sebastião Nery, veremos que ela não é nem um pouco passageira: veio para ficar.
Mais informações entre em www.geracaoeditorial.com.br