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Nada de flores
Biografia defende que Geraldo Vandré não foi torturado pela ditadura militar e derruba o mito da loucura provocada pela violência dos anos de chumbo
O paraibano Geraldo Pedrosa de Araújo Dias queria ser aviador. Filho de pai médico e mãe pianista, acabou seguindo a carreira musical – primeiro como dublê de músico, depois como entusiasta da Bossa Nova e finalmente como Geraldo Vandré, autor de “Pra Não Dizer que não Falei das Flores”, hino da resistência contra a repressão da ditadura militar no Brasil. Uma nova biografia – não autorizada – conta que muito da jornada heróica que se atribui ao compositor a partir da apresentação da canção lendária no Festival Internacional da Canção de 1968 brotou das mentes e corações do público e não da história.
O jornalista Jorge Fernando dos Santos, autor do livro que sai pela Geração Editorial, desistiu de entrevistar o cantor e de fato não encontrou nada de inédito sobre Vandré. Mas reuniu metodicamente cada uma das raras entrevistas, os VTs de shows e depoimentos que sobraram (muitos desapareceram ou foram encontrados avariados nos arquivos da Rede Globo durante os anos de chumbo) e falou com várias pessoas que cercaram o artista em sua controversa e reclusa carreira. O biógrafo concluiu que não, Vandré não foi torturado pelos militares, ao contrário do que muitos acreditam. Que seus traços de desequilíbrio estão mais ligados a um egocentrismo exacerbado que só piorou com a idade do que a algum trauma relacionado à violência. E que a escolha pelo exílio no Chile se deveu mais a uma paranóia excessiva do que a um real risco de morte, embora tenha sim, sido perseguido pelos militares enquanto esteve no País – antes e depois do desterro.
“Geraldo Vandré nunca foi antimilitarista. Recusou que sua música fosse usada como propaganda ou panfleto político”, afirma o biógrafo. Não era o que as 30 mil pessoas apinhadas no Maracãnazinho naquele 28 de setembro entenderam quando o artista convocou com o refrão “Vem, vamos embora/que esperar não é saber”. A música acabou considerada vencedora moral da edição do festival. A ganhadora real, “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim, recebeu uma vaia histórica por ser escolhida no lugar da canção que estaria falando por todo brasileiro oprimido, mesmo que depois seu autor negasse – em todas as vezes que pôde – ter tido a intenção de protestar.
“Como ele se afastou do cenário artístico e nunca mais quis gravar suas músicas, tornando-se cada vez mais esquivo e misterioso, criou-se o mito do homem torturado, do herói das esquerdas, o que ele nunca foi de verdade”, entende o autor do livro. Vandré, que pede hoje para ser chamado pelo nome de nascimento, não passou no exame psicotécnico, quando nos anos 1980 tentou tirar o brevê, o certificado que permite pilotar aviões. “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” foi regravada por dezenas de intérpretes no Brasil e fora dele. Quando se completaram 50 anos do golpe que levou à ditadura militar, Joan Baéz emprestou a voz à canção, em São Paulo. A música também foi tocada em automóveis durante os protestos de 12 de abril deste ano pedindo a saída da presidente Dilma Roussef. Por mais que seu autor não queira, o hino continua servindo a muitos amos.
Fonte: IstoÉ Independente
Golpe de Estado – sjsp
Golpe de Estado – é a mais recente obra de Palmério Dória e Mylton Severiano da Silva, o Myltainho (que morreu em maio de 2014), também autores dos best-sellers Honoráveis bandidos e O príncipe da privataria, todos publicados pela Geração Editorial.
– Ao relembrar como uma elite financeira, industrial e agrária conservadora levou a classe média à histeria no início dos anos 1960, preparando o terreno para o golpe militar de 1964, o livro lança luzes sobre os dias de hoje, quando jornais, rádios e tevês clamam aos céus contra a “corrupção”, levando com eles os que desfilam nas ruas e batem panelas de suas varandas.
– “A corrupção – ressalta em nota o editor Luiz Fernando Emediato – foi sempre a palavra de ordem dos golpistas nos anos 1950 (para derrubar o governo eleito de Getúlio Vargas, que se matou) e, aliada à ameaça comunista, também nos anos 1960, para seduzir os militares fiéis aos norte-americanos. A palavra voltou agora, quando se pretende destruir um partido, o PT”. Mas, cauteloso, acrescenta: “Claro que nenhum de nós, cidadãos honestos, pode aceitar a corrupção. No entanto, quando as denúncias vêm daqueles que sempre a praticaram, aí é bom desconfiar”.
– Palmério e Myltainho recuperam histórias da época, de muitas das quais eles mesmos participaram, como agentes ou testemunhas, algumas pouco conhecidas. Pesquisaram os fatos e entrevistaram outros jornalistas, políticos e personalidades que, assim como eles, viveram os fatos e sofreram as suas consequências.
Quem lê livros não só é mais inteligente como também é o melhor tipo de pessoa para se apaixonar
Você provavelmente já conhece os inúmeros benefícios que a leitura pode trazer para sua vida.
Mas e se eu te falar que a experiência é tão significante que podemos até mesmo comprovar, com argumentos científicos, que as pessoas que leem são as melhores pessoas para se viver uma paixão?
Foi exatamente isso que a escritora norte-americana Lauren Martin fez ao publicar, no site do Elite Daily, o seu artigo “Why Readers, Scientifically, Are The Best People To Fall In Love With” (em português: “Por que os leitores, cientificamente, são as melhores pessoas para se apaixonar”).
Para te ajudar a entender o porquê dessa afirmação, separamos os melhores trechos do texto de Lauren. Confira.
“Você já leu um livro até o fim? Realmente até o fim? Capa a capa. Fechou-o com aquela sensação de voltar lentamente à realidade? Você suspira fundo e fica ali, sentado. Com o livro em suas mãos…”
“É como se apaixonar por um estranho que você nunca verá novamente. O desejo e a tristeza que sente por um caso de amor que acabou dói, mas ao mesmo tempo você se sente saciado, cheio pela experiência, a conexão, a variedade que surge após digerir outra alma. Você se sente alimentado, mesmo que por pouco tempo.”
É assim, comparando as emoções vividas em uma paixão com o processo de terminar um livro, que a autora começa a explicação para a sua afirmação. Mas a “teoria” também tem base científica.
De acordo com estudos de 2006 e 2009, publicados por Raymond Mar, psicólogo da Universidade de York, do Canadá, e por Keith Oatley, professor de psicologia cognitiva na Universidade de Toronto, quem é um profundo leitor de ficção possui maior capacidade de empatia e de desenvolver a chamada “teoria da mente”, que é a habilidade de aceitar outras opiniões, crenças e interesses, além de seus próprios.
Ou seja, os leitores são mais capazes de considerar outras ideias sem rejeitá-las e, mesmo assim, manter as suas próprias. Para ter essa característica pessoal, a autora acredita que é preciso ter uma boa “diversidade de experiências sociais” e a falta dela é provavelmente a razão para seu “último companheiro ser tão narcisista”.
A explicação para o leitor ser mais desenvolvido na “teoria da mente” é a de que ele vivencia experiências através de outros olhos, vendo o mundo de outra perspectiva e absorvendo sabedoria de cada uma delas.
“Eles aprenderam como é ser uma mulher, e um homem. Eles sabem como é ver alguém sofrer. Eles são maduros, sábios.”
Para reforçar a teoria, a autora ainda se baseia em um estudo de 2010, também de Raymond Mar, que diz que quanto mais histórias foram lidas para uma criança, mais aguçada é a “teoria da mente” dela. A criança torna-se mais sábia, adaptável e compreensiva.
“Porque ler é algo que molda você e aumenta o seu caráter. Cada triunfo, lição e momento crucial da vida do protagonista se tornam seu.”
“Eles não vão falar com você. Eles vão conversar com você.”
Segundo o artigo, os leitores escreverão cartas e versos. São eloquentes no bom sentido, não dão respostas simples, mas apresentam pensamentos profundos e teorias intensas, encantando com o conhecimento de palavras e ideias.
“Faça um favor a si mesmo e namore alguém que realmente saiba como usar a língua.”
“Eles não apenas te entendem. Eles te compreendem.”
De acordo com o psicólogo David Comer Kidd, da New School for Social Research, “O que os autores fazem de maravilhoso é transformar você no escritor. Na literatura de ficção, a incompletude das personagens faz com que sua mente tente entender a mente de outros”. Com isso, os leitores desenvolvem a capacidade da empatia. Eles podem não concordar com você, mas vão tentar ver as coisas do seu ponto de vista.
“Você deveria se apaixonar apenas por alguém que consiga ver sua alma. Deve ser alguém que não apenas te conhece, mas que te compreenda completamente.”
“Eles não são apenas inteligentes. São sábios.”
“Ser inteligente demais pode ser desagradável, mas ser sábio é algo cativante.”
Quem é que não gosta de ter um bate-papo inteligente e sempre aprender alguma coisa? Se apaixonar por um leitor irá melhorar o nível das conversas. Os leitores profundos são mais inteligentes devido ao maior vocabulário, melhor memória e pela capacidade de detectar padrões.
“Se você namora alguém que lê, então você também viverá milhares de vidas diferentes.”
Espécie em extinção
Se você gostou dos argumentos e já não vê a hora de procurar sua paixão, é preciso se apressar, pois a autora acredita que os chamados “profundos leitores” estão acabando no mundo, já que as pessoas muitas vezes apenas “passam o olho” ao invés de realmente ler.
“Se você ainda procura por alguém que te complete, que preencha o vazio em seu coração solitário, procure por essa raça que está se extinguindo. Você os encontrará em cafeterias, parques e no metrô.”
“Você os verá com mochilas, bolsas e maletas. Eles serão curiosos e sensíveis, e você saberá nos primeiros minutos de conversa com eles.”
Fonte: Conti Outra