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 Maldito coração - Geração Editorial Geração Editorial


Maldito coração

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Maldito Coração
Autor: JT LeRoy
Categoria: Romance
Formato 16×23 cm
Páginas: 216
Peso: 500gr
ISBN: 85-7509-138-7
Cód. barra: 9788575091388
Preço: R$ 42,00
Editora: Geração

Sinopse:

”Maldito Coração” contém os primeiros textos, que se afirmava serem autobiográficos, do estranho autor norte-americano JT LeRoy, que se apresentava no jet set internacional como uma figura andrógina e perturbadora, amigo e parceiro de personalidades tão Díspares quanto Madonna, o cineasta Gus Van Sant e alguns ícones da moda. No momento em que o mundo se surpreende com a revelação de que LeRoy não existe – a verdadeira autora se chama Laura Albert e a pessoa que se apresenta como ele é uma mulher, Savannah Knoop – a Geração Editorial (que também publicou seu romance “Sarah”) reafirma seu compromisso com a obra e mantém a publicação, tendo em vista a qualidade de seus textos. Em “Maldito Coração”, JT LeRoy nos conta a história da trágica infância de uma criança transformada em prostituto infantil e drogada, conduzida pela mãe – uma prostituta juvenil – numa fantástica viagem pelas estradas dos Estados Unidos. Um texto inquietante, engraçado, brutal, sinistro, que descreve a perturbadora relação entre uma mãe e seu filho criança e, depois, adolescente. Histórias chocantes de amor abusivo e disfunção sexual, de coração partido e inocência perdida. Mais uma vez, a imaginação e o lirismo fantástico de LeRoy alteram seu suposto passado sombrio para algo completamente estranho e mágico. Realidade ou fantasia, não importa: a obra é fascinante.

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JT LeRoy, o escritor inexistente

Geração Editorial mantém o lançamento de todos os livros do fenômeno pop JT LeRoy, o escritor que não existe, e apela a Laura Albert, a verdadeira autora, para que assuma a autoria e os autografe na Bienal do Livro de SP

Um escritor inusitado, um jovem prodígio, com biografia trágica – criança abandonada e abusada, prostituída pela própria mãe – surgiu nos Estados Unidos no ano 2000 com um livro surpreendentemente criativo e em cinco anos tornou-se celebridade internacional, amigo e parceiro de cineastas, cantores, escritores e tops da moda: JT LeRoy, que atualmente teria 25 anos, um ser andrógino, de peruca loira, óculos escuros, chapéu preto, tímido e misterioso, autor do romance “Sarah” e da coleção de contos autobiográficos “Maldito Coração” (The heart is deceitful above all things).

A história durou cinco anos: JT LeRoy não existe, é criação de uma roqueira fracassada, Laura Albert, e quem circulou pelo mundo interpretando seu papel é apenas a mocinha grouppie Savannah Knoop, meia irmã do companheiro de Laura, Geoffrey Knoop, atualmente brigando com a ex-mulher na justiça pelos direitos autorais do autor inexistente.

Para o escritor e editor da Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato – que manterá os dois livros assinados por LeRoy em seu catálogo e promete lançar tudo o mais que Laura Albert eventualmente escrever, este foi “um final sem graça para uma história quase genial”.

– Se os livros já eram muito bons por serem baseados na vida trágica de uma criança, agora passam a ser melhores ainda, porque totalmente criativos, frutos da imaginação poderosa de uma mulher que jamais havia escrito algo e pretendia se dedicar à música. A farsa não me incomoda nem um pouco, ela apenas revela como funciona, infelizmente, o mercado. Se Laura não tivesse inventado a história, LeRoy ou ela mesma não teria se tornado uma celebridade.

Emediato argumenta que desde que o genial Orson Welles apavorou Nova York levando ao rádio – como se fosse jornalismo – a invasão do mundo por marcianos, numa dramatização do romance “A Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells, qualquer coisa é permitida.

– A farsa de Laura-LeRoy talvez tenha sido mantida por tempo além da conta, cinco anos, mas de qualquer forma não é original – afirma Emediato. – E expõe, insisto, as particularidades do mercado mundial de arte e cultura. O que é inusitado, esquisito, excêntrico, escandaloso, ganha atenção, acima de qualquer outro atributo, como a qualidade do objeto artístico. É uma pena, mas é assim que funciona.

– Eu mesmo – revela Emediato, 19 anos depois – em 1987 escrevi crônicas no Caderno 2 do Estadão com o pseudônimo de Susana Kakowicz, uma suposta filha de judeu polonês e mulata brasileira que tinha biografia, passaporte e até foto na coluna, uma carinha angelical com olhos de Bruna Lombardi, queixo e lábios de Malu Mader e um pouco da Vera Fisher. Um escritor mineiro se apaixonou platonicamente por ela e morreu sem saber que era eu, amigo dele.

A tragédia de Jeremiah

O nome dele era Jeremiah “Terminator” LeRoy. O primeiro nome, Laura Albert tirou do livro bíblico de Jeremias, onde se lê, no capitulo 17, versículo 9, o seguinte: “Enganoso (ou depravado, em algumas traduções) é o coração, mais do que todas as coisas, e incorrigível (ou impenetrável). Quem poderá conhecê-lo?” Nada mais apropriado: Laura enganou o mundo com histórias enganosas, implacáveis, depravadas, cheias de poesia e terror. Impenetrável é o coração dessa estranha autora que, por enquanto, insiste em não admitir a verdade que surgiu. Quem poderá compreendê-la?

Para o editor Emediato – e para o tradutor de “Maldito Coração”, o também escritor Santiago Nazarian, que conheceu Savannah Knoop quando ela veio lançar “Sarah” no Brasil, no papel de LeRoy – o fato de que tais histórias não têm origem numa biografia importa pouco. Elas sempre foram apresentadas como ficção baseada parcialmente em fatos reais. “Retire-se o fato real e eis aí o que sobra, uma obra de arte até maior”, insiste o editor.

O que dizia a lenda? Que JT LeRoy, o escritor, surgira por acaso, aos 16 anos, quando seu psiquiatra, Terrence Owens (que existe, mas afirma ter analisado o adolescente, provavelmente Savannah, por telefone!) recomendou que seu paciente atormentado escrevesse sua própria história, bastante trágica. O adolescente, informou-se a Terrence, tinha sido recolhido das ruas de San Francisco, na Califórnia, por Laura e seu companheiro Geoffrey, e era filho de uma prostituta juvenil de beira que estrada, Sarah, uma irresponsável drogada que prostituíra o próprio filho, vestindo-o de mulher. Daí o trauma. O menino tinha sido criado inicialmente pelos avós, até Sarah conseguir sua guarda e posteriormente deixá-lo com um casal de pastores presbiterianos, que lhe deu livros e a Bíblia para ler, o que despertou seus dotes literários. Até que o menino voltou para a rua.

Os textos do jovem Jeremiah LeRoy – o tal menino prostituto – foram publicados quando ele tinha menos de 20 anos, com o título de The heart is deceitful above all things e filmado por Asia Argento. São os textos que o leitor brasileiro pode ler agora sob o título de “Maldito Coração”, o mesmo do filme. São os primeiros textos do futuro autor de “Sarah”, lançado no Brasil ano passado também pela Geração Editorial.

Bizarrice apavorante

“Sarah”, o romance, é pura fantasia, delírio poético-sexual com simbologia psicanalítica, um texto de qualidade. As histórias de “Maldito Coração”, por sua vez, sustentam-se sozinhas, igualmente admiráveis em sua bizarrice sofrida e apavorante.

As histórias de “Maldito Coração” relatam a vida de um menino cuja mãe prostituta e drogada o arrasta pelas estradas, vendendo-se e vendendo-o. Asia Argento conseguiu transpor para o cinema essa história mais do que sombria.

Mas, se o filme é pesado – as imagens são sempre mais chocantes que os textos – no livro “Maldito Coração” o que chama a atenção, segundo o editor Luiz Fernando Emediato, “é o fato de que LeRoy (seja ele quem for) sabe contar uma história trágica sem perder a ternura e até com humor – uma beleza lírica e grotesca, surpreendente, perturbadora, ofensiva, como já se escreveu a respeito dele, e como muito ainda se escreverá”.

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