Cartas anônimas
Cartas anônimas – Uma hilariante história de intrigas, paixão e morte
Autor: Fernando Vita
Gênero: Romance
Formato 15,5×22,5 cm
Páginas: 184
Peso: 300gr
ISBN: 9788561501600
R$ 36,00
Editora: Geração
E-book
ISBN: 9788561501884
Preço: R$ 22,40
Sinopse
Em uma pequena e desimportante cidade chamada Todavia, o único diferencial de seu povo é o fato de os seus moradores passarem o tempo enviando cartas anônimas picantes, cheias de intriga, uns para os outros. A história começa a pegar fogo quando um todaviano que se autodenomina O Sedutor se apropria de um poema de Olavo Bilac para conquistar uma bela viúva cobiçada por todos. Nas cartas, encontramos o passado, o presente e o mais íntimo dos moradores de Todavia com pitadas de humor, virulência e maldade. Um livro divertidíssimo escrito com fina qualidade literária.
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Um romance hilariante repleto de intriga, sexo, irreverência e humor
Os moradores de Todavia eram um povinho ensimesmado e fuxiqueiro,cujo passatempo predileto era escrever cartas anônimas uns para os outros
Em Todavia, uma pequena cidade baiana de uns cinco mil habitantes, cartas anônimas carregadas de humor, virulência e malícia circulam sem parar, desnudando segredos e destruindo reputações.
Os todavianos “sabiam tudo de todos, vez que as artes do leva e traz, da intriga e da futrica, da boataria bem urdida e da sordidez sem pecado ou culpa eram exercidas com exemplar competência, com invulgar mestria”. O tom deste divertidíssimo romance de humor negro remete ao mesmo realismo fantástico que regia Macondo, a cidade imaginária do romance Cem anos de solidão. Embora igualmente surreal, o universo de Todavia é, todavia, bem mais irreverente e descaradamente erótico.
Fernando Vita, autor do premiado Tire a doidinha da sala que vai começar a novela, volta à carga em Cartas anônimas com seu humor e talento inigualáveis; com seu brilhante estilo de parágrafos longos, claros e ritmados semelhantes aos de José Saramago; e com sua narrativa que evoca o realismo fantástico, gênero consagrado por Gabriel García Marques, mas neste caso totalmente brasileiro.
O que faz de Todavia a Macondo da Bahia são seus tipos impagáveis, como a bela Boneca (alvo da paixão do missivista anônimo “o Sedutor”), o hipócrita monsenhor Galvani, o tabelião Francínio, “cachaceiro inveterado, libertino deslavado”, o priápico Teofinho, o metido a cantor Vardinho Rolete, Nadinho da Jega, o “líder da comilança de bichos”, os irmãos Didi do Vinagre e Dodô das Bicicletas, Alcebíades, o “homem que virava monstro”, as estagiárias de jornalismo Laudiceia e Roberta, e outros. Ao se recordar desses personagens com quem conviveu, o narrador atribui um sentido assombroso às situações corriqueiras, trazendo um sopro mítico que empresta uma dimensão universal aos seus vizinhos, à sua vila, à sua Todavia.
Cartas anônimas é uma história engraçadíssima, que faz rir até mesmo em seus momentos mais dramáticos, aqueles em que a morte, a mais indesejada das coisas da vida, vem e colhe, de maneira inesperada ou não, um todaviano qualquer. É que os de Todavia são esquisitos e fuxiqueiros até na hora de morrer. E até morrendo fazem rir.
Sobre o autor
Fernando Vita nasceu em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, em 22 de dezembro de 1948. Lá iniciou os seus estudos. Mudou-se em 1965 para Salvador e em 1973 formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia. Iniciou sua vida profissional no extinto Jornal da Bahia, onde foi repórter, editor e crítico musical. Foi repórter freelance do Jornal do Brasil e das revistas Veja e Istoé/Senhor. Nos anos 80 escreveu crônicas semanais para o jornal A Tarde e para o semanário Pasquim. Em 2006, com o romance Tirem a doidinha da sala que vai começar a novela, Vita recebeu o Prêmio Braskem Cultura e Arte e teve o seu primeiro livro publicado pelo selo Casa de Palavras, da Fundação Casa de Jorge Amado.
Entrevista com o autor
Uma Todavia existiu em sua vida?
Todavias existem na vida de tantos quanto eu viveram parte da sua existência em pequenas cidades e vilas rurais do interior, do Brasil ou não. A minha Todavia é um burgo ficcional construído a partir de umas tantas vivências que pude viver, na criancice, na juventude e até mesmo agora, quando já nem sou mais tão criança nem tão jovem, mas um confesso e assumido avô de neta, pois não! Todavia é o palco principal de Cartas Anônimas, uma hilária história de intrigas, paixão e morte, como, desde sempre penso, Entretanto e Contudo serão os palcos ficcionais dos meus próximos romances memoriais. E que Deus do céu perdoe-me a rima fácil…
Qual foi a inspiração para escrever sobre esses personagens?
Eu sou viciado em ficar apreciando gente, de todas as idades, bitolas, origens e manias. Sou capaz de ficar bestando horas e horas a fio, assim, sentadão num canto, só a olhar, a ouvir ou a tentar imaginar que papel aquele cara que vai passando por ali, anonimamente, perdido na multidão das ruas, reserva para si próprio neste grande teatro que é a vida real. Como sou, apesar de meio escabreado para certas coisas, um camarada que gosta de jogar conversa fora, tenho um atento e disponível ouvido para ouvir garçons, taxistas, velhinhos e velhinhas, aposentados de um modo geral, vagaus, miguéis, malucos, colhudeiros, psicólogos, analistas, circenses, economistas e companhia bela, que sempre tiveram em mim um interessado interlocutor. Ou seja, se depender de mim ninguém morre de tédio por falta de plateia ou por ausência de um par de ouvidos amigo.
Posso não dispor de ombros tão aconchegantes para amparar os aflitos quanto disponíveis são os meus ouvidos para ouvir de tudo, besteiras, sobretudo. Não tenho o bíblico pão que alimenta nem a palavra que consola, mas tenho ouvidos fantasticamente atentos. E é daí, dessa sinergia, que saem eles, esses vossas excelências de qualquer romance, os personagens. Tento dar-lhes vida e, vida dada, não tem quem os segure mais. Encurtando a história e abreviando o enredo, a inspiração vem desses anjos e demônios de todas as ruas, de todos os becos e de todos os cantos. Eles entram no meu juízo e do meu juízo não saem mais, nem à força de mil Freuds, enquanto não virem texto.
A linguagem coloquial, com expressões populares, deixa a obra mais fácil de ler, essa foi a sua intenção?
Diria que a linguagem coloquial vem muito mais dos personagens que de mim. Você pode até conceber um canalha qualquer que use uma linguagem empolada. Na política, inclusive, isso abunda. Mas, você já viu puta se expressar como freira de convento, por exemplo? Então, busco fazer com que os meus heróis e anti-heróis, os meus mocinhos e os meus vilões, todos saídos do seu mundinho muito particular, se soltem e se sintam à vontade nos meus livros. Assim eles o são, assim eles falam.
O humor negro está presente em vários momentos da narrativa. Essa é a sua principal característica?
Mas que culpa tenho eu se a morte é uma coisa, digamos assim, a um só tempo trágica e engraçada? Você já viu a cara ridiculamente cômica que têm alguns defuntos? Você já prestou atenção em quantas situações absolutamente surreais essas mortes se dão? Quem já não reparou, nos vivos, os gestos, caras e bocas diante dos seus mortos em velórios, nos enterros, nas missas de sétimo dia? Alguma vez você já reparou na cômica pieguice dos anúncios fúnebres? Você já notou a invulgar variedade e a diversidade de modelos dos caixões de defunto, com seus adereços, penduricalhos e nomes exóticos? (Eu mesmo vi, com os meus próprios olhos, num catálogo de funerária, um sarcófago com o interessante nome de Copacabana, sonho azul número dois). Então, veja nos filmes de Buñuel, nos de Federico Fellini, nos de Almodóvar, nos de François Truffaut, entre tantos outros, com que bom humor tais funéreos eventos são tratados. Se isto é humor negro, vermelho, lilás, cor-de-abóbora ou rosa-choque eu não sei. Sou meio daltônico. Mas que a morte, em algumas das suas circunstâncias, enseja o riso…
As estagiárias Laudicéia e Roberta, além do monsenhor Galvani são personagens verdadeiros?
Juro que não. Mas quem ler o livro vai descobrir na vida real estagiárias como Laudicéia e Roberta e padres como o monsenhor Galvani em tudo quanto é canto do mundo. Estagiárias que dão para os chefes e padrecos que frequentam de cus de menino às partes das beatas estão aí mesmo, para não me deixar mentir.
O livro tem uma narrativa rápida e intensa, os personagens chegam a “saltar” em nossa frente. Quem são os seus
autores preferidos?
Entre os baianos, li quase todos os livros de Jorge Amado e todos os de João Ubaldo Ribeiro. Aliás, aí beirando os 18 anos, fui colega de João Ubaldo no já extinto Jornal da Bahia e também fui redator de propaganda em uma fantástica agência da Bahia, a Unigrafe, da qual ele era um dos donos. Foi o meu segundo emprego e até hoje me orgulho não só de ter trabalhado com João como de ter na minha carteira de trabalho não a assinatura de um patrão qualquer, mas o autógrafo de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. A poesia de Florisvaldo Matos, Fernando Peres, Ruy Espinheira Filho e João Carlos Teixeira Gomes também tem espaço cativo entre as minhas leituras. Gosto que me enrosco da literatura de cordel, notadamente dos folhetins paridos por dois verdadeiros gênios na arte: Cuica de Santo Amaro e Rodolfo Coelho Cavalcante. Vez por outra revisito alguns romances do finado Guido Guerra, um sujeito de escritura muito porreta, e lembro-me ainda hoje do quanto era bom ler, nas madrugadas, como revisor de texto do jornal em que dava os meus primeiros passos, os artigos que Glauber Rocha escrevia sobre cinema. Baianos fora, gosto demais do Marcelo Mirisola, do Dalton Trevisan, do Pedro Nava, sem falar dos mais clássicos, Machado de Assis, Augusto dos Anjos e vida que segue que a nossa literatura é muito rica. Entre os de lá de fora, Saramago, Bolaños, Llosa, Borges, Gabriel Garcia Marques, Ohran Pamuck, Gunther Grass, entre outros. Ainda agora estou lendo, pela primeira vez, um contemporâneo português, o Antonio Lobo Antunes, fantástico, inovador, instigante, em seu premiado Os cus de Judas. Entre os de Angola, vou de Pepetela com muita vontade. Gosto demais dos italianos Schiachia e Verga, com sua literatura acentuadamente focada na Sicília. Leio muito desde sempre porque gosto.
E não desprezo nem mesmo os anúncios classificados dos jornais, onde se vende, se compra, se empresta ou se troca de tudo, de meninas de programa a garotos de michês, de fusquinhas em estado de novo a pavões amestrados, sem falar dos videntes e cartomantes e dos agradecimentos comovidos a Santa Edwirges, protetora do endividados, pelas graças alcançadas, amém!
Como jornalista, o senhor trabalhou em quais redações?
Assim de sentar a bunda e trabalhar firme, mesmo, trabalhei no Jornal da Bahia e na sucursal baiana do Correio da Manhã, então sob a chefia de James Amado, irmão do Amado Jorge, eu novinho em folha, ele já meio coroa, o James, bem mais ousado do que eu. Nos anos oitenta escrevia, semanalmente, umas coisas metidas a engraçadas para o Pasquim e para A Tarde, da Bahia. Desses, viva e forte ainda cá só A Tarde. Os demais finaram-se, lamentavelmente. Fiz também alguns frilas, sempre regiamente bem pagos, para o Jornal do Brasil, Veja, Istoé, Senhor, entre outros.
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