Vidas e mortes de Frankenstein, AS
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Autora: Jeanette Rozsas
Gênero: Romance
Acabamento: Brochura
Formato: 15,6 x 23 cm
Págs: 176
Peso: 245g
ISBN: 978-85-8130-327-7
Preço: R$ 32,00
E-book
Preço: R$ 22,40
ISBN: 978-85-8130-328-4
Sinopse:
Escapar da morte, viver para sempre… O que antes parecia apenas fantasia ou ficção científica, hoje está sendo procurado nos principais centros de pesquisa do mundo.
Neste romance, Jeanette Rozsas reúne personagens reais e ficcionais para tratar de uma questão polêmica: a fim de vencer a morte, a ciência pode passar por cima de tudo, até mesmo da moral e da ética?
Esse é o estranho vínculo que aproxima intimamente, mas em épocas diferentes, uma jovem pesquisadora brasileira trabalhando na Alemanha, três importantes escritores ingleses do século XIX e um famoso alquimista do século XVII e seu ingênuo discípulo.
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As vidas e as mortes de Frankenstein é um engenhoso romance feito de camadas, com fundo biográfico, ambientado em três épocas diferentes, cada qual com sua linguagem específica. No cruzamento da vida atribulada de personagens reais e ficcionais, um tema se destaca: a luta obstinada da ciência e da medicina contra a morte.
No primeiro plano narrativo, temos a jovem médica e cientista brasileira Elizabeth Medeiros trabalhando com transgenia num avançado centro de pesquisas alemão. Elizabeth está deslumbrada com as conquistas da ciência e da tecnologia no Primeiro Mundo. Mas também está muito preocupada com as possíveis transgressões bioéticas que as pesquisas com o corpo humano parecem exigir.
No segundo plano narrativo, temos os geniais escritores ingleses Lord Byron, Mary e Percy Shelley, escandalizando a opinião pública europeia do século 19. Durante uma viagem de férias, da qual participou também o médico John William Polidori, Byron lançou ao grupo um desafio: cada um deveria escrever uma história de horror. Assim surgiram dois clássicos da literatura: Frankenstein, de Mary Shelley; e O vampiro, de Polidori.
No terceiro plano narrativo, temos no século 17 o jovem Max Muller e seu mestre, o famigerado alquimista Johann Konrad Dippel, buscando secretamente o elixir da vida eterna. Dippel morou na Vila Nieder-Beerbach, no Castelo Frankenstein (nome da família que construíra o castelo), onde trabalhou arduamente para desvendar os segredos da natureza, entre os quais o mais assustador: a criação da vida.
Durante o processo de construção do romance, Jeanette Rozsas consultou extensa bibliografia. Essa pesquisa cuidadosa legitima não apenas os personagens não ficcionais, mas também o conhecimento alquímico, os atuais progressos científicos e os meandros da bioética.
As vidas e as mortes de Frankenstein entrelaça de maneira fascinante as tramas Elizabeth, Mary Shelley e Dippel, tornando íntimas do leitor suas reflexões e inquietações mais profundas. A narrativa segue em ritmo intenso, propondo questões complexas e culminando num desenlace surpreendente.
Entrevista com a autora
1 – Você tem se dedicado bastante ao romance biográfico. Saberia dizer por que razão esse gênero híbrido nunca foi muito praticado pelos escritores brasileiros?
JR- Talvez pela dificuldade que apresenta e pelo tempo que consome. Para escrever um romance desse tipo, há que se aprofundar na bibliografia do biografado, ler sua obra de maneira sistemática, incluindo cartas, artigos e tudo quanto lhe diga respeito para, depois, numa montagem quase de quebra-cabeça, romancear a vida, mantendo sempre a maior fidelidade aos textos de referência.
2 – Quais são as dificuldades e os prazeres de se trabalhar com personagens reais e ficcionais, em romances de fundo biográfico?
JR – As dificuldades quase se ombreiam ao prazer. Você vai escrever sobre uma pessoa famosa, cuja obra e vida estão registradas em livros, em várias línguas, em vários países, ao mesmo tempo em que a coloca convivendo e conversando com personagens ficcionais, mantendo a viabilidade de diálogos e do contexto. É um exercício muito prazeroso, mas que exige cuidado e rigor. E muito estudo e pesquisa, sempre.
3 – Edgar Allan Poe e Franz Kafka já protagonizaram livros escritos por você. Agora temos Mary Shelley e seus amigos. O que essas personalidades literárias têm a nos ensinar?
JR – Eles nos ensinam como é sofrida e difícil a vida do escritor, como é importante amá-la a ponto de fazer renúncias, especialmente no caso de Poe, que tinha família para manter. É claro que tais personagens têm muito mais a nos ensinar do que a simples constatação que acabo de fazer. É preciso mergulhar em suas biografias para se ter uma noção de quanto é penoso e doloroso o processo de criação.
4 – O que a motivou a escrever sobre a luta obstinada da ciência e da medicina contra a morte biológica?
JR- Escolhi Mary Shelley ao acaso. Mas quando reli Frankenstein, que por sinal é um livro magnífico, me ocorreu como o assunto, mais do que nunca, se mantém atual. E pelos caminhos do acaso e da pesquisa fui estudar os princípios da alquimia, de onde se originou a química como a conhecemos. Os alquimistas pretendiam realizar a Grande Arte, isto é, dar vida, juventude e saúde eternas aos humanos, o que só seria alcançado se tivessem qualidades éticas, como bondade, honestidade e desapego material. Veja como o assunto é atual.
5- Por meio da engenharia genética e da biotecnologia, hoje a vida está sendo criada e manipulada em laboratórios do mundo todo. O que a ética tem a dizer sobre isso?
JR- A discussão é das mais acaloradas. O conceito filosófico de ética varia no correr dos tempos. O que era ético há cem, 200 anos, deixou de sê-lo com as novas conquistas sociais. Para complicar, a ciência se desenvolveu com uma rapidez incrível, criando novos temas e suscitando dúvidas de até onde se pode avançar. Passou-se a estudar uma nova ciência, a bioética. Existe a Comunidade Científica Internacional que, em princípio, deveria marcar os limites. Mas como saber se os princípios éticos estabelecidos não estão sendo postos de lado pelos cientistas, no afã de criarem o que sempre foi o maior desafio ao homem?
6 – Elizabeth Medeiros está fascinada com os avanços da ciência e da medicina contemporâneas. Você também acredita que em breve a dramática questão da morte biológica será coisa do passado?
JR – Não entendo assim. Acho que os grandes passos da ciência poderão chegar até quase a formação da vida. Mas o princípio vital ainda é e continuará sendo terreno reservado a Deus ou alguma força que equivalha ao divino. Este é meu ponto de vista, já que não possuo conhecimento científico para embasar a resposta.
7 – Você concorda com Francis Fukuyama, quando ele diz: “Se casais endinheirados, por meio da engenharia genética, tiverem a oportunidade de aumentar a inteligência de seus filhos, assim como a de todos os seus descendentes, teremos não apenas um dilema moral, mas uma guerra total de classes”?
JR – Como concordar ou não com uma hipótese? Só posso dizer que hoje já podemos ver e rever mutações genéticas, selecionar embriões, escolher o sexo, interferir em vários processos, clonar animais. Mesmo que a possibilidade fosse aberta a todos, independentemente de dinheiro, seria bom para a humanidade a planificação, eliminar a diversidade numa sociedade? Sim, tudo poderia acontecer, inclusive uma guerra de classes ou um mundo de seres superdotados. Prefiro que o assunto seja objeto de um bom livro de ficção científica.
Sobre a autora:
Jeanette Rozsas é escritora paulistana, autora de muitos livros de sucesso, entre eles os aclamados Kafka e a marca do corvo; A autobiografia de um crápula e Morrer em Praga. Ganhou diversos prêmios literários. Foi finalista do prêmio Jabuti 2003, com o livro Edgar Allan Poe – O mago do terror.